Literatura COMVEST- Sobrevivendo ao inferno; Racionais Mc's (+ bonus)

30 4 0
                                    




-  categoria de poesia — mas poderia ser classificado também como uma crônica, já que retrata parte da vida das pessoas que estão a margem da sociedade.

- O álbum sintetiza o sentimento de que a sociedade está cada vez mais desumana (especialmente em relação ao massacre do Carandiru) e de como cada pessoa está tentando sobreviver a ela.

- Racismo, miséria e desigualdade social — temas cutucados nos discos anteriores — são aqui expostos como uma grande ferida aberta, vide 'Diário de um Detento', inspirada na grande chacina do Carandiru

-' é organizado e pensado como uma espécie de culto. Tem a introdução, com cânticos de louvor, a leitura da Gênesis, a apresentação do pastor e os relatos de testemunhos. Depois vêm o grande relato, a atuação do diabo, e, no fim, um processo de reflexão

-O objetivo do rap, afinal, é agregar ensinamentos e conselhos para manter os ouvintes vivos

- 01. Jorge da Capadócia

Jorge ficou famoso por matar o dragão, Para os Racionais, o dragão seria a vida sofrida que cada um tem que enfrentar, mas que com perseverança, é possível surgir o amor

- 02. Gênesis (Intro)

Na gênesis de sua vida suburbana, os Racionais admitem estarem sobrevivendo no inferno e dita a atmosfera "pesada" de todo o álbum: latidos, sirenes e gritos

-03. Capitulo 4, Versículo 3

Nesta música, os Racionais fazem referência a "fúria negra" e ao movimento de luta negro. A música é uma crítica ao sistema, mas também é uma reflexão ao próprio negro sobre como deve lidar com as tentações do mundo

-04. Tô ouvindo alguém me chamar

O álbum começa a relatar a vida de alguns manos — neste caso, o de alguém que acabou de ser baleado (dá para ouvir o som característico da UTI ao fundo). Ele narra sua entrada no mundo do crime, graças ao "Guina", começa a lembrar dos seus crimes e de sua vida caída, e tem esperança de sobreviver e ser uma pessoa diferente. Mas no final não resiste.

-05. Rapaz Comum

A violência contra os negros como ela é: "morre um, dois, três, quatro, morre mais um em breve". O rapaz comum da música "não é o último, nem muito menos o primeiro" a morrer por causa da violência.

-06. " ..."

Faixa exclusivamente instrumental do álbum. Um solo de blues calmo, mas que termina com uma rajada de tiros. A violência não dá trégua.

- 07. Diário de um detento,

Feita em alusão ao massacre do Carandiru, com a contribuição do ex-detento Jocenir.

- 08. Periferia é periferia (em qualquer lugar)Independente da cidade ou estado, a periferia é igual em todo lugar para os Racionais: trabalhadores ("escravo urbano") se matam de trabalhar e a violência come solta. Irmãos se matando, cada um por si e garotada sem futuro. A música traz que a droga é uma das principais culpadas pela situação das periferias, o vício seria um dos motivadores dos crimes.

-09. Qual mentira vou acreditar

A música é um dos momentos de quebra no álbum. Em meio a todos os casos de violência relatados nas músicas anteriores, o povo da periferia ainda tem alguns raros momentos de diversão. A ida a balada é o assunto dessa música, mas ainda assim não é tão simples: toma enquadro da polícia, falsos amigos e mulheres.

-10. Mágico de Oz

A música aborda a dificuldade de um menor envolvido com drogas, que apela à fé para tentar se salvar: "queria que Deus ouvisse minha voz / em um mundo Mágico de Oz". Nessa, e na próxima música, o jovem da periferia não vê outra solução para sua vida que não seja algo mágico — e nesse caso, a magia vem das drogas.

- 11. Fórmula mágica da paz

A música retrata a vida de alguém sem perspectiva na periferia, mas que não desiste de encontrar uma solução. Em contraste com a música anterior, a solução mágica que encontrou aqui não foram as drogas, mas sim os amigos, a música e com respeito a todos, sem precisar deixar a periferia

- O cenário das músicas é a pobreza. O enredo e a narrativa é a exclusão, a discriminação e o racismo. A atmosfera é a do medo e da violência. O sentimento é de ódio, rancor, frustração, indignação.

-Lançado em dezembro de 1997, Mano Brown tinha 27 anos e se declarava um sobrevivente no inferno da periferia de São Paulo de um país que sistematicamente extermina sua população negra há séculos

Massacre Carandirú

-  A penitenciária do Carandiru era dividida em pavilhões e cada um possuía suas peculiaridades. O pavilhão 8, por exemplo, era o mais temido porque abrigava presos reincidentes de crimes e que conheciam todas as regras da casa. Já o pavilhão 2 era o local em que se acomodavam os recém chegados.

- A briga de dois prisioneiros de facções rivais não era uma exceção para a rotina da casa, mas tomou proporções enormes, se espalhando por todo o Pavilhão 9 e gerando uma rebelião dos prisioneiros

-Com a finalidade de controlar essa rebelião, cerca de 300 policiais adentraram o local sob o comando do Coronel Ubiratan

- Depois de tentativas frustradas de negociação entre o diretor e os presos para finalizarem a rebelião, o Coronel Ubiratan teria decidido invadir o local

- a grande quantidade de tiros encontrados nos corpos dos presos, especialmente na cabeça e no tórax, juntamente com as marcas na parede da cela, é um sinal que os policiais já teriam chegado atirando

-Há uma teoria que diz que o Primeiro Comando da Capital teria surgido como uma forma de resposta ao massacre com o objetivo de combater os exageros e as opressões policiais que acontecem nas prisões.

PRIMEIRO COMANDO DA CAPITAL

-Entre uma conversa e outra, discutiu-se a criação de uma fraternidade de presos, com um único objetivo: evitar que se repetissem eventos como o 'massacre do Carandiru' – como ficou conhecida a rebelião no pavilhão 9 da extinta Casa de Detenção do Carandiru, no dia 2 de outubro de 1992, um dos episódios mais sangrentos da história penitenciária mundial.

- A lógica do grupo era de que, criando uma hierarquia entre os presos, seria possível evitar conflitos internos, como o que serviu de estopim para a rebelião no Carandiru, e ainda combater os maus tratos e exigir melhores condições aos presos do Estado.

Enem/ Fuvest/ ComvestOnde histórias criam vida. Descubra agora