S.O.S Wisconsin

1. Alyssa

Apesar de estar odiando a ideia, minhas malas estavam prontas. Eu não queria nem um pouco ir para cidade minúscula onde minha avó vivia. New Hope é uma cidade meio interiorana de Wisconsin, no condado de Portage, e como qualquer cidade pequena, não havia segredos. Passar o verão lá não era bem o que eu estava planejando para as minhas férias, mas de acordo com a minha mãe, eu estava muito deprimida após o meu término com Will.

Depois de muita discussão, eu sabia que não havia possibilidade de eu vencer um argumento contra minha mãe, e por essa razão, eu estava fazendo o que ela havia mandado. A última vez que fui para aquela cidade eu tinha apenas 7 anos, não lembrava de nada e nem de ninguém, mas naquela época eu era feliz, e estava apenas preocupada com os cookies maravilhosos que minha avó fazia. Dessa vez vai ser diferente, vou estar sozinha e sem nada para fazer, e só de pensar que teria que passar 2 meses naquele lugar, já me dava calafrios.

- Vamos Alyssa, já está atrasada! – Ouço minha mãe gritar no andar de baixo. Solto um suspiro pesado já sofrendo antecipadamente, 2 meses inteiros, vou sobreviver, eu acho.

Eu amaldiçoo Will pelo que seria a quinta vez em um mês, se ele não tivesse terminado comigo, nada disso estaria acontecendo. Demorei muito para processar o fato de que meu namorado estava me traindo com a minha melhor amiga. Existem milhares de garotas nesse mundo, e ele foi escolher justo a que eu mais gostava. Via seus posts nas suas contas do Instagram, e como aparentemente eles estavam mais felizes do que nunca, enquanto eu ficava deitada na minha cama sem vontade de sair. Talvez seja ruim pensar dessa forma, mas sei que o relacionamento deles não vai durar, é só uma questão de tempo até um deles trair de novo.

- Alyssa! – Minha mãe grita novamente enquanto olho ao redor do meu quarto pela última vez. Eu reviro os olhos e por fim, decido descer as escadas para não ser buscada a força. Eu desço os degraus devagar tentando evitar o inevitável. Minha mãe bufa me encarando impaciente. – Sei que você não quer ir, mas sei que vai ser o melhor para você. São só alguns dias. – Ela acrescenta quando fico em sua frente. Minha mãe coloca as mãos em meus ombros me oferecendo um sorriso fraco antes de me abraçar. – Vou sentir sua falta. – Ela diz com a voz abafada pelos meus cabelos. Sou incapaz de responder então apenas assinto com a cabeça sutilmente.

Quero evitar aquela parte de minha mente que está dizendo que ela só está fazendo isso porque já não me aguenta mais.

- Você vai ficar bem, sua avó está muito animada de poder ficar com você durante o verão. – Minha mãe fala abrindo um sorriso largo. Não consigo retribuir, mantenho minha expressão impassível. Ela parece não se abalar, apenas se vira para me ajudar com as malas. – Vamos logo, você tem um ônibus para pegar.

Suspiro novamente antes de segurar a alça da mala e sair com passos pesados. Talvez fosse uma atitude meio infantil de minha parte, mas a essa altura, eu já não estava me importando muito. Durante todo o percurso até o ponto e estação, mantenho minha boca fechada. Não quero dar motivos para minha mãe achar que está tudo bem. Ela está me levando para o meio do nada e isso não está nada bem.

No ponto, minha mãe trata de se despedir de novo, uma despedida demorada e desnecessária, eu ainda estava extremamente brava com ela por me mandar embora dessa maneira.

Apesar do calor angustiante, uma leve brisa soprou meus cabelos ruivos para fora de meu rosto. Meus braços estavam cruzados, e minhas sobrancelhas provavelmente franzidas de frustração. Quando vejo o ônibus se aproximando, sinto vontade de sair correndo e ir até a casa de minha amiga para ficar os 2 meses me escondendo lá, mas depois me lembro de que já não tenho mais minha amiga e isso me faz revirar os olhos.