12. Tyler

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Eu nunca iria contar para ninguém que meu salário diminuiu em ordem para que Alyssa pudesse trabalhar na biblioteca pelos próximos dias. Seria só por poucos dias, e poucos dólares a menos não fariam tanta diferença para mim. Mas tirando o salário, eu só via vantagens, poderia passar mais tempo com ela, o que nos tornaria mais próximos, ela teria tempo para se divertir com os livros, e eu ia me divertir vendo ela se divertindo, então, vantagens para os dois.

Era sexta-feira, e seria o primeiro dia de Alyssa no trabalho, talvez ela se decepcionasse porque não tem muito o que fazer por lá, de qualquer maneira, ela ficou tão animada, que eu jamais quebraria suas expectativas. Mas eu estava torcendo para que Sofia não nos envergonhasse, quer dizer, isso era inevitável então, não nos envergonhasse muito.

Quando paro o carro na frente de sua casa, Alyssa já estava sentada no degrauzinho da varanda, e consigo perceber o quão rápido ela se levanta e vem em minha direção, e eu podia jurar que seus olhos escuros tinham um brilho excepcional hoje. Ela abre a porta do passageiro, e se senta, quando ela fecha a porta, ela fecha com força demais, e ela se encolhe com um sorriso sem-graça.

- Desculpa. – Eu rio.

- Se eu não te conhecesse, eu diria que você está ansiosa. – Falo. Seu sorriso se suaviza, e ela coloca o cinto de segurança ao mesmo tempo que diz:

- Mas você me conhece. – Seus olhos se voltam para mim e ela dá uma piscadinha. – Talvez eu esteja mesmo ansiosa. Nunca trabalhei antes. – Ela admite e eu inclino a cabeça para direita a analisando. Ela cora um pouco envergonhada quando meus olhos passam por ela, e quero dizer que não tem nada do que se envergonhar, e que isso foi só uma desculpa para eu poder olhá-la de perto mais uma vez.

- Muitos adolescentes não trabalham, isso não é incomum. – Digo dando partida no carro. – Tem uma primeira vez para tudo, e um emprego nas férias de verão não é assim tão ruim. Ainda mais se for com alguma coisa que você goste. Você ainda tem tempo para fazer muitas coisas, Alyssa. – Com minha visão periférica, a vejo refletir. Eu acho incrível como ela parece estar sempre captando as minhas palavras como se fossem a coisa mais interessante que ela já escutou na vida, e o jeito que ela encara as suas mãos em seu colo ao pensar. Ela se vira no banco para ficar de frente para mim, bem na hora que paramos em um farol vermelho. Eu me viro para encará-la.

- Você é uma pessoa muito interessante Tyler Cooper. – Alyssa diz sorrindo, solto uma risada baixa e nossos olhos se encontram.

- Posso dizer o mesmo de você Alyssa Young. – Eu respondo, e por nenhum momento desviamos o olhar. Não estávamos mais sorrindo, e por algum motivo, me sinto arrepiar, como uma garota podia me fazer me sentir assim com apenas um olhar? O farol fica verde, e limpo a garganta quando me concentro novamente na estrada à frente. Pelo resto do caminho, não falamos nada. Era óbvio que havia um clima entre nós, e se ela dissesse que não, ela estaria mentindo.

Entramos na biblioteca juntos, e Sofia logo se anima ao nos ver.

- Oi gatos! – Ela nos cumprimenta.

- Oi! – Alyssa responde.

- Alguém está animada para passar o dia inteiro fazendo nada. – Sofia diz e a fuzilo com o olhar, mas ela é Sofia, e por isso apenas dá de ombros, isso não parece ter afetado Alyssa, e me surpreendo ao perceber que ela provavelmente já está entendendo como deve agir com Sofia, ela pode ser bem...intensa as vezes.

- Talvez. Mas fazer nada com amigos parece mais divertido. – Ela responde, e Sofia arqueia as sobrancelhas em diversão.

- Amigos é? – Sofia diz olhando diretamente em meus olhos, eu os reviro e ela sorri ainda mais. Sofia não é uma pessoa ruim, na verdade, ela é uma garota incrível, seu jeito pode ser difícil de lidar, mas ela é divertida e sincera, uma boa amiga, e só é preciso um pouco de força de vontade para ver o quanto ela pode ser legal.

S.O.S WisconsinOnde histórias criam vida. Descubra agora