MILLIE
Abri a porta de casa com a respiração falha. Não tinha nem forças para disfarçar alguma emoção positiva para minha mãe. Só queria ir para meu quarto. Me trancar. Me afundar na cama e chorar. Jogar videogame até anoitecer. Fazer qualquer coisa que acabe com o que estou sentindo dentro de mim.
Ao notar meu estado, mamãe se levantou do sofá, pausando com o controle o episódio de Grey's Anatomy que, de repente, eu já não me importava dela estar assistindo sozinha, para me fitar preocupada. Claro, eu nem sequer havia tentado secar as lágrimas de meu rosto que, com toda certeza, estava vermelho.
— O que aconteceu, querida? — perguntou ela, assustada pelo meu estado.
Antes que tivesse a chance de tentar formular uma péssima mentira, papai apareceu na sala com seu prato de comida. Devia ter acabado de chegar, pois ainda estava com o uniforme do trabalho.
— Garota? — era assim como ele me chamava quando estava preocupado. — Por que está chorando?
Respirei fundo. Não queria falar sobre aquilo com eles. Poderia explicar depois que havia acabado de descobrir que meu namorado estava mentindo pra mim todo esse tempo sobre algo bastante sério e que nosso relacionamento havia ido para o ralo. Em outro momento talvez eu conseguisse fazer isso. Agora não.
Papai deixou sua comida sobre a mesinha de centro e se aproximou de mim enquanto mamãe correu até a cozinha.
— Aconteceu alguma coisa entre você e Finn? — meu pai perguntou, num tom tão delicado que poderia ter me feito voltar a chorar.
Tudo o que pude fazer fora balançar a cabeça em sinal de positivo enquanto o mais velho mudava sua expressão inquieta para séria.
Logo, mamãe voltara com um copo d'água, me entregando e esperando alguma resposta até eu terminar de beber com dificuldade.
— Tudo bem eu ficar um pouco sozinha?— perguntei, enxugando os olhos, evitando olhar nos olhos deles.
Mamãe, a quem tive que puxar tanta curiosidade, pareceu querer questionar o que estava acontecendo. No entanto, meu pai foi mais rápido:
— É claro. Pode ir.
Fui até a escada respirando fundo, então, ao passar uma possibilidade pela minha cabeça, me virei para meu pai rapidamente:
— Se o Finn aparecer, por favor, não o deixem entrar. — implorei antes de me virar, fugindo do olhar incrédulo de minha mãe, que arregalou os olhos, parecendo ter finalmente compreendido.
Ao adentrar meu quarto, desliguei meu telefone que não parava de vibrar e o deixei carregando, sentindo raiva por Finn ainda achar que tem o direito de me ligar.
Retirei a blusa azul celeste e me joguei sobre minha cama, fitando o teto em silêncio, como se isso fosse me fazer sentir um pouco melhor. Tudo o que tinha descoberto mais cedo me vinha à mente, como se meu cérebro tentasse processar tudo.
Contudo, só queria esquecer.
Naquele momento, me arrependi de tudo. De ter aceitado namorar com Finn mesmo sabendo um pouco como ele era, só aquilo deveria ter sido o suficiente para ter me feito ficar com um pé atrás. De o ter deixado me beijar. E francamente, de ter tentado ajudá-lo. Argh, me arrependi de tudo!
Se tivesse me mantido longe, estaria bem. Estudando e focando apenas nas matérias para poder entrar em uma boa faculdade e não pensando em namorado.
No entanto, agora não consigo nem mesmo pensar em tentar concluir o trabalho sobre a escrivaninha.
Agora não adianta ficar tentando imaginar o que teria acontecido ou não. Só preciso seguir em frente. Mas por que diabos tem que doer tanto?
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You Belong With Me 2
Teen Fiction[TERMINADA] Finn finalmente havia aceitado seus sentimentos pela garota de olhos avelãs pelo qual ele havia se apaixonado. Mas um grande segredo levara o relacionamento dos dois à estaca zero. Após descobrir a verdade, Millie tem de lidar com a mágo...