O amor costuma ser um sentimento complicado. Ninguém nunca parece entender realmente o que é ou o que faz, os pensamentos se tornam perturbados e nenhuma ideia faz sentido, uma mistura de caos e vazio sem fim, era assustador, bagunçado, maravilhoso. Estávamos sempre nessa procura infinita e incansável, provamos do amor em pequenas quantidades enquanto crescíamos e tornamos-nos viciados em sentir toda a adrenalina, queríamos o bolo inteiro, entornar a garrafa de tal líquido viciante e engolir com toda a ganância, éramos desesperados, loucos, apaixonados pelo amor. Tudo virava magia, o peito fadigava com emoção e sentimentos embaralhavam-se dentro de nós, tudo era confusão, cacofonia, era bizarro, fazia eco e adoçava a língua com seu gosto docemente azedo, como limão e maçã juntos em uma única sobremesa.
O amor, conquanto, também podia ser algo muito triste, especialmente quando era negado ou incorrespondido, era doloroso imaginar, era sufocante sentir. O coração batia acelerado, sangrando no peito, lágrimas escorriam com a dor da paixão e ninguém entendia a situação com clareza, não tinha sentido, queríamos ser amados a qualquer custo, não existia modo viável disso não acontecer. Era cruel o tipo de coisa que o sentimento humano fazia com as pessoas, o quão humilhante e insuportável eram as situações do amor, cavávamos até o fundo do poço e sofríamos com toda porcaria pelo caminho, perdíamos a sanidade e ganhávamos cicatrizes e feridas incuráveis sobre a pele do coração.
A falta de reciprocidade era uma sensação maldita, tornava a própria imagem alvo de depreciação e desprezo, não éramos suficiente, não éramos dignos de tal amor, o choro vinha forte e levava muito tempo para a recuperação completa, para que aquela pessoa deixasse de significar tanto. Um dia, ou outro, talvez anos, ninguém podia dizer quanto tempo duraria o sentimento, funcionava como chama, queimava baixo mas por um longo período, aumentando em certas ocasiões e incendiando tudo em outros momentos. Era pavoroso, trazia aperto na garganta e falta de ar aos pulmões, soávamos como loucos, querendo e querendo, sem limite, sem parar, vício que pegava rápido e era praticamente incurável. Os sentidos todos apodreciam e nenhum dos neurônios funcionava corretamente, a tristeza provinda do desprezo doía como a porra do Inferno e fazia de nós pobres almas, sem amor, sem nada.
Talvez seja drama adicional, muito exagero por nada, mas o amor faz isso, transforma tudo em tumulto e bagunça, engrandece os pequenos problemas e suaviza as falhas gigantescas, defeitos e qualidades se misturam, nada parece tão ruim, tudo parece horrível. Os olhos ficam cegos, os ouvidos ficam surdos, a boca fica seca e o cérebro derrete, levando sanidade, esperteza, coerência, razão e todo o resto. Ter o seu amor não correspondido fazia o mundo cair e explodir, alguns entendiam, ninguém tem a obrigação de amar de volta, outros se revoltavam, não viam razão suficiente para serem rejeitados, era loucura, trazia dor e raiva, tristeza e mágoa.
O amor era recheado de coisas bonitas, pinturas ricas de detalhes e pinceladas sutis, paisagem encantadora, brisa suave e fresca, Sol veraneio e toque macio, quente. Mas também trazia a sua parcialidade de coisas ruins, com a dor escorrendo pelas bochechas e o sangue pingando em cada palavra, era inverno eterno e tristeza encalacrada, chuva de granizo, corujas na noite sombria e mar turbulento. Todos desejavam o lado bom do amor, e muitos eram os que recebiam os seus males inesquecíveis, feridas profundas sob a pele superficial, palavras eternas no eco, tudo ficaria para sempre, especialmente as partes que mais magoavam.
Jimin não era capaz de entender porque um sentimento tão bonito e bom era transformado em uma sombra horrorosa e perturbadora, que trazia transtornos e medo, que fazia doer e chorar, que fazia os gananciosos desejar cada vez mais. Era estranho a gula por tudo isso, a beleza e a feiura, a doçura e o azedo, o amargo, o sublime e o miserável, o eterno e o efêmero. Talvez o amor fosse o combustível essencial de toda a vida, aquilo que movia o motor, as pernas, correndo pelas veias através do sangue ferroso, infectando cada célula, emitindo cada pulsar do coração, era impossível ficar sem ele, o corpo parava na escuridão e as almas esmoreciam ao longo de poucos segundos.
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Amor carmim | Jikook
ФанфикO destino não é responsável pelas linhas da poesia da vida que escrevemos. Não é responsável pelas atitudes errôneas e as palavras pesadas que escolhemos usar. Não é criador da maldade humana e nem do egoísmo exacerbado, que corrompe o homem e o tor...