[🥀] Capitulum III

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Todos nessa vida buscam por amor. Não importa o tipo ou de quem seja, o importante é sempre estar à mercê de tal sentimento tão viciante e mágico, perdido na imensidão de um mar de vozes eloquentes e sussurros perturbadores, tentando o frágil coração comportado dentro do peito tão gelado. Queremos provar do gosto doce da paixão, que incendeia as veias e queima a pele com uma suavidade perversa, tornando-nos pó, areia, que faz tudo perder o sentido ou a razão. Queremos saborear da seiva bruta da luxúria, que contamina as águas de nossa castidade e transforma a inocência em devoção ao pecado, comendo pele e bebendo sangue, devorando a essência de cada ser.

O cheiro da agonia flutua sublime, embalsamando o ar, mistura de azedo e doce, picante e suave, pinicando a pele como urtiga e fazendo cócegas nos lábios sedentos. Os toques cintilam através da coluna, arrepiando os pelos e arrancando um ofego de nossos pulmões, é bonito, morno e delicado, elevando-nos ao infinito e trazendo leveza ao corpo, é doçura através do tato, das digitais marcadas na pele com afinco, manchando-a com tons variados, de rosa méleo até o roxo púrpura, entrelaçando os dedos e confortando o coração agitado.

Talvez apenas os loucos soubessem amar, tal sentimento era tão irracional, vivia entre linhas, dizia tudo e nada, gritava e rugia dentro da mente, atordoava os sentidos, trocando toque por gosto, olhar pelo cheio, bom pelo mal. Era insano amar alguém, e pior ainda ser amado por outrem, nunca parecia suficiente, sempre havia a sede, a necessidade de mais, éramos filhotes insaciáveis e ensandecidos, querendo estraçalhar qualquer coisa que víssemos pela frente, torturando e moendo a carne com nossos dentes afiados.

Gostávamos da tortura, do sofrimento doloroso, do gosto férreo do sangue na boca, queríamos sentir as amarras e ouvir os estalos do couro do chicote em nossas coxas, punindo-nos com o desespero palpável, com a falta de reciprocidade, com o desejo corrosivo, com o ciúmes perturbador, com a espera fodida. O amor fazia de nós pobres reféns, doidos varridos, criaturas dignas de pena, enlaçados pela corda invisível do sentimento mais doentio e maravilhosamente catastrófico do mundo.

Apesar de todos os poréns, todas as objeções, todas as contradições, ainda desejávamos o amor como o mais insano viajante, que luta com monstros e dragões e enfrenta o mais árido deserto e a mais terrível tempestade apenas para chegar ao topo da montanha e ser chutado como um verme miserável, rolando e rolando até chegar ao chão outra vez, suspirando com dor aguda e abrindo o mais iluminado sorriso.

Era por isso que Jungkook temia tanto o amor, temia tanto essa bagunça de casamento arranjado, estava enlouquecendo na mistura de seus pensares e na quantidade de possibilidades concentradas àquele evento. Talvez fosse estúpido, pensava, era um homem maduro, na casa dos 30, com uma profissão fixa e dono de sua própria vida, ele poderia resolver a porcaria de um casamento com facilidade, é claro, bastava assinar alguns papéis, conversar um bocado e usar a sua autoridade como pessoa para cancelar o contrato e seguir em frente. Estava tudo resolvido, ele tinha planejado cada coisa, mas bastou uma mensagem de Park Jimin para descarregar uma tonelada de água sobre si e afundá-lo de volta ao inferno.

"Não podemos cancelar o contrato. Minha família precisa disso. Nós vamos casar. Me desculpe, Jungkook."

O que diabos foi aquilo? Park parecia tão infeliz com aquela merda de casamento quanto Jungkook na noite do jantar, e agora dizia que eles iriam se casar, sem qualquer explicação decente, sem qualquer outra coisa. Jimin sequer respondeu as mensagens do alfa depois daquilo, o ignorou completamente. O maior estava puto, mal conseguiu dormir com a cabeça tão cheia. Além de lidar com o contrato de matrimônio, ele também tinha o caos do escritório, Dongyul o atolou de trabalhos para um ano todo, e tinha agora a bomba de Jimin. Seus nervos estavam pulsando e ele sentia-se exausto, queria sumir do mapa e hibernar por uns três meses, precisava de um pouco de paz em sua vida, aquela rotina insuportável estava acabando com ele.

Amor carmim | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora