Faziam quase três dias desde que Jimin e Jungkook voltaram de sua incrível lua de mel. Nota-se a ironia péssima na conotação do adjetivo usado para expressar o sentimento. Incrível. Que piada.
Além disso, faziam também dois dias desde que o ômega tinha ligado para Jeon e conversado sobre o assunto mais terrível e constrangedor do mundo. O fez somente por livre e espontânea pressão, induzido por Jennie e Chaeyoung e sua vontade de ver o filho nas garras do lobo mau. Não que Jungkook fosse uma pessoa malvada, não era isso, mas ele sentia-se empurrado na direção de um abismo profundo e infinito, ou para uma jaula cheia de leões famintos e enormes, prontos para acabar com a sua raça. Era um droga sofrer com a agonia de estar no meio daquela bagunça, sendo lançado por todos os lados e empurrado de mão em mão como se não valesse nada, como se fosse um mero objeto sem sentimentos.
E, apesar de ter superado o pânico inicial de estar casado por um contrato, ele ainda sentia-se irritado com um monte de pessoas ditando as rédeas de sua vida, tratando-o como a porra de uma criança, um mero fantoche inútil e idiota. Jimin não possuía mais forças para discutir e impor as suas vontades, apenas ouvia tudo com a feição inabalável e concordava com um simplório aceno de cabeça, sem gritos, sem raiva, sem qualquer demonstração de sua irritação e infelicidade com toda a sua situação. Ele estava agindo como todos queriam, sendo um bom ômega e ótimo esposo para o seu alfa. Que nojo!
Seu alívio, porém, era ter a agradável companhia de Jungkook durante poucos minutos no dia. O marido era realmente ocupado, vivia enfurnado em seu escritório por mais de 12 horas e com a cara afundada em papéis e contratos e arquivos de computador até o talo, morrendo sufocado e explodindo o cérebro com o constante estresse e pressão dos sócios e do próprio pai insuportável.
Minnie o admirava por lidar com o caos tão bem, sempre tranquilo e divertido durante as conversas e ligações, contando piadinhas bobas e reclamando do mau humor costumeiro de Dongyul, com um sorriso bonito ecoando na linha mesmo que a voz emitisse um cansaço doloroso e pesado, como se ele não dormisse há dias, semanas.
Depois da ligação absurda, eles acabaram por trocar mensagens ao longo dos dias seguintes, falando sobre besteiras e assuntos banais, questionando sobre o dia um do outro e lutando para manter o diálogo por mais de cinco minutos. Jimin era tímido e sentia-se frustado com a secura do alfa, que em contrapartida era direto demais e respondia tudo com emojis ou figurinhas estúpidas, um bobo na opinião do mais novo. Apesar disso, eles se entendiam muito bem e sentiam-se confortáveis na presença um do outro, livres para falar sobre os seus desgostos com a porcaria do contrato que os acorrentavam àquele casamento e também para rir de bobeiras e ofender certas pessoas que levavam toda a culpa por sua infelicidade.
Jungkook era o hater número um de seu pai, adorava criticar o comportamento do velho e pontuar os seus defeitos utilizando todas as letras do alfabeto. Ele até tinha fotos e memes de Dongyul, uma coleção completa que fez o ômega rir até quase molhar as calças, era a merda mais inesperada e engraçada que Minnie viu na vida. Além disso, o maior era bom em aconselhar o mais novo a ter paciência e cautela para lidar com os próximos eventos envolvendo o matrimônio. Jeon disse que os dias a seguir seriam complicados e difíceis e que o recessivo deveria ter muita maturidade e paz de espírito para enfrentar o apocalipse e não surtar completamente.
Jimin agradecia por ter alguém que ouvia as suas reclamações e entendia o motivo por trás de suas amarguras, alguém que sentia-se da mesma forma e com quem compartillhava a mesma insuportável situação. Era louco pensar que, apesar de seu casamento não ser real ou movido por sentimentos, Jungkook agia como um verdadeiro companheiro, pronto para ajudar o ômega com os seus problemas e apoiá-lo nas ocasiões mais difíceis, um marido de verdade, mais até do que aqueles que eram realmente casados por amor.
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Amor carmim | Jikook
FanfictionO destino não é responsável pelas linhas da poesia da vida que escrevemos. Não é responsável pelas atitudes errôneas e as palavras pesadas que escolhemos usar. Não é criador da maldade humana e nem do egoísmo exacerbado, que corrompe o homem e o tor...