[🥀] Capitulum VIII

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O medo era doloroso, persistente e irritante.

A ansiedade era corrosiva, paranóica e cruel.

A raiva era quente, intensa e insuportável.

A amargura era péssima, insossa e desprezível.

E a infelicidade era a pior, malvada, monótona e triste.

Era o dia do casamento de Jeon e Park. E os noivos estavam dominados por toda uma bagunça de sentimentos, cada um de seu próprio jeito, reservados em seus cantos e perdidos nos pensamentos acelerados e malucos.

Estavam com medo, de subir no altar e casar por causa de um contrato, medo do desconhecido, e do conhecido também. Medo de falhar a voz, de errar os passos, de demonstrar a verdade, de fugir da cerimônia, de olhar para cada convidado presente e desistir. Sentiam medo da falta de controle, do futuro imprevisível, do contrato que detinham as suas almas, da falta de liberdade, da inexistência do amor. Estavam apavorados, assustados, amedrontados, aterrorizados e qualquer outra droga de sinônimo.

Eles estavam cheios de ansiedade, subindo e eletrizando todos os nervos, arrepiando os pelos do corpo e da nuca e acelerando o coração, mãos geladas e cérebro agitado, incansável, sobrecarregado, fritando o resto de suas ideias e neurônios. Estavam ansiosos com o casamento, com a hora de dizer os votos e proclamar o "sim" em máxima voz, ansiosos com a troca de alianças e o beijo para selar o seu compromisso, com a reação das pessoas e em razão de toda a mentira, a farsa, a droga do contrato. Estavam nervosos, aflitos, angustiados, preocupados e qualquer outra droga de sinônimo.

Também estavam com raiva, soltando fogo pelas ventas e amaldiçoando cada responsável por aquele show de horrores, querendo xingar todos os palavrões do mundo e praguejar as suas reclamações em gritos e berros de pura indignação, completamente furiosos. Estavam com raiva da situação estressante, dos pais insensíveis e velhos, do contrato absurdo e desgraçado, do casamento falso, da mentira necessária, da animação dos convidados burros e ignorantes, de tudo. Estavam irritados, possessos, zangados, irados e qualquer outra droga de sinônimo.

Estavam bastante amargurados, em cada centímetro de pele, em cada resposta, cada suspiro, palavra e gesto, da cabeça aos pés, do lado direito e do esquerdo também, por dentro e por fora. Eles sentiam o gosto ruim na boca e a ardência nos olhos, caretas retorcidas e lábios tortos, não eram capazes sequer de disfarçar o descontentamento. Estavam amargurados com o seu destino, com a sua falta de liberdade e controle da própria vida, amargos pela venda de suas almas e corpos, com a falta de consideração de sua família, com a própria melancolia que invadia as suas células e corroía cada mísera parte de sua sanidade. Estavam amargos, azedos, ressentidos, desgostosos e qualquer outra droga de sinônimo.

E, claro, estavam ainda mais infelizes, sem humor para o dia e de semblante amarrado, fechado, com os olhos opacos e feição cinzenta, não sorriam e falavam pouco, sem energia e força para prosseguir na mesma alegria que os outros, pensativos e bagunçados, tudo estava ruindo muito rápido e eles não faziam ideia de como parar a catástrofe ou lidar com as consequências da tragédia. Estavam infelizes com a porcaria de seu casamento, com a ideia de juntar o par de escovas sem qualquer sentimento além de uma obrigação, infelizes com a felicidade dos convidados, com a liberdade dos outros, infelizes em ter que mentir e fingir, em ter que sustentar aquela palhaçada e fazer parte de um teatro baseado em ideias do século XIX, onde o amor não era importante e os negócios moviam as relações. Estavam enfadonhos, tristes, melancólicos, deprimidos e qualquer outra droga de sinônimo.

Jimin dormiu profundamente e acordou cedo demais, ficou deitado na cama por longos minutos enquanto refletia e analisava a sua situação com calma, desesperando-se conforme o tempo passava e a cerimônia se aproximava.

Amor carmim | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora