Ele não é meu pai

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                            SABRINA

Depois que a Alma contou tudo o que ela sabia, deixei ela em seu quarto. Fiquei com ela até quando ela pegou no sono, logo após isso, eu desci para conversar com o Oscar e o Miguel.

— Como vamos fazer? - Miguel pergunta assim que cheguei na cozinha.

— Nós não podemos deixar nosso pai nas torturas do Dario por mais tempo! Isso é tudo o que sei. - digo sentando. — Vamos tentar convencer ele. - digo.

— Vamos ter que ir até lá, e prevenidos! Caso algo dê errado. - Oscar diz.

— Espera, deixa eu ver se entendi... Você quer que a gente vá até esse lugar para conversar com um cara maluco e ainda tentar convencer ele? É isso mesmo? - Miguel pergunta incredulo.

— O "maluco" é seu irmão, e não temos escolha, prometemos não ferir ele. - digo.

— Eu não prometi nada, não vou ficar parado caso ele tente algo. - Oscar diz sério.

— Bom, agora é só torcer para que isso não aconteça. - Miguel diz dando um sorriso nervoso.

Dormi no meu antigo quarto com o Oscar, e o Miguel dormiu no quarto de hóspedes que havia na casa. No dia seguinte esperamos Alma descer para que pudéssemos ir até o local.

— Estão todos ai? - Alma pergunta descendo as escadas e vindo na nossa direção.

— Estamos sim - falo olhando para todos que estavam a sua espera — Vejo que os seus hematomas já sumiram - digo analisando seu corpo, apenas seu olhar ainda estava roxo.

— Costuma sumir rápido. - Ela diz observando o seu braço. — Vamos? - a mesma nos chama e então saímos.

Saímos para o local que a alma nos tinha dito, ela nos levou até ao seu carro e seguimos, o caminho foi demorado mas chegamos quarenta minutos depois.

O local era normal, uma casa parecida com a do nosso pai, assim que nós entramos, vejo o Oscar e o Miguel caírem no chão, logo depois, senti uma forte pancada na minha cabeça e apaguei, nem deu tempo de pensar direito.




                                    ~ ALMA ~

O plano funcionou conforme planejamos. Assim que a nossa mãe foi atrás da Sabrina, ela nos deixou instruções do que teria que ser feito, caso o que ela fosse fazer algo e acabasse dando errado, o que realmente deu.

Descanse em paz mamãe!

Já sabíamos que eles viriam atrás do papai deles, então só precisávamos convence-los de ir até o Dario sem que suspeitassem.

Recebi informações de que eles haviam chegado na nossa casa, então cheguei lá assustada, o que não era mentira, já que eu não sabia muito bem o que dizer. Consegui enganar eles perfeitamente, um teatro perfeito, podemos assim dizer.

Conversei com todos eles, falei que o Dario estava torturando o pai deles, o que também não era mentira. Muitas das coisas que eu falei, foram verdades. Eu realmente tentei convencer o Dario a não fazer isso, mas ele não entendeu! E eu não podia ficar contra o meu irmão, por isso segui todas as instruções que ele me passou.

Pensei que desconfiariam quando no dia seguinte pintei só o olho, fingindo estar roxo, quando na verdade deveria ter feito isso em algumas partes do meu corpo, por sorte ninguém desconfiou, e se desconfiou, consegui enganar.

Levei todos eles no meu carro até o Dario, assim que cheguei lá, dois dos homens contratados por nós acertaram eles, fazendo-os cairem no chão desmaiados.

Depois de um tempo, Sabrina acordou, ela e os demais estavam amarrados em cadeiras separadas na mesma sala que o pai dela.

— O que está fazendo? - Sabrina pergunta confusa sobre o que tinha acontecido.

— Sabrina! Você está bem? - Oscar pergunta para ela, parecia muito preocupado.

— Eu estou bem, não se preocupe - ela o responde.

— Por que fez isso com a gente? - Miguel me pergunta.

Já deveriam saber o porquê fiz isso, antes que eu os respondesse, meu irmão Dario entra na sala.

— Não parece óbvio para vocês? - Dario diz enquanto entrava na sala e fechava a porta. — Vocês que foram uns idiotas em acreditar na Alma. - O Dario soltou uma gargalhada depois disso. — Pelo visto deu certo maninha. - ele diz me abraçando de lado.

— O que vocês fizeram com o nosso pai? - Sabrina pergunta.

— Pensei que já soubesse, já que está vendo com os seus próprios olhos. - Dario diz apontando com a cabeça para o pai dela desacordado.

— Vocês não mat...- ela tenta perguntar mas eu a interrompo.

— Não, ainda não. - Digo.

— Vocês devem estar se perguntando o porquê disso tudo, não? Bom, vou tentar explicar. - Dario diz se sentando em uma cadeira que estava próximo. — No inicio eu só queria que ele confessasse o que fez com a nossa mãe, queria que ele falasse que mandou mata-lá, mas agora eu só quero todos os bens, a herança sabe - Dario diz pegando uma arma que estava em sua cintura e a analisado enquanto falava.

— Mas vocês são filhos dele também, querendo ou não, vocês têm seus direitos. - Sabrina diz.

— Pensei nisso antes de descobrir que ele não é nosso pai. - Dario diz olhando para o homem desacordado, todos ficaram incrédulos com o que ele disse. — Quando o pai de vocês acordar, convençam ele a fazer isso, nem preciso dizer o que vai acontecer caso não aconteça. - Dario fala apontando a arma na direção de todos e em seguida sai da sala.

— Alma! Nos ajude, ou pelo menos ajude nosso pai, ele não parece bem. - ela me pede com os olhos cheios de lágrimas me fazendo engolir em seco.

— Ele não é meu pai. - digo seca com um nó se formando na minha garganta.

Saio da sala e ao fechar a porta, eu encosto na mesma e solto o ar que estava prendendo. Fazer esse tipo de coisa não é a minha praia mas não posso abandonar o meu irmão, vou ajudá-lo no que for preciso, a provação dele é importante para mim, e só vou conseguir se fizer tudo que ele me pede.

Sempre seguimos duramente a nossa mãe, sabíamos o que ela fazia, a Safira nos fazia acreditar que aquilo era normal. Fazíamos de tudo para ter a provação dela, as pessoas dizem que as mães não têm filhos prediletos, mas não era isso que a minha mãe demonstrava, ela tinha um e claramente era o Dario, desde que ela morreu, venho apoiando meu irmão, e continuo em busca de uma aprovação.


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