45- Amiga?

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"Enquanto houver vontade de lutar haverá esperança de vencer."

Santo Agostinho.

Me apoiei em um carro qualquer, deixando a noite e a lua tomarem meu foco, enquanto tentava acalmar minha mente e secava as lágrimas que não conseguia evitar. Foi quando ouvi seus passos se aproximando.

— Você está bem? Por que saiu assim? — a voz de Lucien soou preocupada, interrompendo meus pensamentos.

Eu me virei rapidamente, tentando disfarçar a confusão dentro de mim.

— Só tive um mal-estar. Acho que foi por causa do calor. — menti, tentando parecer tranquila.

— Você quer alguma coisa? Um remédio, uma água? — ele perguntou, sempre tão prestativo.

— Eu estou bem! — assegurei, forçando um sorriso. — Foi algo passageiro.

Ele pareceu relaxar, ainda que com uma expressão de dúvida. Suspirei aliviada, mas minha mente estava longe, de volta à lua cheia, brilhando intensamente no céu.

A brisa fria passou, tocando suavemente meus ombros desnudos, e um arrepio me percorreu.

— Você está com frio. — Ele constatou, e antes que eu pudesse dizer algo, ele tirou seu casaco e colocou sobre meus ombros, me aquecendo.

Mais uma vez, o cheiro do seu perfume amadeirado me envolveu, e eu respirei fundo, agradecendo a sensação de proximidade que ele proporcionava.

— Obrigada! — falei com um sorriso tímido.

— Não há de quê. Vamos comer alguma coisa? — sugeriu.

Estava prestes a concordar quando, de repente, seu celular tocou. Ele olhou para a tela, e sua expressão mudou instantaneamente. Ele levantou a cabeça, suspirando de forma visivelmente frustrada.

— Você não vai atender? — perguntei, curiosa.

— Não vou. — respondeu com firmeza.

Então, sem mais palavras, ele segurou minha mão e me puxou em direção ao seu carro, mas o celular tocou novamente.

— Atenda! Pode ser algo sério. — insisti.

Ele hesitou, mas acabou atendendo, e assim que ouviu a voz do outro lado da linha, sua postura mudou completamente. Ele parecia ficar cada vez mais tenso e preocupado.

— Por que você está me ligando? — ele falou com um tom irritado, mas logo sua expressão se transformou em algo mais sombrio, mais ansioso.

O que quer que tivesse sido dito do outro lado da linha fez ele se apavorar.

— Já estou indo... Onde você está? Amélia, me responde! ONDE VOCÊ ESTÁ? — sua voz estava agora completamente desesperada.

Ele encerrou a ligação abruptamente, e a tensão no ar foi palpável.

— O que aconteceu? — perguntei, ainda tentando processar a situação.

Lucien parecia em pânico, sua voz rouca de desespero.

— Temos que ir... Amélia está passando mal. — disse ele, com a expressão tensa e os olhos fixos na estrada.

Entramos no carro rapidamente e ele deu partida com tanta pressa, como se estivesse fugindo do próprio medo. Eu estava em choque, não conseguia entender por que isso estava acontecendo.

Ele dirigia como se a vida dele dependesse disso, ultrapassando sinais de trânsito sem nem pensar. Eu me perguntava por que Amélia não havia ligado para Nicholas, mas a questão parecia ser mais urgente naquele momento.

REALIDADE PARALELAOnde histórias criam vida. Descubra agora