Favela

mudança de planos

Ruan

— Por que deixou a garota vazar? – pergunta chefe quando entramos na sala, estamos só eu, ele e Lucca

Eu realmente não sabia porquê, só senti que era a coisa certa. Quando a vi chorando eu senti um incomodo inexplicável, só queria que ela parasse. Então falei para ela ir embora

Acho que ela não é uma patricinha como eu pensava

— sei lá cara, o pai dela não tava nem aí se a gente ia matar ela ou não, achei que seria perda de tempo manter ela aqui – respondo a verdade

— você não está com pena da paty não né cara? – pergunta Lucca rindo

— cala a boca otário.  É obvio que não. – respondo bravo

— não mesmo? – pergunta chefe sério. Apenas concordo com a cabeça — então tá, quero que dê um susto na garota. Mas um susto bem dado, que ela fique traumatizada

— tá que se foda. – digo e saio

a raiva está me consumindo e nem sei o porquê.

Na verdade sei. Eu Não quero fazer nada disso. Mesmo que eu não goste da garota ela não merece levar um susto desses. Ela não é igual as mina aqui no morro, que são abusadas e não estão nem aí se vão ficar carecas. Ela é diferente.

...

— já está pronto? – Lucca manda um radin

— sim – respondo pegando meu boné e saindo de casa — tô aqui na frente desce aí com o carro

Depois de uns minutos Lucca desce com o carro e nós vamos em direção a casa de Kiara.

Sabíamos que estava com proteção pelo fato do sequestro mas algo me dizia que ela não estaria lá.

Parece que minha bola de cristal estava certa. Lucca se fingiu de amigo da garota para conseguir informações com a empregada, ela disse que não via Kiara desde ontem

— o que a gente faz agora? — pergunta Lucca

— eu acho que sei onde ela tá – respondo ligando para o detetive que investigou a vida do filho da puta do Carlos

— preciso de um número de telefone – digo assim que ele atende

— de quem seria?

— uma amiga da Kiara, loira e que vive pra cima e pra baixo junto com ela

— vou mandar pelo whatsapp

— Jae – desligo

Assim que ele manda o número eu já disco e ligo

— alô? – ouça a voz da loira

— esqueceu de mim amor? – digo e a mesma logo reconhece

— o garoto da boate?! Pensei que nunca mais ia te ver – sinto a felicidade em sua voz

— quem sabe um dia... Mas agora eu preciso da sua ajuda amor

— pode pedir o que quiser – sim eu sei que posso, penso

— um amigo meu gostou muito da sua amiga – minto — ele tava querendo ver ela hoje será que você sabe onde ela tá?

— hoje não vai dar more, ela não está muito bem

— sério? Mas ele queria tanto conhecer ela, acho que ela vai ficar feliz em conhecê-lo – já podem me contratar como ator

— hmmm – ela parece pensar — talvez seja uma boa ideia! Que tal um encontro dublo? — pergunta animada

— pode ser – digo sem ânimo — onde vamos nos encontrar? – ela manda a localização dela pelo whatsapp e logo desligo a ligação

— e aí? – pergunta Lucca

— você trouxe o bagulho? – pergunto me referindo ao "boa noite cinderela"

— sim

— então vamos. Nós temos um encontro – digo sorrindo

...

Estacionamos o carro na rua onde marquei com Bella, estava escuro e deserto. Mas a idiota nem ligou, confiou em um estranho só por causa de um beijo

— toma. – Lucca me entrega uma máscara de assalto

Assim que coloco vejo duas garotas de costas para nós, já consigo identificar uma delas mesmo sem ver o rosto, Kiara.

— tá pronto? – pergunto baixo enquanto molho um pano com uma loção que vai deixa-las inconscientes

— tô! – responde Lucca e eu sinalizo com a cabeça para irmos

Foi tudo bem rápido. Chegamos por trás das meninas, Lucca colocou o pano no nariz de Bella que tentou gritar mas logo desmaiou enquanto eu fazia o mesmo com Kiara, ela demorou bem mais para desmaiar, mas não o suficiente para descobrir que era eu ali...

Pego Kiara no colo e ando com ela até o carro.

O peso do seu corpo nos meus braços era algo que me deixava estranhamente confortável. Mas não durou muito porque logo coloquei ela no banco de trás enquanto esperava o Lucca levar a loira de volta para seu apartamento.

Fiquei uns dez minutos ali observando Kiara para ver se ela iria acordar, é claro. Mas não posso negar que é uma visão muito agradável, ela é linda.

— ou?? Vamo! – Lucca me desperta

— vamo

...

— vamos fazer o que com ela? – pergunta Lucca me deixando completamente sem resposta

Eu não faço ideia de como dar um "susto" nela

— você tem alguma ideia? – pergunto

— podíamos colocar ela no porão da sua casa, onde você costuma torturar os cana

— e o que a gente faz depois? – nem acredito que eu. Logo eu, estou pedindo ideia de como colocar medo em uma pessoa

Quem diria Ruan

— qual foi cara? Tá de marola? Logo tu me perguntando isso

— foda se, nem pra isso você serve mesmo, deixa que eu me viro – digo irritado

— Demorô pô

Lucca estaciona o carro na minha garagem e depois me entrega a chave

— vô nessa, amanhã chefe vem ver a garota

— se manda logo otário

Ele sai e eu pego Kiara no colo e a levo para dentro, especificamente para o porão.
Era um lugar bem escuro, cheio de armas e objetos de tortura, eu chamava de abatedouro, porque sempre que alguém entrava só saia morto.

Agora estou aqui com Kiara no colo dentro do abatedouro, pensando se a deixo aqui.

Mas eu não estou nem aí, estou?

Eu faço o que eu quero a hora que eu quero e com quem eu quero. Então...

Saio dali com ela e a levo para um dos quartos da casa, coloco ela deitada e algemo seu braço na cabeceira da cama.