Capítulo 3 - Rodrigo

14.3K 854 793
                                    

- Caramba, dormi demais! Preciso estar no consultório às 8h e já são 7:30h?

Depois que me formei e comecei a atender em hospitais, clínicas particulares, parece que a minha vida virou um turbilhão de atividades.

Mas graças a Deus eu consegui abrir minha primeira clínica. E isso na minha idade é praticamente como achar o pote de ouro no fim do arco-íris.

Tenho corrido tanto com algumas questões pessoais que quando consigo dormir, eu acabo entrando em coma.

Corre Rodrigo, corre porque hoje o bicho vai pegar!

Quando cheguei no estacionamento da clínica, meu telefone tocou. Como sou médico, tenho que estar sempre a disposição dos meus pacientes.

Sei que é errado atender o telefone dirigindo, então me escutem: NÃO FAÇAM ISSO!!!

Apertei o botão do celular e coloquei no viva voz.

Mas, quando olhei pra frente, droga! Acertei a lateral de um carro que agora parecia mais um tomate amassado. Sabe aqueles de final da feira? Exatamente.

A ligação caiu e eu estava diante de dois carros danificados. Claro que vou ter que arcar com o prejuízo, não sou tão inconsequente. Ai meu bolso!

Desci do carro e fui em direção a pessoa que estava dirigindo para tentar me desculpar e saber se ela estava bem, mas fui logo atacado por um Chihuahua em formato de mulher, que não parava de gritar e me apontar o dedo.

Aliás, que delícia. Sabe aquele perfil de mulher que você quer levar pra cama no mesmo instante em que conhece? Pois bem, era aquela morena.

Me desviei dela e pedi para que a moça que estava dirigindo pegasse o meu cartão e me ligasse, pois eu arcaria com todos os prejuízos. 

Alô seguradora?

Aqui vamos nós! Era tudo que eu não precisava agora.

A moça me olhou tão profundamente nos olhos, que eu acabei pensando que ela estava com algum tipo de dor, sei lá. Ela não respondia nada do que eu perguntava. Enquanto isso, o Chihuahua não parava de latir do meu lado.

Deixei o cartão com a loira, me desculpei e corri pro meu consultório, estava mais do que atrasado.

Se tem algo que eu não faço é ser descuidado com as coisas da clínica. Os meus pacientes vêm em primeiro lugar.

O primeiro paciente entrou, enquanto eu ainda colocava o jaleco e lavava as mãos, atrás do biombo da sala.

Quando me sentei e ergui o rosto, quase não acreditei que era a mesma moça da batida do carro – pelo menos não era o Chihuahua.

Olhei a ficha dela no computador e fui pedindo desculpas pelo acontecido. Mas eu realmente estava sem cabeça pra ser educado muito além do profissionalismo. Ela me cortou e foi logo dizendo o motivo da consulta.

A moça era linda, não tinha como negar, mas o simples fato de ser um médico já não me permitia olhar com segundas intenções, ainda mais lembrando que as mulheres se jogam aos nossos pés, esperando por um casamento cheio de interesses.

E depois, quem resistiria ao Dr. Rodrigo Cardoso? Controle-se amigão!

Ajeitei disfarçadamente o pau dentro da calça, no consultório, não.

Fiz algumas anotações na ficha médica e solicitei exames que ela deveria me trazer dentro de 15 dias.

Levantei da mesa e fui até a paciente, finalizando a consulta e conduzindo-a até a porta. Ao dar-lhe a mão, parecia que eu havia levado um choque. Não sei explicar, nunca me envolvi emocionalmente com nenhuma paciente - e também depois da vadia da Ana, as mulheres pra mim, eram apenas diversão. Soltando a minha mão, a paciente simplesmente foi embora me deixando com um baita problemão pra resolver. Além do carro batido eu estava com uma tremenda ereção, e aquela era apenas a primeira consulta da minha agenda.

O Médico dos Meus Sonhos (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora