Capítulo 7 - Paulinha

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Acordei no meio da tarde e tinha a impressão que a bateria da Gaviões da Fiel estava dentro da minha cabeça.

Porra, eu dormi de roupa e tudo?

Como eu cheguei em casa? Meu Deus a Mel, ela tinha se machucado, não tinha?

Saí correndo do quarto para ligar para a minha amiga quando a vi deitada no sofá da minha sala.

Claro que eu quase cai infartada de tanto susto. Mas era óbvio que era minha amiga, afinal, quem mais me traria em casa? Dããã, respondi para mim mesma com um tapa na cabeça. Mas logo me arrependi porque a enxaqueca era avassaladora.

Achei melhor deixar ela dormindo e fui tomar um banho. Quando saí do quarto a Mel já estava com uma mesa deliciosa me esperando. Eu precisava mesmo de um café e alguns analgésicos. Alguns não, talvez a cartela toda.

- Bom dia princesa, acordou do seu mini coma? – Ela me provoca.

- Olha Mel, eu juro, nunca mais vou beber. – Falei colocando a mão na cabeça.

- Amiga, essa não cola mais, você sempre fala isso.

- Não, mas agora é super sério. Inclusive acho que vou fazer até uma promessa pra ver se meu santo ajuda a me descolar um gato.

- Um gato? Eu posso arrumar um ali no abrigo de animais. – Ela ri enquanto toma um pouco de chá.

Joguei uma almofada na engraçadinha.

- Ué, assim eu fico em casa transando muito ao invés de beber e me matar desse jeito.

- Você se lembra como chegou em casa?

- Claro que não, tem um borrão na minha mente, não me lembro de nada. - Tomei um gole de suco. - Obrigada por ter me colocado na cama, mas porra, você não teve a coragem de tirar minha roupa? Sacanagem isso.

Enquanto ela me explicava que eu tinha vindo pra casa com um cara que nenhuma de nós fazia ideia de como era o nome ou a cara dele, eu simplesmente começo a pensar nas formas de matar a Melissa e depois ocultar o cadáver, claro.

- Sua vaca! Você é maluca? Esse cara poderia ter feito alguma coisa comigo e agora eu estaria passando nos noticiários mais toscos de São Paulo. Você iria morrer de remorso. E não pense que eu não viria puxar o seu pé.

- Paulinha me perdoa, mas na hora eu não pensei direito e eu precisava ir ao Hospital para fechar o meu ferimento. – Ela me mostra a mão como se fosse um cachorrinho que machucou a patinha.

- Eu só te perdoo, porque você voltou sã e salva e nada demais aconteceu comigo. Graças a Deus.

- A senhorita deu PT (perda total) ontem a noite, por isso não se lembra de nada. – Ela me olha com ironia e continua falando. - Ele me beijou.

E eu olho pra ela sem entender nada. Como assim? A Mel é super recatada, não é do tipo que sai beijando qualquer um por ai. Ele quem?

- Quem te beijou maluca?

- Rodrigo, o médico que bateu no meu carro.

Quando ela falou o nome do barbeiro gostoso eu revirei os olhos sem acreditar no que ela disse.

- Pode me explicar por favor, de onde o barbeiro gostoso saiu?

- Ele estava no mesmo barzinho que a gente e quando eu cortei a mão, foi ele que me ajudou. – Ela toma um pouco mais de chá e volta a falar, me explicando o que havia acontecido enquanto eu estava apagada.

- Quando a boca dele encostou na minha eu senti uma conexão tão forte que pensei estar flutuando. Um beijo doce, delicado, mas que foi ganhando intensidade e eu... eu me afastei.

- Mas porque se afastou? Pra falar tudo isso é porque você queria ser beijada, eu te conheço.

- Queria... quer dizer quero, ah sei lá. Eu me afastei porque você sabe que eu não sou do tipo que vai beijando, transando, logo no primeiro encontro.

- Calma, como assim encontro? Gente, eu não podia ter apagado.

- Não quis dizer exatamente um encontro. Amiga tem alguma coisa nele que mexe demais comigo, desperta coisas dentro de mim que eu nem sabia que existiam.

- Xiiiiiiii, será que minha amiga se apaixonou de verdade? Mas olha, precisamos conhecer melhor o barbeiro gostoso. Saber por onde ele anda, o que gosta de fazer. Vai que do nada aparece uma ex maluca querendo matar você.

- Deus me livre, você não está prevendo o futuro não né? Pode parar com essa conversa. Quer saber, vamos mudar de assunto, eu preciso me distrair um pouco. Netflix?

A Melissa é escorregadia como um sabonete, é só tocar em um assunto que não agrada que ela trata logo de fugir da conversa.

Nos jogamos no sofá para ver os mesmos filmes de sempre: melosos e cheios de coração... Haja paciência.

***

Enquanto Melissa dormia jogada no sofá eu tratei de pesquisar na internet quem era o tal Dr. Rodrigo Cardoso, afinal de contas essa ferramenta é uma ótima aliada.

Vocês não vão acreditar no tanto de coisas que eu achei sobre ele, porque realmente como médico o cara tinha um currículo longo e invejável para alguém tão jovem.

Mas não havia nada que pudesse trazer à tona algum tipo de preocupação. A família era muito tradicional e rica – claro, ele era praticamente o príncipe encantado – e sem históricos de problemas familiares.

Nada, absolutamente nada envolvendo o senhor certinho. Mesmo nas redes sociais não achei nada, ele tinha diversas fotos com um rapaz negro lindíssimo, que deveria ser íntimo, pois aparecia com frequência em seu perfil. Muitas coisas chatas sobre medicina, que não me interessam nem um pouco, mas não havia nenhuma foto com mulheres.

Estranho. Ele não tem cara de que faz o tipo certinho sabe? Namora, fica noivo e casa. Tem cara de ser bem safado, deve pegar várias mulheres, mas claro que não expõe isso na internet. É um cara inteligente.

Reservado eu diria.

- O que você está fazendo? – A voz da Melissa quase me faz ter um colapso.

- Que susto, quer me matar do coração, sua vaca?

- Não, prefiro você viva e enchendo o meu saco. Larga esse celular, vem assistir aqui comigo.

- Você dormiu e me deixou sozinha, eu fui arrumar uma outra distração vendo besteira na internet.

Ela para e fica me olhando por um tempo.

- Eu amo você. Você sabe disso né? – Ela fala enquanto me abraça.

- Eu também amo você.

Melissa volta a deitar no meu colo tentando buscar uma nova programação na Netflix.

Melissa volta a deitar no meu colo tentando buscar uma nova programação na Netflix

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O Médico dos Meus Sonhos (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora