Capítulo 10 - Melissa

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Então quer dizer que ele bate no meu carro e manda outra pessoa pra resolver o problema?

Será que ele ficou bravo porque eu o afastei durante o beijo? Por isso não veio pessoalmente?

Como assim quinze dias fora? Será que é a trabalho? Será que ele vai sozinho ou teria uma acompanhante para esses casos?

Para tudo!

Desde quando o que ele faz é da minha conta?

Bati na minha cabeça e respondi pra mim mesma: - Cuida da sua vida, ele não é problema seu.

E aquela conversa toda com o Gustavo? Confesso que fiquei meio decepcionada.

Mas também pelo jeito que ele me tratou no escritório do barzinho e depois dentro da clínica, não poderia ser diferente. Ele era bem saidinho, era do tipo pegador. Não que isso me assuste, mas não é o que eu preciso.

Ah Deus, eu não dou sorte mesmo.

Meu carro parado por uma semana para manutenção, as dores de cabeça cada vez mais constantes e pra ajudar, eu estava afastada do serviço por causa do bendito corte na mão.

Será que dá pra piorar?

Mais tarde resolvi dar um pulo no shopping, afinal eu não estava inválida e precisava me distrair um pouco.

Sentei na praça de alimentação enquanto tomava um sorvete. Sentia uma sensação estranha de estar sendo observada. Mas em um local público e cheio de gente, quem estaria perdendo o tempo de ficar me observando?

Tenho cada paranoia, mas é que depois do que aconteceu comigo quando era adolescente eu hoje tenho medo até da minha sombra.

Um rapaz se aproximou, me pediu licença, perguntou se poderia sentar comigo, já que a praça estava cheia e ele não tinha onde sentar.

Ah não tem nada demais, uma pessoa sentar comigo, e ele é... bem gatinho.

Deixa eu descrever o rapaz pra vocês: A aparência era uma mistura de roqueiro com surfista, os cabelos compridos e levemente ondulados que se estendem até o meio das costas, e ele parecia ser um rapaz bem tímido. No rosto o sorriso mais sensual que alguém poderia ter, e os olhos traziam consigo toda uma pureza mas com leves toques de malícia. Impossível não notar sua beleza.

- Claro. - Respondi ao rapaz.

Achei que ele iria ficar sentado ali, tomando o milk-shake dele sem muito contato, mas eu estava enganada.

- Rafael, prazer! - Ele estendeu a mão pra mim. - Muito obrigado por me deixar sentar, você é muito gentil.

- Melissa, muito prazer, Rafael! Imagina, é um prazer poder ajudar.

- Você está acompanhada?

- O quê? Não, vim apenas me distrair um pouco. - Respondi meio sem graça.

- Entendi. Desculpa a pergunta, mas o que aconteceu na sua mão?

Sério? Talk-show agora? Quantas perguntas.

- Acidente com um copo.

O carinha é bem comunicativo né?

Se a Paulinha estivesse aqui, ele nem teria olhado pra mim e depois ela estaria respondendo tudo sem nem pensar em qualquer tipo de perigo que aquela conversa pudesse oferecer.

Hoje em dia é difícil até paquerar ou conhecer uma nova pessoa, porque você não sabe quais são as intenções do outro. Imagina ficar falando da sua vida assim, abertamente, tenho muito receio.

O Médico dos Meus Sonhos (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora