7 - Perca-se Essa Noite

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 "Apague as luzes, deixe a música te mover

Perca-se essa noite, ganhe vida

Deixe o momento te levar, perca o controle esta noite

Apague as luzes, deixe a música te mover

Perca-se essa noite, ganhe vida

Deixe o momento te levar, perca o controle esta noite"

— Selena Gomez, "Hit The Lights".


Abri os olhos com um bocejo.

Coço os olhos e me reviro mais na cama. Agora gostaria que o sol não brilhasse tão forte, mas o quarto parece reluzir. Estico meus braços e fico sentada em meio ao mar de lençóis brancos que tinham um cheiro ótimo. Coloco um travesseiro atrás das costas e quando me encosto ali, respiro fundo.

Então percebo que Adrian se fora. De novo.

Não acredito! Não acredito nessa merda!

Levanto-me em um pulo, ficando tonta logo em seguida, mas isso não me impede de começar a olhar pelo quarto; sem sapatos, sem cheiro, sem rastros. É quase como se ele nem mesmo tivesse posto o pé aqui, tirando que eu sei que sim. Me odeio por confiar em pessoas.

A luz do quarto me deixou deprimente, a cidade ficou desinteressante como Dewan e me pergunto se sempre vai ser assim, ele acha que pode aparecer, me fazer de idiota, rir da minha cara enquanto estou tentando achar algum sentindo na minha vida e depois deixar tudo confuso como antes, igual a todo o antes?

Sigo para o banheiro e bato a porta.

Enquanto lavo a boca, esmurro a pia. Depois me encaro e me xingo, isso ajuda muito pouco, eu queria...

— Everett? — A voz de Adrian vem de trás da porta.

Minha raiva aumenta dez vezes mais. Tento respirar fundo, tento contar até dez, mas ele fica me chamando cada vez mais alto até que bate na porta do banheiro duas vezes e isso é suficiente para abrir a porta e encará-lo. Suspeito que eu deva estar com uma aparência horrível, ou talvez seja o fato de estar bufando que o assusta.

— O que foi?

— O que foi? — Sinto o gosto de pasta de dente, mas sei que minha voz está áspera. — Você sumiu, Adrian, foi isso. Porque você some e volta como um... Como um...

— Um fantasma?

— Não termine as minhas frases, é...

— Irritante?

Bufo.

Passo por ele, que se afasta. Vou à cama e sento-me curvada, retraída e chateada demais para olhar para algo a não ser meu próprio umbigo. Sinto o colchão do meu lado afundar levemente quando ele se senta, nós não falamos por alguns segundos, a respiração entrecortada dele me chama atenção e então percebo que ele está segurando os cotovelos, com a mesma roupa, os cachos secos e os olhos vidrados no chão como se soubesse que uma cratera se abriria ali a qualquer segundo.

— Só sai para atender ao telefone.

Não respondo.

— Fiz uma promessa — Insiste — Sei lá o que estava pensando, mas não fui embora. Estou aqui.

— Eu sei.

— Então, porquê... Quer saber? Não importa agora, vamos esquecer, está bem? Vamos a Yaschire hoje?

Assinto, mesmo tendo demorado alguns segundos para lembrar que essa é a cidade mais perto à diante. Estamos indo mais longe, mais longe do que pensei. Não achei que fosse durar mais de um dia longe da minha casa e das minhas amigas, mas estou conseguindo me virar bem apesar de estar com saudades.

— Sim... Você vem comigo?

— Só se você permitir. Mas vou logo avisando que gosto de abrir a janela e pôr a língua para fora.

Involuntariamente, ri. Depois meu estômago roncou de um jeito que nunca ouvi, isso me fez parar de rir e corar com a risada dele.

— Mas antes acho melhor comermos algo.

— Porque decidiu sair de cidade em cidade?

O encaro por poucos segundos, mas o suficiente para ver seus olhos brilharem de curiosidade.

— Minhas amigas. — Conto. — Elas acham que eu estou na minha última vida.

— Como assim... Como um gato?

Sete VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora