18 - Hoje À Noite Vai Ser Boa

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"E estou sentindo

Que hoje à noite vai ser boa

Que hoje à noite vai ser boa

Que hoje à noite vai ser muito muito boa"

—Fergie, "I Gotta Feeling".


Acordei às 9h.

Senti o cheiro de ovos fritos e algo tostado vindo até o quarto, que tinha a porta aberta. O gato de Adrian está enroscado no lençol ao meu lado, talvez ele goste do cheiro de Adrian tanto quanto eu.

Alisei o pelo do gato de Adrian e depois me levantei. Minha mala jazia no chão do quarto, lá peguei minha escova de dente e me tranquei no banheiro. Lavei meu rosto e saí.

Dei de cara com Jorge no corredor minúsculo.

— Bom dia. — Diz. Logo seu rosto se ilumina. Os cabelos escuros de Jorge estão bagunçados para todos os lados e as bochechas estão com marcas de algo listrado.

— Bom dia... Adrian saiu?

— Sim, ele não disse para aonde iria. O café já está na mesa, pode se servir enquanto eu tomo banho.

Ele se trancou no banheiro.

Fui até o quarto e peguei meu celular. Minha mãe não tinha ligado mais e Adrian não mandou mensagens. Mas havia uma de Gina.


"Don e eu não terminamos. Estamos bem, conversamos".

Respondi que estava feliz pelos dois.

Logo chega outra mensagem dela. Uma foto.

Na foto, ela e Don estão comendo torta, eles estão com bigodes de recheio avermelhado e Don está com os olhos cruzados, parece realmente animado. Com menos peso nas costas. Os dois mandam um áudio antes que eu pudesse responder.

"—Everett, volte logo, Gina está me enlouquecendo!" Logo depois "—Não é para você falar isso, Don, era para dizer que eu estava esperando ela com pizza!".

Conversei com eles por alguns segundos a mais, mas estava realmente com fome.

Comi as torradas que Jorge fez e suco de laranja, depois de dez minutos tomei uma xícara de café. Adrian chegou quando eu estava lavando o que sujei mais a frigideira que Jorge usou para fritar os ovos, não sei, foi uma bela distração à ausência dele.

Nos cumprimentamos com um beijo, ainda era novo fazer isso.

Pelo gosto da sua língua, ele já tinha comido.

— Vi seu gato. Qual o nome dele?

— Dela. Você meio que já sabe o nome. É a nossa palavra-chave.

Admito meio sem graça de que não me lembro da nossa palavra-chave.

Ele vai até o quarto e percebo que está segurando sacolas. Não consigo ver a marca da loja.

Adrian volta segurando seu... sua gata. Fêmea. Tenho que me lembrar disso.

— Everett, está é Driana. A gata que possui o nome que eu teria caso fosse mulher. Você lembra-se disto?

Maneio a cabeça e sorrio. A gata se livra das mãos de Adrian e caio em pé, correu de volta para o quarto.

— De que horas será a apresentação do Jorge?

— Acho que às dez. Por isso temos a tarde inteira para nós, ele sai daqui às três.

Volto à louça e me concentro no que ele tem a dizer. Mordo a bochecha pensando se deveria falar para ele que contei a minha mãe sobre o nosso relacionamento. Esfrego a frigideira com mais força e fico calada.

— ... Então seria bom que fossemos mais cedo.

— O quê?

— Disse que deveríamos ir mais cedo á apresentação. Meia hora, talvez.

Digo que pode ser.

Acho que Adrian iria me perguntar alguma coisa, mas Jorge chegou na hora exata me poupando de responder a quaisquer pergunta. Estava de camisa preta e calças jeans, tênis branco.

— Estava pensando durante o banho e acho que devemos fazer uma votação para decidir que vai... Ela já está lavando?

Olho para a louça.

Dou de ombros.

— Éramos para formar uma dupla contra ele. — Jorge aponta para Adrian. — Entende?

— Quem sabe na próxima.

— Vou deixar vocês conversando e vou tomar um banho. — Adrian sorri para mim, mas não sorri para Jorge. Sei que está querendo ri, vejo seus músculos tremerem acima do lábio. — Estou de olho em você, Charmander.

Ele se vai e Jorge e eu começamos a rir.

Sete VidasOnde histórias criam vida. Descubra agora