ESCOLHIDOS - EARTH CHILDREN - Livro Um - #Wattys2015

CAPITULO XXVI

**KRISTEN**

AO TERMINAR A CONTAGEM REGRESSIVA, POSSO VER TYLER E DAVID PULAREM NO ABISMO. PORÉM, ANTES QUE ES POSSA PENSAR EM PULAR, SINTO UMA MÃO APERTAR O MEU PESCOÇO E ME ARRASTAR PARA LONGE DO ABISMO. MEUS PÉS NÃO TOCAM MAIS O CHÃO, ESTOU SUSPENDIDA NO AR PELO DONO DA MÃO. ENTÃO, O ENCARO.  OLHO NO OLHO.

Não entendo por que Ralph está agindo desta maneira, não entendo por que está fazendo isso. Não entendo por que Hayden está ao seu lado e não faz nada, apenas o observa me matar aos poucos.

_O que está... Fazendo? –Consigo soltar um grunhindo.

_Não vê? Estou te matando e nada pode me impedir de fazer isso –Ele diz sorrindo.

Quero alcançar minha adaga, mas antes da contagem a guardei. Não a alcanço, estou perdida.

Desvio meu olhar para Hayden, que apenas me encara. Não há um pingo de receio em seu olhar.

Sinto que em meus pulmões não há mais ar, não há mais vida. Então, algo acontece á meu favor.

O chão abaixo de nossos pés se desmorona, se juntando ao abismo. Ralph finalmente me solta para salvar a si próprio.

Não sei como faço, mas com grande ferocidade alcanço o que ainda nos resta de chão. Ralph e Hayden fazem o mesmo. Nós três estamos despendurados, abaixo de nós o abismo.

_POR QUE ESTÁ FAZENDO ISSO? –Pergunto á Ralph que está ao meu lado.

Ele não olha para mim. Ele não me responde. Ralph apenas encara o céu acima.

_RALPH, ESTAMOS JUNTOS NESSA! NÃO ENTENDO O PORQUÊ DISSO! –Digo embora já saiba de que nem Ralph e nem mesmo a Hayden estão dispostos á mim responder.

Junto meu olhar para o céu, de onde Ralph e Hayden não tiram os olhos.

Então sinto meu coração parar.

Um imenso pássaro reluzente paira no céu escuro acima de nós. Não sei se devo sentir medo ou me sentir segura, apenas o encaro. Não sei o que sentir.

As grandes colunas elétricas que se erguem se difundi ao seu corpo brilhante, não lhe causando mal algum.

Estou encarando o grande pássaro, e sei que ele está me encarando.

E então, de forma rápida e confusa, vários surge acontecimento.

Do céu vejo se juntar milhares de feras, todas juntas, até se formar uma imensa massa metálica. Não há mais o céu escuro acima de nós, apenas um metal. De relance sinto uma grande movimentação ao nosso redor, arvores, pedras grandes e pequenas, animais, relva, agua, tudo se desloca do seu lugar e num piscar de olhos estão subindo para o alto, onde o grande pássaro está. Todos os pássaros mortos flutuam pelo ar, em todos os cantos possíveis.

Nós também estamos subindo, e sinto que não quero chegar lá. Olho para baixo, o abis nunca pareceu tão grande e profundo quanto agora. Para onde quer que ele vá, Tyler e David estão lá. Preciso ir também. Preciso pular.

_RALPH, HAYDEN! ME ESCUTEM, PRECISAMOS PULAR! –Grito o suficiente para me ouvirem.

Apenas Hayden volta o olhar para mim. Na verdade um olhar desesperado. Nunca a vi assim.

Hayden assenti com a cabeça. Ralph não. Ele continua observando freneticamente o pássaro.

_RALPH, PRECISAMOS FAZER ISSO! –Hayden grita ao seu lado, mas ele não responde.

Ralph está sorrindo, contente seja lá com o que for.

_ISSO É MUITO LOUCO!  NÃO QUERO QUE ACABE NUNCA! AHH, ISSO É MUITO BOM! –É o que ele consegue dizer.

Meus dedos não estão mais aguentando segurar, estou á ponto de cair, mas ainda sim tento mais uma vez.

_RALPH, ME ESCUTE... –Ele me interrompe.

_CALE A BOCA SUA IDIOTA! NÃO O INTERROMPA QUANDO ELE ESTIVER FALANDO! –Ele diz se referindo ao pássaro.

E então em toda essa cena, um rosto e uma voz se passam pela minha mente.

“Kristen, sou eu, Derrny! Você não pode perder mais tempo! Precisa pular e agora!”

Olho para o meu lado e vejo Ralph, ainda que ele tenha tentado me matar á poucos minutos, tenho pena dele. Mas não há jeito, preciso ir.

Olho para Hayden, na tentativa de lhe dizer para pular. E então uma placa de metal a atinge. A placa atravessa o seu peito, não lhe deixando opções. Hayden cai sem escolhas no abismo.

Ao ver seu corpo cair, meu extinto me faz saltar, Deixamos para trás o grande pássaro, Ralph e o mundo distorcido onde passamos nossos últimos dias. Encaramos á nossa frente a escuridão e o vazio do abismo.

Não sei onde vou chegar, mas consigo ver tudo por onde passei. O bosque, o deserto, a caverna, tudo passa como um filme á minha frente.

Ouço vozes distantes, dizendo coisas como:

“Você tem nome? Não se lembra de nada?... Temos que descobrir!”

“Não sente curiosidade me saber quem é você? O que significa estes números? Onde estamos e por quê?”

“Foram ordens do próprio Thevrro para que nós escolhêssemos seis jovens humanos para estudos e testes. Os seis foram escolhidos.”

“Vocês não são mais os mesmos, os testes mudaram suas genéticas, e logo perceberam as mudanças.”

Todas essas vozes em minha cabeça me faz gritar, gritar tão alto que quebra todo o silêncio do vazio.

Meus gritos só cessam quando sinto que estou mergulhando em um rio. Logo, sinto que estou presa em uma caixa com agua. E então, ouço as vozes de Tyler e dos outros me chamando bem longe.