Capitulo 3 - Disruptivo

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O vapor se difundia pelo ar, as paredes continham ladrilhos preto e brancos acumulando gotículas que insistiam em se condensar por todo o banheiro. Á água quente escorria pelos cabelos pretos, o rastro molhado descia pelas costas largas devido a definição dos músculos, agora se relaxando aos poucos. O calor invadia cada parte do corpo de Jungkook, e aquela água parecia lavar a sua alma. Estava cansado.

Levantando o rosto em direção ao chuveiro, deixou-se ser limpo, de corpo, de mente, de ser. Levou a destra até o registro o fechando. A pele marcada pela vermelhidão indicava que havia passado muito tempo naquele banho. Jogou os cabelos para trás, que insistiam cair por sobre seu rosto, estendendo a mão para fora do box em busca da toalha. O som do chuveiro pingando ecoava pelo banheiro como um lembrete de sua solidão.

Com a toalha enrolada em sua cintura se dirigiu para frente do espelho coberto por mancha de vapor. Alcançou a toalha de rosto ao lado da pia e passou no vidro em sua frente. Mirou seu reflexo abatido e atônito, a água escorria se seus cabelos encharcando seu pescoço, seu queixo estava pontuado por uma barba em crescimento, e os olhos se afundando em olheiras profundas. A quantos dias não dormia direito? Três? Talvez quatro.

Desde o aparecimento do garoto como testemunha Jungkook estava perdido em milhares de possibilidades, seu cérebro não lhe dava descanso nem um segundo sequer, e sua intuição insistia em lhe deixar paranoico. Será que estava certo? Será que seu passado estava vindo à tona naquele lugar? Não podia ser... Já se passaram anos... Por que ali e agora?

Socou a parede ao lado do espelho em revide dos seus pensamentos. Ligou a torneira deixando a água fria molhar os nós dos dedos agora inchados por sua reação imprudente. Fechando a torneira se virou e seguiu em direção ao quarto, os pingos de água formaram um rastro do banheiro até a ponta da cama, onde o moreno deixou seu cair. Flashes do interrogatório rondavam seus pensamentos em constância.

A imagem imponente do delegado Min caminhando pela sala em cerco impositivo ao loiro sentado no centro da sala pouco iluminada, as mãos pequenas, notou Jungkook, tinha seus dedos entrelaçados ao rapaz ao seu lado, que em resposta afagava gentilmente as costas da mão menor.

- Senhor Park, mais uma vez... Está me dizendo que você estava retornando de uma aventura noturna, quando foi parar no lugar errado e na hora errada? – O delegado questionava com uma voz tão firme e grossa que todos naquela sala podiam sentir seus corpos arrepiando-se em submissão.

Jungkook percebia o olhar felino do seu superior direcionar desconfiança ao garoto ali sentado. Que besteira, pensou consigo, aquele garoto se tremia como um Pinscher assustado, e por sua experiencia com lunáticos de sangue frio, psicopatas ou não, sabia que aquele desafortunado certamente não seria capaz de fazer mal a uma mosca sequer.

- Sim delegado, é exatamente isso. – A frase foi arrastada nos lábios de Jimin, era como se tivesse sendo impelido a culpa pela morte daquele garoto só por ter visto a mesma acontecer. – Eu só estava passando e ouvi os gritos... Eu sei que deveria ter chamado a polícia imediatamente... mas... mas... – O embargo lhe subia pela garganta na forma de impotência e medo, podia sentir os olhares de todos ali presente pesarem sobre si, cheios de expectativas e pena, como se ele fosse um desgraçado sem sorte, o que não era uma inverdade como todo.

- Certo... E você pode descrever o suspeito para nós? – Os olhos ansiosos pesaram sobre o garoto amedrontado, estava prestes a acabar com toda essa merda e isso deixava Yoongi agitado. Do canto da sala Jungkook apertava as mãos num sinal de nervosismo, podia sentir o seu sangue fervendo com a ansiedade por aquela resposta. Do seu lado Hoseok que tomava nota de todo o interrogatório levantou a cabeça com os olhos repletos de pretensão.

- Eu... Eu... – A respiração de Jimin estava falha e pesada, ele apertou a mão de Taehyung tentando se manter firme. – Me desculpe... Eu não consigo lembrar do rosto daquele homem... Eu o vi, eu o olhei nos olhos, e ele me olhou de volta... Mas agora... Aquele rosto é apenas um borrão na minha cabeça. – Taehyung suspirou com pesar ao lado do amigo, apertou o ombro do menor indicando que estava ali para o apoiar.

Parfum de Sang - JJK + PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora