Capítulo 11 - Cicatrizes

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A brisa fria penetrava pela fresta da janela fazendo as persianas brancas se agitarem. Os raios solares fracassando em invadir o recinto pelos pequenos espaços entre as tiras de PVC e a janela oculta, sendo a claridade suave notada apenas em contraste pela sombra das persianas.

As paredes pintadas de azul celeste transmitiam uma serenidade singela, uma ilusão de bem estar e tranquilidade necessária para muito que por ali passavam. A cama no centro do quarto parecia um convite à longa estadia e o cheiro hospitalar era o único lembrete da habitação indesejada de enfermidades.

A consciência de Jungkook fez-se presente quando este mexeu os dedos preguiçosamente, a letargia distribuída pelo seu corpo abrumando seus sentidos e o deixando desnorteado. Remexeu-se no colchão duro sentindo o corpo inteiro protestar em dor, as pernas dormentes não atendendo ao anseio de se erguer.

Abriu os olhos com dificuldade, a luz branca parecia queimar sua retina, e por longos segundos tudo o que conseguia ver era uma claridade incomoda. Gemeu doloroso quando ousou se apoiar nos cotovelos, o ombro direito latejando pela contração indesejada. Uma ardência incomoda em sua mão o fez notar a existência do acesso venoso periférico, percorreu o olhar do escalpe, ao tubo extensor, parando por fim na bolsa pendurada no suporte metálico. Estava em um hospital.

Ao notar com alarde o despertar inusitado, Hoseok se ergueu de uma das poltronas depositada no canto lateral do quarto. – Jungkook?

Jeon girou a cabeça na direção da voz que o chamou, uma tontura momentânea o atingindo pelo movimento. Analisou o parceiro em busca de alguma coisa, qualquer coisa, mas que de fato não parecia fazer algum sentido.

Com o olhar confuso sobre si, o ruivo caminhou até o lado da cama, o aperto em seu peito suavizando-se com um calor reconfortante ao ver o amigo e parceiro desperto, as lágrimas de alívio emergindo e se acumulando nos cantos dos olhos marcados por olheiras escuras.

- Como se sente? – O timbre carregado de preocupação era macio e suave, trazendo reconforto. Apoiou uma das mãos na grade lateral da cama em busca de apoio, as pernas falhando com a emoção contida. – Se sente mal? Está doendo em algum lugar?

- E-El...el... ele... ele está...? – Jungkook sentiu a voz falhar no momento em que abriu a boca, a garganta seca arranhando com a vibração das cordas vocais, o som quebradiço e baixo sendo o resultado inicial, e então um questionamento rouco e baixo que fez Hoseok se arrepiar. Jungkook notou que o amigo não precisava de muito mais para compreender o que ele queria saber.

- Jungkook... – O ruivo esfregou uma das mãos no rosto, sua voz carregada de tensão. – Você acabou de acordar...

- E-eu... Eu preciso saber. – Os orbes negros estavam foscos e penetrantes, cheio de receios e incertezas, extravasando as feridas que não podiam ser vistas, e quem sabe a até irremediáveis.

Hoseok suspirou arrastado, sua destra alcançando a mão de Jungkook e a acariciando com o polegar. O inspetor sustentou o olhar no ruivo analisando cuidadosamente cada traço de expressão presente, buscando por uma resposta na face alheia, sem muito sucesso. Antes que Jeon pudesse dar espaço ao pesar sentiu o aperto forte em sua mão, de alguma forma o prendendo na realidade. – Jungkook... Ele está vivo.

A voz de Hoseok ecoou dentro da cabeça de Jungkook, a percepção lentamente se espalhando conforme seu córtex auditivo processava a informação sonora. Jimin estava vivo. Vivo. Em um impulso impensado Jeon tentou pôr-se de pé, a brusquidão do movimento o fazendo quase cair ao chão, sendo o corpo de Hoseok o seu amparo e sustentação contra a queda.

- Jungkook! – O ruivo exclamou ao tentar levanta o tronco do inspetor. – Pelo santo caralho homem! Está tentando ter um traumatismo craniano depois de tudo?

Parfum de Sang - JJK + PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora