Capitulo 1 - Banho de Sangue

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A respiração ofegante era apenas um resquício na audição enquanto Love is a Bitch tocava no fone de ouvido. O suor escorrendo pelas têmporas e o cabelo loiro grudado na testa demonstravam o esforço do corpo em dissipar o calor do corpo em movimento. As pernas grossas marcadas pela calça do moletom ardiam a cada contração muscular, a blusa colada pela umidade deixava a cintura delineada e o abdômen rijo à vista. Há quanto tempo estava correndo? Uma hora talvez? Park Jimin havia perdido a noção do tempo, o vento frio deixava suas bochechas ainda mais vermelhas, seu olhar vagou pelo céu ensolarado enquanto aos poucos diminuía a velocidade de seus movimentos, seus pulmões buscavam por ar de forma afoita, este agora caminhando tentava controlar o inspirar e o expirar lentamente. Não sabia o que estava ardendo mais, se seus pulmões ou suas pernas, percebeu a mudança da música em seus ouvidos, suspirando cansando. 

Caminhou lentamente à beira do lago enquanto a melodia doce de Heather ecoava em sua cabeça. Puxando o celular do bolso verificando a hora, já eram 7 da manhã, a luz do sol reluzia nas águas e as gélidas montanhas ao fundo brilhavam intensamente refletindo o gelo, podia ver as pedrinhas ao fundo do lago reluzindo como joias preciosas compondo um tesouro secreto. Jogando os cabelos para trás, sentou-se embaixo de uma das árvores e encostou seu torso no tronco. Sua cabeça atordoada tentava organizar a implosão de pensamentos confusos que surgiam de uma só vez, o coração ainda bombeava freneticamente em buscar de suprir a oxigenação em seu cérebro, fechou os olhos deixando a luz que invadia o dossel pouco folhoso banhar o seu rosto. Precisava lidar com suas limitações, estava cansado dos dias monótonos que insistiam em lhe deixar entediado, estava afundado na rotina que o acolhia como uma bolha inóspita que o lembrava constantemente de que nada na sua vida fazia sentido, o apontando o quanto o tédio de não ser nada além de uma pessoa comum e sem rumo pode pesar sobre sua consciência e enfastiar seu âmago. 

Vivia entorpecido naquele lugar, uma prisão perpetua comedida pelo inefável da natureza, não sabia se odiava ou amava Queenstown. Deitou-se no chão levando o braço direito aos olhos, sentia as costas frias e os pelos eriçados, o vento movimentava o espelho da água e o farfalhar das folhas acima de si era mudo, naquele momento, Jimin só pertencia a si, e ali ele se permitiu ser liberto em si mesmo.

🩸

A manhã transcorreu agitada, aos sábados a cafeteria onde trabalhava parecia um convite aberto às almas perdidas que vagavam pelas ruas da cidade, grupos de amigos, famílias inteiras, ou lobos solitários, não importava, tantos rostos passavam por aquele lugar ao longo do dia, e todos apenas borrões que se perdiam no fundo do inconsciente do loiro. Perdeu a conta de quantos latte havia feito naquele dia, o sorriso vazio marcava seu rosto a cada novo cliente, e o despistar do seu desanimo era cônscio. Diante do balcão ditava tediosamente os cumprimentos educados enquanto anotava os pedidos recitados em diversos ruídos arremessados pelos rostos vagos.

- Boa tarde, dois expressos por favor. - Uma voz irritantemente animada ecoou nos ouvidos de Jimin que imediatamente levantou os olhos, encontrando à sua frente um ruivo sorridente e de olhos brilhantes, o homem parecia irradiar energia solar em todo o ambiente, por mais que estivesse vestido de forma seria, podia-se ver cores saltarem através de sim e contagiar todos à sua volta, era um sorriso muito bonito, pensou o loiro.

- São $6,00. Gostaria de aproveitar a nossa promoção e levar o nosso novo croassaint de canela? - recitou gentil. Hoseok pensou por um momento e negou educado.

- Sabe, é bom encontrar outro coreano por aí as vezes, ainda mais um com um sorriso tão bonito quanto o seu. - O ruivo sorriu charmoso pro atendente enquanto pegava o número do pedido em suas mãos. - Talvez eu passe a frequentar mais essa cafeteria.

Parfum de Sang - JJK + PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora