Capítulo 10 - Seu perfume

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Atenção, caso sinta desconforto lendo alguma parte deste capitulo, por favor não insista em continuar.

O ponteiro no painel do carro marcava 160 km/h, as janelas fechadas impedindo que a velocidade fosse notada dentro do veículo. O pé empurrava fundo o acelerador fazendo com que os pneus riscassem na pista vazia e escura. As luzes dos faróis eram como flashes momentâneos pelo trajeto.

As mãos ansiosas comprimiam-se com firmeza ao redor do volante, o suor nas palmas dificultando a estabilidade da direção, o olhar fixo na estrada continha inúmeros pensamentos. O coração de Jungkook pulsava tão potente quanto o motor de seu Hyundai, seu peito parecia se contrair a cada km percorrido.

O celular largado no banco do passageiro brilhava com a chamada recém encerrada. Ele tinha escutado tudo. A voz de Jimin, as instruções de Sung Hoon em como chegar ao local designado, e então, o som de pancada, o vidro se espatifando no chão, e então, o barulho do aparelho caindo no chão, o range da madeira, e então um silêncio agonizante. Jungkook não pensou duas vezes, apenas acelerou, ele precisava chegar o mais rápido possível.

Fazia apenas quinze minutos que ele havia saído de Wynyard Crescent mas já estava passando pelo Lago Hayes, as árvores erguiam-se como sombras na penumbra, e as águas calmas dando indícios de sua existência apenas pelo reflexo tímido do luar. Nunca havia dirigido tão imprudentemente em toda a sua vida, e finalmente ele estava cada vez mais perto de seu objetivo.

A ansiedade de encontrar Jimin o atingiu em cheio, disputando com o medo e desespero pela vida alheia. Sentia que estava revivendo o inferno que fora a noite de 7 anos atrás, mas de alguma forma, era ainda pior. Saber que poderia perder Park Jimin tornava tudo ainda pior.

Notou a sinalização de entrada no lado direito da estrada, reduziu a velocidade e forçou uma curva brusca para a saída da pista. Poucos metros depois encontrou a estrada de terra batida, totalmente escura e imperceptível. Adentrou com o carro pela abertura entre duas muretas de pedra que cercavam a propriedade.

A estrada estreita era rodeada por árvores que se estendiam por todo o trajeto, sua presença singela marcada pelos ganhos secos porcamente iluminados pelos faróis do Hyundai. Jeon seguiu até o final da estrada como instruído, havia uma bifurcação discreta que levava até uma casa de madeira. Jungkook estacionou próximo a uma cerca de ferro, o portão de grade delimitando o que parecia ser a entrada do local.

Ele podia ver a casa ao fundo de uma pequena trilha no gramado, as luzes da residência sendo a única fonte de iluminação além dos faróis de seu carro. Desligou o motor sentindo o nó em sua garganta, suas mãos trêmulas largadas na lateral do corpo e a cabeça recostada no banco do carro. Ele tinha chegado.

E ali ele hesitou, sucumbindo em seus temores e ansiedades, as vontades conflitantes dentro de si, deveria correr até a face do perigo ou fugir para longe? Seu corpo tensionado e o olhar vidrado para o teto do carro, estava beirando a loucura. E então estava ali consigo, aquele sentimento de não ter nada, de não ser nada, de não existir em nada¹.

O celular ao seu lado anunciou mais uma chamada perdida retirando Jungkook do transe momentâneo. Tomou o aparelho em mãos verificando as notificações. 27 chamadas perdidas de Jung Hoseok constavam na tela, sentiu seu peito apertar mais ainda. Abriu o aplicativo de mensagens e encontrou a conversa antiga com o amigo.

Eu confio em você.

A mensagem foi enviada, o celular desligado e lançado no banco. Girando a cabeça para a casa de iluminada, Jeon cerrou os olhos e inspirou, ele precisaria de toda coragem disponível naquele momento, e quem sabe, até de uma fé que não tinha.

Parfum de Sang - JJK + PJMOnde histórias criam vida. Descubra agora