– É impressão mesmo, sempre vivi aqui. – disse ele se levantando completamente nu ainda e eu corei de vergonha. Ouvi o som de sua risada e quando olhei já estava vestido com uma calça de moletom.
– Por favor... Onde estão minhas roupas? – perguntei delicadamente e ele apontou para um pequeno varal em frente à lareira. Eu fui até elas verificar se estavam secas e vi que estavam bem quentinhas, me preparei para vesti-las e então me lembrei. –Você pode se virar sabe... Para eu poder me vestir, por favor? – ele suspirou e fez o que eu pedi.
Vesti-me bem rapidinho e meu corpo quase gritou de alegria ao sentir o quão quentinhas minhas roupas estavam. Agora que eu estava devidamente vestida fiquei sem saber o que fazer.
– E então Clarissa, o que você fazia sozinha no meio da floresta com esse tempo? – ele perguntou.
– Estou fugindo de casa. – eu disse simplesmente.
– Fugindo? – ele perguntou me olhando confuso.– É. Meus pais querem que eu me case sem amor... E então resolvi fugir. – eu disse naturalmente e totalmente à vontade com aquele assunto.
– E quantos anos você tem? – ele perguntou.
– 18 e você? – perguntei.
– 29. – ele disse arrumando algo em um pequeno fogão a lenha. – E o que você pretende fazer agora? Onde você vai ficar?
– Eu não sei... Eu pretendia ir para La Pushi, mas acho que desviei um pouco da rota não é? – eu disse rindo envergonhada.
– Desviou um pouco? – ele se virou para mim incrédulo. – Você esta quase na fronteira com o Canadá! – eu arregalei os olhos...
– Como eu agüentei andar tanto?– Sei lá... Mas então onde você pretende ir agora? – ele perguntou.
– Não sei. – eu disse a verdade, porque eu realmente não sabia aonde ir e muito menos como voltar para casa.
– Bom te garanto que não tem como você sair por aí, teve uma nevasca noite passada e você simplesmente vai acabar morrendo com essa neve toda aí fora. – disse ele.
– Meu Deus! – eu disse espantada.
– Então onde você vai ficar? – ele disse me olhando sério agora.
– Aqui? – perguntei por perguntar e ele começou a rir, sério ele riu muito.
– Não sei se você percebeu que eu vivo sozinho aqui... E eu gosto da solidão. – ele disse.
– Pra onde você espera que eu vá? – perguntei com medo.
– Se vira. – disse ele se voltando para o fogão.
– Seria mais fácil se você tivesse me deixado no meio da neve a mercê dos lobos não? – perguntei irritada.– O que você quer dizer? – ele perguntou.
– Não é meio obvio? – eu disse. – Se eu sair vou acabar morrendo de qualquer jeito... Então porque você não me deixou para morrer de vez?
– Eu não deixara ser humano algum, em hipótese alguma, morrer... Não sem antes fazer tudo o possível para salvá-lo! – disse ele meio irritado.
– É, eu percebi isso. E salvar as pessoas inclui tirar a roupa delas? – perguntei.
– Pensei que já tivéssemos superado esse assunto. – disse ele.
– Pois é! – eu disse irritada e fiquei ali parada, encarando a parede a minha frente. O que eu faria agora?
– Tudo bem! – disse ele um pouco alto demais fazendo com que eu me assustasse. –Você pode ficar, mas até essa nevasca passar! – disse ele e eu não acreditei. Quando vi já estava pendurada no pescoço dele enchendo-o de beijos por todo o seu rosto.
– Isso vai ser mais difícil do que parece! – disse ele.
– O que você quer dizer? – perguntei desgrudando de seu pescoço.– Nada. – disse ele rispidamente. – Quer café?
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A cabana - Clace
RomanceClarissa acaba de descobrir que está prestes a se casar, tendo apenas 18 anos, e com um homem que não ama. Então em uma atitude impensada resolve fugir de casa, e acaba se infiltrando na floresta em pleno inverno. Os moradores da região ouviam boato...