Contribuição de: @judrigo2014
Serkan e Engin discutiam sobre a planta de um projeto novo da Art Life. A mesa grande estava coberta de papéis, lápis e réguas. Engin podia reclamar do quão workaholic Serkan era, mas não ficava longe disso. Era o único da empresa que ainda estava na casa. Todos já tinham ido embora.
Eu fiquei perto para prestar atenção a conversa deles. Ambos eram muito bons no que faziam e eu aprendi algumas coisas novas sobre arquitetura ouvindo-os decidir sobre paredes, salas e cozinhas.
Minha aula não durou muito. Fui interrompida por Dona Aydan. Ela me mandou mensagem no celular. Tinha aprendido a não me ligar. Antes mandava Seyfi vir atrás de mim por conta disso. Agora me manda pencas de mensagens de texto, como estamos em bons termos. Já não deixo para responder uma semana depois.
Respondo na hora.
Serkan percebeu que eu desconcentrei da explicação dele. Era impressionante como ele tinha uma percepção aguçada. Era atento como Sirius. Ele me perguntou:
— O que foi? – Engin também me olhou. Eu mostrei o celular para eles
— Sua mãe! – Serkan suspirou. Não sei se aliviado ou chateado. Engin achou graça e voltou a olhar a planta.
Eu respondi a mensagem dela dizendo "Estou indo". Abandonei as explicações de Serkan e fui me aventurar pela propriedade enorme dos Bolat.
Tudo naquele lugar era longe, mas eu sentia como se as distâncias já fossem familiares. Caminhei por entre as árvores sentindo o cheiro agradável das flores que se espalhavam por cada canto. Eu gostava dali, mas nunca diria isso à tia Ayfer. Ela teria uma síncope.
Eu ainda estava criando coragem para dizer a ela que Serkan queria marcar a data do casamento. Eu disse a ele que não tocasse no assunto com a titia, não até eu falar com ela primeiro. Eu precisava preparar ela para o inevitável.
Tia Ayfer não dizia, mas eu sabia que ainda sentia uma certa desconfiança de Serkan por conta do que aconteceu no passado. Ou talvez fosse por seu jeito coruja, possessivo, de mãe que não admitia que a filha estava prestes a sair do ninho.
Ela sempre choramingava quando eu chegava tarde em casa, porque tinha ido sair com Serkan.
— Dona Aydan? – Da porta de entrada da casa eu chamei por ela, quem me recepcionou foi Seyfi.
— Ela está no quarto. – Ele disse faceiro.
— Ela quer que eu vá até lá? – Seyfi acenou com a cabeça sorridente.
Confesso que fiquei um pouco apreensiva. Bati na porta e a abri devagar sem saber o que esperar de Dona Aydan. Ela estava sentada na cama, bem vestida e maquiada como sempre. Ela era uma mulher muito chique e eu a admirava por isso. Ainda não tive coragem de elogiá-la, tinha medo da reação dela e da minha, caso não fosse algo que me agradasse. Era melhor que nós duas andássemos cautelosas em tudo.
Ela me surpreendeu e me chamou sorrindo.
— Vem cá, Sevda! – Ela continuava me chamando assim, mas eu sabia que não era mais para ofender-me. Virou como um apelido. Eu já não me importava. Fiquei em pé perto da cama e ela revirou os olhos. – Sente-se aqui do meu lado.
Eu fiz o que ela pediu um pouco acanhada. Eu nunca estive no quarto dela. Essa proximidade repentina era esquisita para mim. Ela não parecia estar incomodada, muito pelo contrário. O semblante sereno da mãe de Serkan me deixava um pouco mais aliviada. Ao menos não iremos brigar...eu acho.
Entre ela e eu tinha uma caixa grande de cor branca e trinca dourada. Dona Aydan abriu-a e mostrou o que havia no lado de dentro para mim.
— Esse aqui é um colar que ganhei de presente da mãe de Alptekin. É uma joia passada de geração para geração. – Nunca tinha visto um colar mais lindo que aquele. Era de uma única pedra, curiosamente forjada na forma de uma flor. Eu não sou especialista, mas podia jurar que aquele era um rubi. – Quero dar ele a você.
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A Rosa e O Príncipe de Aço
Short StoryLivro de contos sobre Eda e Serkan. Um casal que briga, mas se ama. Que são diferentes, mas ao mesmo tempo muito iguais. Fanfic da série turca #SenÇalKapimi