Conto 4 - Serkan e Eda nerede?

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Contribuição: @shinebursin

Esperei Eda encostado no meu carro. Fiquei praticando a técnica da respiração para não me agoniar com o atraso dela. Tinha uma reunião às nove, já era quase oito e ela não tinha descido.

Pensei comigo, se eu mandar mais uma mensagem serão quatro e ela vai ficar brava. Como eu já estou irritado, provavelmente discutiremos e isso não era bom. É segunda, tudo que eu quero, é ter um dia de trabalho tranquilo e em paz. Enfiei o celular no bolso, afastei-me da tentação e chequei a hora no meu relógio de pulso.

7h55m34s. Ouvi o trinco do portão abrir. Finalmente ela estava vindo.

Arregalei os olhos quando a vi. Eda usava uma saia branca e uma camiseta marrom justa. Os cabelos estavam presos num rabo de cavalo que sacudia de um lado para o outro enquanto ela descia as escadas na minha direção. Parecia bem mais alta com aquele salto. Engoli em seco quando ela se aproximou sorrindo.

— Gunaydin! – Cantarolou para mim, apoiando as duas mãos no meu peito e me beijando suavemente. Eu não tive reação. – Perdão pelo atraso.

— E-está bem. – Gaguejei. Limpei a garganta e falei. – Vamos?

— Sim, claro. – Ela rodeou a parte de trás do carro e eu observei o movimento do seu corpo. Engoli em seco novamente, enfiei os óculos escuros no rosto e entrei no carro.

***

A reunião era com um cliente conhecido meu Ismail Sahin. Fizemos a reforma de uma das suas maiores boates. O desenho do espaço idealizado pela minha equipe seria estudado novamente para algumas pequenas modificações antes da inauguração.

Quando chegamos na Art Life quase 9h10 eles já estavam na sala de reuniões como Leyla inteligentemente avisou. Engin já apresentava parte do projeto. Caminhei apressado até a porta, mas Eda me acompanhou.

Eu não queria Eda comigo perto de Ismail. Mas ela nunca aceitava negativas sem justificativas. Quando eu disse "não entre" ela perguntou porquê. Eu não ia dizer que Ismail era um cara atrevido e descarado. Ela ia saber que eu não queria apresentá-la aquele homem. Ia achar que era por causa de ciúmes.

Era, mas não queria que ela soubesse.

— Ah, então, eu vou ficar do lado de fora dessa reunião com essas mulheres?

— Mulheres? – Eu olhei para trás e vi que na sala de reunião tinham mesmo três mulheres. Quem eram elas? Por que Ismail as trouxe consigo? Voltei a olhar para Eda. Ela estava vermelha.

— O meu assunto é com Ismail. – Ela cruzou os braços e fechou a cara para mim. Senti como se trovões tivessem se formado sobre a cabeça dela. Isso não era bom.

— Tudo bem. Faça sua reunião, Serkan Bolat. Mas eu vou ficar atenta aqui, ouviu? Muito atenta. – Ela apontou o dedo para mim. Quando ela fazia isso significava problemas.

Eu era um homem ciumento? Sim. Eda, no entanto, era bem mais. Não tinha como a minha segunda feira piorar. Eu tentei evitar discussões entre nós e estava à beira de me meter em uma.

— Ah, finalmente aqui está o Serkan. – Engin falou com um semblante aliviado. Ismail se colocou de pé e me cumprimentou.

— Como vai, velho amigo?

— Muito bem. Quem são elas? – Perguntei diretamente.

— Minhas sócias. – Ele piscou para elas. – Serão as donas da noite no meu novo empreendimento.

— Olá, Serkan Bolat. – As três sorriram para mim. Ainda bem que Eda não está aqui dentro. Seria bem capaz de retrucar feio com essas mulheres. Eu me sentei na poltrona de sempre. Engin me olhou cúmplice. Aquela situação era desconfortável demais. Como tudo que envolvia aquele homem.

A Rosa e O Príncipe de AçoOnde histórias criam vida. Descubra agora