Conto 14 - O Enjoo de Eda

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Eu amo a minha esposa. Amo mais do que posso expressar com palavras, mas tem vezes que eu sinto uma grande vontade de fugir para a casa da montanha. Só para evitar mais uma boba discussão. A paternidade está sendo uma experiência bem mais caótica do que eu imaginava.

Não sei o que houve. A médica disse que são os hormônios, a pressão psicológica da gravidez. Seyfi disse que foi algo relacionado a marte que tinha entrado em outro planeta. Eu não sou muito fã de horóscopo, mas estava começando a acreditar nisso quando há duas semanas, Seyfi leu a previsão e acertou que eu teria um dia infernal, só havia uma coisa que a previsão havia errado. O tempo que duraria meu martírio.

Eda começou a enjoar de tudo e quando falo tudo, estou incluído nisso. Com comida ela enjoou os alimentos gordurosos. Isso até foi algo bom para a saúde dela e do bebê. Ela não conseguia sentir o cheiro de batata frita que já embrulhava o estomago. Não comia mais panquecas e nem bolos. Algo que ela estava comendo desenfreadamente há algumas semanas.

Mas até nesse ponto tudo estava ótimo. O problema foi que ela um dia acordou tão emburrada que não quis ir comigo para o trabalho. Foi na frente no seu carro velho, que eu já tinha ajeitado, mas que ainda não era o mais adequado em segurança para ela e o bebê.

Tudo que fiz naquele dia foi desejar "bom dia" para ela. Eda se enraiveceu, disse que não queria falar comigo, disse que tinha percebido meu jeito de olhar. Eu pensei comigo "Que jeito de olhar?" Eu fiquei sem palavras. Eda não quis nem ouvir minha justificativa. Sirius e eu a vimos partir apressada deixando poeira para trás.

Essa mulher ainda vai me deixar maluco.

Depois disso, só piorou a nossa relação. Eu sei que ela é temperamental e na tpm uma verdadeira confusão de emoções. No entanto, ainda não tinha pensando que ela poderia ser mil vezes pior grávida. Nessas duas semanas e pouco de surto da minha esposa, teve uma noite que eu decidi me aproximar para agradá-la. Afinal sempre fomos muito apaixonados e eu sentia falta de beijá-la.

Eda me acostumou muito mal, foi o que eu percebi. Eu nunca fui um homem carinhoso, mas ela mudou isso. Estava acostumado a tê-la sempre por perto, me abraçando, me beijando e tocando meu rosto com seus dedos longos. Eu estava com saudades disso. Até coloquei a minha mão sobre a barriga dela, enquanto beijava seu ombro.

— O que houve? – Ela tinha puxado minha mão para longe. Eu me espantei.

— Nada, Serkan. Eu só quero dormir.

— Não, você tem alguma coisa. Diga logo.

— Serkan, eu quero dormir. Não me provoque.

Ela me olhou tão feio que eu achei melhor não tirá-la do sério. Eda virou-se para seu lado da cama e puxou o lençol. Ela nunca me rejeitaria dessa forma. Algo nisso acendeu uma luz de alerta na minha cabeça. Era quase como se não fosse a minha mulher, mas outra.

Contei para a médica dela, para a terapeuta que nos estava auxiliando. Eles disseram que era estresse. Eda estava muito sobrecarregada emocionalmente. O problema é que ela não queria aliviar no trabalho e nem que eu dissesse que deveria diminuir o ritmo. Eu tinha que me aproximar na ponta dos pés sempre. Uma palavra errada, Eda me crucificava com sua boca linda que eu não podia beijar porque ela estava furiosa comigo por algum motivo desconhecido.

Fui até a cantina da Art Life tomar um café e Engin me seguiu. Eu preparei uma caneca para ele e outra para mim. Extra forte.

— Amigo, não posso acreditar. Isso parece coisa de novela. Onde que é possível que haja mudanças de humor como essas? Ela parece tão bem e animada com todo mundo.

A Rosa e O Príncipe de AçoOnde histórias criam vida. Descubra agora