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        A festa estava... normal. Pelo menos era assim que Ivan a descreveria. Gente conhecida preenchia todos os cantos daquele pequeno mundo, uns dançando; outros, já fora de si, agiam estranhamente, para regozijo dos espetadores; e havia ainda aqueles, apáticos, que se deixavam afundar nas poltronas ou nos sofás, destribuidos aleatoriamente pela sala.

      Porém, algo ligava aquela amálgama de pessoas. Não era o facto de serem estranhos conhecidos uns dos outros, nem sequer o propósito da sua presença - todos possuiam um motivo diferente para se encontrar naquele lugar - ou mesmo... Bem, poder-se-ia estar aqui a descrever as suas diferenças infinitas, mas para Ivan, o foco desta noite foi a semelhança. O alcóol! Para onde quer que olhasse, descobria sinais do consumo de tal substância.

        Deu por si, encaminhando-se para o bar, envolto em pensamentos. A caminho, cumprimentava um outro que lhe acenavam, sim, porque Ivan era conhecido! Pelo menos pela sua microcomunidade- a escola.

        - Uma cerveja por favor - pediu ao empregado, sem que se desse conta.

        TJ, o barman olhou-o com estranheza, conhecia Ivan desde "puto" e este sempre pedira uma "cola frescola", mas sabia que hoje algo de estranho se passava com o rapaz. O sorriso que sempre lhe iluminava o rosto não estava presente e o cabelo desgrenhado parecia apenas uma confusão de fios e não algo estiloso. 

        Já de cerveja na mão, percorreu o perímetro, à procura do seu grupo de amigos. Estavam sentados no sítio do costume, esperando que os restantes chegassem.

        - Hey - cumprimentou num tom monótono.

        - Ivan! - Kate pulou para o seu colo, algo que sempre fazia, entornando a cerveja que o amigo carregava - Desculpa, eu trato já disso.

        Apesar de ser energética e excêntrica, Katherine era prestável e preocupada.

        - Mano - Steve levantou-se, arrastando o amigo para um canto - Continuas assim? Sabes que ela não merece. 

        - Eu sei... - a voz falhava-lhe e a garganta começava a picar, contendo o choro que se aproximava.

        - Põe isto na tua cabeça: a Mandy é uma puta. - disse-o de forma tão seca, tão distante, tão informativa que o chocou. Sim, Amanda magoara-o e muito mas não era motivo para apelida-la dessa forma.

        - Não a chames...

        - Para de defendê-la - Steve interrompeu-o e Ivan, sem querer mais confusões rendeu-se.

    - Vamos sair daqui, se faz favor? - pediu. Não queria admitir mas aquele local trazia demasiadas recordações dela.

        - Na boa, vou só chamar o pessoal - informou - Vamos para minha casa?

        - Sim, pode ser - a indeferença era notória, naquele momento deseja não ter saído de casa - Espero-vos lá fora - Steve anuiu e seguiu em frente.

        A noite estava estrelada e gélida. Ivan retirou o telemóvel do bolso, acedendo ao Facebook. Uma tal de Gisele Hall enviara-lhe um pedido de amizade. Era bonita, pensou, no entanto a sua beleza era demasiado subtil para alguém nota-la.

        Aceitou, o que perderia com isso? E assim, do nada, Mandy desaparecera instantaneamente.

     

    

    

        

        

     

Please, don't goOnde histórias criam vida. Descubra agora