Ivan não sabia bem porquê mas desde que chegara a casa de Steve que se sentia mal. Física e psicologicamente, diria. Mas no fundo sabia que aquela sensação estranha, que lhe revolvia as entranhas tinha uma explicação lógica.
- Mano - chamou John - não sejas mentiroso. Bebe!
- Desculpa, o que é que disseste?
- Eu nunca, nunca, comi a irmã de um amigo.
Steve fixou-o. De certa forma sempre o soubera, no entanto nunca quisera admitir que o seu melhor amigo, aquele que lhe era como um irmão fora capaz de se aproveitar da "pobre" Evee. Porém o rapaz enganara-se, não a respeito de Ivan - vítima, que acabou por receber os louros - mas da sua irmã. Evelyn não era indefesa.
De facto, a jovem de cabelos de oiro e olhos de cristal, sempre padecera de uma paixoneta doentia pelo rapaz. Quem tinha conhecimento de tal? O ursinho de pelúcia e mais uns quantos diários.
Ora, numa noite de primavera -pois é nesta estação que o sangue ferve e a mente fica atordoada pelas hormonas - Evee abeirou-se do seu amado num momento crítico. Ivan bebera tanto que esquecera até o seu próprio nome. Vendo-o em tal estado, a doce Evelyn decidiu lançar-lhe o seu charme, na esperança de obter aquilo que em segredo, sempre desejara.
Na manhã seguinte, Ivan acordara ressacado, isento de memórias da noite anterior, ao lado da princesinha loira, cujo corpo se escondia sob fino lençol. Desde então, a culpa corroera o seu interior, visto que este acreditava profundamente ter desflorado a irmãzinha inocente do seu melhor amigo.
O tempo passara e de certa forma, a mente apagara aquele desastroso acontecimento. Mas agora, de mãos a tremer, Ivan pegava no copo, antecipando o reação de Steve. Levantou o recipiente que transbordava de um líquido transparente e destilado. Engoliu em seco e naquele preciso instante o mundo parara. E Ivan, dando-se conta da sua estupidez e inconsciência bebeu de uma vez só.
Quando fosse adulto, teria tempo suficiente para se ocupar de responsabilidades e tudo mais, agora - no presente - enquanto jovem em vias de atingir a maioridade, desejava aproveitar a vida ao máximo, viver o dia como se o amanhã não existisse.
Steve bufava, transpirava e corava de raiva. Talvez fosse o álcool a falar ou talvez... Não! Definitivamente, o rapaz estava fulo, senão completamente passado com Ivan.
- Estás fodido! - sibilou, cambaleando ao levantar-se.
- Tem lá calma Steve - pediu Kate, como sempre a apaziguadora das discussões.
- Eu vou ... - soluçou - partir-te a boca toda!
Steven atravessou a divisão, ao encontro de Ivan, cheio de energia e de uma vontade louca de socar alguém. Já Ivan sentia-se a desfalecer. A náusea, que acalmara com o líquido ardente que lhe escorrera pela garganta voltara, mais forte.
O irmão de Evelyn ergueu o punho cerrado, quando Ivan se curvara a seus pés, não para se desculpar. Curvara-se para expelir o cheeseburguer, que andava às voltas no seu estômago.

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Please, don't go
ספרות נוערEram invisíveis um para o outro, até que por destino - ou seria apenas por azar?- se conheceram. Uma alma incompreendida e uma mente ordinariamente normal juntam-se, formando uma mistura explosiva, ou não! ...