Hopeless || {C.H.}

20.

|| Ruby ||

Permaneço deitada na minha cama, com o telemóvel por entre as mãos, mas a coragem de escrever uma mensagem para Calum desaparece sempre que observo o objeto e o desbloqueio. Pouco passava da uma da manhã e Abigail já dormia profundamente ao meu lado, cansada do concerto dos rapazes à poucas horas atrás.
Apesar das insistências, tanto eu como ela decidimos vir para casa assim que o concerto acabou. Os rapazes iriam a uma discoteca ou algum bar e para ser sincera, com o cansaço que consumia o meu corpo, já não tinha força suficiente para frequentar esses espaços hoje.

Tenho vontade de escrever uma mensagem a Calum, não só a agradecer-lhe novamente pela noite, mas também para lhe explicar tudo o que tinha acontecido quando Lizzie chamou Ashton para uma conversa que eu estive ao máximo a tentar evitar que eles tivessem. Graças a Deus, a minha melhor e única amiga não tinha problemas em ser desbocada ou mesmo interromper conversas pois se não fosse ela, neste momento estaria numa situação grave, muito grave. De qualquer modo, quero confiar em Calum. Ele dera-me imensas provas de que merecia algo sobre a minha confiança e mesmo não tencionando contar-lhe todos os detalhes sobre a minha vida, o facto de considerar abrir-me para ele, na nossa amizade, é um enorme passo para mim.

Decido, por fim, escrever-lhe uma mensagem. Mesmo que estivesse imensamente casada não conseguia adormecer agora.

Eu, 1:20 am
Não consigo tirar a canção que cantaste para mim da minha cabeça... Achas que podes repetir?

Repouso as minhas mãos no meu peito que sobe e desce ao ritmo da respiração enquanto aguardo pela resposta, que não dura muito a chegar.

Calum, 1:22 am
Mas isso pergunta-se? Espero que estejas no teu perfeito juízo porque a Ruby normal nunca me pedia para repetir nada.

Eu, 1:22 am
Eu fui fofa e tu dizes-me isso? idiota.

Calum, 1:23 am
Gosto mais da Ruby afetada.

Eu, 1:23am
Acho que essa é mais perigosa... Mas estás no teu direito.

Sorrio involuntariamente esperando novamente pela resposta vinda do outro lado. Fico 10 minutos a encarar o ecrã, com esperança de que a comunicação seja rapidamente feita, mas Calum demora muito mais do que o habitual. O problema poderia ser meu, e de eu estar, admito, mal habituada perante o rapaz de olhos rasgados. Normalmente ele respondia no mesmo minuto, ou no máximo nos seguintes 5 e quando isso não acontecia telefonava-me tornando as mensagens numa chamada que chegava a demorar horas.

Afinal, o que estava eu a fazer com a minha vida?

Chegava a sentir que tinha uma fonte de energia positiva na minha vida, mas isso era tão negativo para mim e para Calum, eu sabia isso, e mesmo assim continuava a insistir nisto. Perguntava-me se seria mesmo a opção mais acertada colocar-nos nesta posição, cheia de inseguranças, mas ter uma esperança tão pequenina fazia-me conseguir ver uma pequenina luz em toda a escuridão em que estava envolvida. E por muito que não quisesse admitir, Calum era essa luz.

Eu, 1:35 am
Calum??

Eu, 1:35 am
Sabia bem ter uma resposta.

Eu, 1:37 am
Ok, espero que nada se tenha passado

Eu, 1:38 am
Hey! Responde-me! Estou a mesmo a ficar preocupada!

Eu, 1:40 am
Provavelmente estavas só cansado, adormeceste e eu pareço uma psicopata. Desculpa.

Eu, 1:41 am
Até amanhã, não te esqueças que és horrível e bons sonhos xx

Pouso o velho objeto na mesa de cabeceira mesmo ao meu lado, entre a minha cama e a de Abi e acabo por tentar me distrair do telemóvel e do facto de Calum não me estar a responder. Gostava de poder estar a ligar-lhe agora enquanto estava sentada no parapeito da janela que agora se encontrava no meu campo de visão, mas tudo isso não passa de imaginação.