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  Era dia dos namorados e Bang Chan se arrependeu de ter saído de casa. Não se lembrava da tal data comemorativa, e só foi relembrar quando pisou na calçada e avistou dezenas de casais de diferentes idades, mas não podia voltar para casa, já que teria que teria que fazer as compras do mês. E, se dependesse de seus melhores amigos – Hyunjin, Changbin e Minho –, estariam mortos de fome.

  Ah, o dia dos namorados. O que Bang Chan diria sobre essa data? Chata, insuportável, ridícula, inútil, e mais diversos adjetivos. Não chegava a odiar, mas era um tanto desnecessário, principalmente os casais melosos se beijando pelas ruas. Patético.

  O centro era tomado por músicas românticas e promoções em restaurantes e lojas de roupas e lembrancinhas. Além também de cupidos. Outra coisa que Chan não gostava tanto quanto o dia 14 de fevereiro eram os cupidos que ele conseguia ver. Alguns usavam apenas um pano tapando as partes íntimas, outros usavam túnicas; carregavam arcos e flechas com formato de coração; e todos, sem exceção, tinham madeixas loiras e rostos angelicais. Eram fofos, entretanto irritantes. Sempre atirando em pessoas sozinhas para que ficassem juntas por um amor não verdadeiro. Novamente, patético.

  No supermercado, encheu o maior carrinho com porcarias e comida de verdade, além de produtos de limpeza e higiene pessoal. Saiu caro, mas o que ele não fazia por aqueles que sempre estiveram com ele? Contanto que pagassem deixando de preguiça e de procrastinar, faxinassem a casa, lavassem a louça e, principalmente, fizessem pouco barulho, ele deixava de ser pão duro e gastava boa parte do seu salário em coisas para casa.

  Após pedir para entregar as compras em sua casa e dar seu endereço, saiu do estabelecimento. Iria o mais rápido possível para casa, sem interrupções, sem prestar atenção em casais e julgá-los, apenas em paz. Porém, as coisas não saíram como planejado.

  Avistou um cupido voando a pouco metros do chão, olhando ao redor com um sorriso satisfeito, porém arregalou os olhos ao ver o rapaz moreno sozinho, com cara de poucos amigos e de vestes pretas. Mirou a flecha nele e puxou para trás. Chan, cem por cento atento, desviou da flecha com um coração rosa na ponta. O cupido ficou indignado e se aproximou, pensando que o mero humano apenas havia desviado de uma pedra na rua ou apenas cambaleou para o lado.

  — Pô, cara. Minha flecha — soltou um muxoxo. Chan revirou os olhos.

  — Cupido idiota — resmungou, mas o cupido ouviu, lhe desferindo um tapa na cabeça. — Você ficou louco?!

  — Você me vê?! — o ser mitológico arregalou os olhos, vendo que o rapaz moreno estava com o olhar direcionado a ele. — E idiota é você, bobão.

  Chan semicerrou os olhos e notou algo estranho. Aquele cupido era diferente do resto. Não tinha cabelo loiro, e sim rosa. Seus traços passavam quase longe do angelical, indo para um mais infantil. Sendo sincero, era mais bonito que os outros, totalmente fora dos padrões.

  — Por pouco você me acerta, não é mesmo? — Chan debochou, com um sorriso cínico.

  — Você não vai escapar tão fácil, humano — o cupido pousou e passou a andar ao lado do Bang. — Irei te perseguir até o resto de sua vida.

  — Que cupido chato, Cristo — respirou fundo, tentando se manter calmo.

  — Eu tenho um nome, sabia?! — protestou. - Me chame de Baekhyun.

  — Pouco me importo, cupido.

  — Que humano chato, Cristo — Baekhyun imitou, quase impaciente. — Irei arrumar alguém para você sim, ouviu? Me dê uma semana, apenas.

  Chan estalou a língua e quase comemorou ao avistar sua casa. Acelerou os passos, mas não estava livre do rosado. Quando chegou na residência, destrancou o portão e entrou, acompanhado do cupido.

  — Então você mora aqui? — Baekhyun sorriu de lado. — Eu mirei em todos daqui, mais cedo. Ficou tão lindo.

  — O quê?!

  Chan retirou seus sapatos rapidamente no hall e correu até a sala. Não havia ninguém. Cozinha? Apenas as compras que havia feito estavam lá. Banheiro? Ninguém. Não havia ninguém em casa?

  Bateu no quarto de Minho e também não havia ninguém. O de Hyunjin e o seu também estavam vazios, restando somente o de Changbin. Sequer bateu na porta, apenas entrou de uma vez e se arrependeu.

  — Eu disse — o cupido sorriu, maravilhado ao ver o rapaz baixinho abraçado ao rapaz loiro, ambos trocando beijinhos e sorrisos bobos. — O próximo será você, huh?

  — Eu uma ova — Chan vociferou num sussurro assim que fechou a porta. Estava aos nervos e Baekhyun apenas se divertia.

  — Uma semana, entendeu? — e saiu da casa rapidamente, com um sorriso sapeca no rosto.

  Bang Chan estava perdido.

Valentine's Week ; chanlixOnde histórias criam vida. Descubra agora