Eu, você, sem filhos, mas com seis cachorros

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Akaashi odiava dirigir.

Mais do que dirigir, ele odiava dirigir com Bokuto no banco do carona. O outro não confiava nele no volante e o tempo todo dizia coisas como: "Olha o cachorro!" "Tem um gatinho ali, cuidado!" "Meu Deus do céu, Akaashi, você quase matou aquele cara!"

Só porque ele atropelou um cara uma vez, não significa que ele é um péssimo motorista. Em sua defesa, o cara apareceu do nada na frente dele.

— Você tem que desacelerar na próxima curva — disse Bokuto.

— Eu sei.

— Toque a marcha.

— Já troquei.

— Ajuste o retrovisor, tá torto.

— Não está, não. Tá bom assim.

— A gente deveria virar aqui... Keiji, olha o cachorro!

Akaashi afundou no freio com tudo, fazendo tanto seu corpo como o de Bokuto voar para frente. Ele desligou o carro, olhando irritado para o namorado.

— O cachorro tá no final da rua! Era só um borrão, mal dava pra ver!

— Mas uma hora você ia chegar perto dele e ia assustá-lo, tinha que diminuir a velocidade!

— É um cachorro de rua, ele sabe lidar com isso.

— Como você sabe? Ele pode estar perdido e assustado!

Akaashi deixou a cabeça cair sobre o volante, atingindo a buzina. Atrás deles, os carros começaram a se irritar. Ele ligou o carro novamente.

Aconteceu que o cachorro realmente parecia estar perdido, ele não era como os outros que, mesmo dormindo no meio da pista, levantavam para o carro passar e voltavam a dormir na maior tranquilidade. Esse parecia assustado, latia para os carros, nervoso. Ao se aproximarem, eles perceberam que ele estava usando uma coleira.

— Eu vou descer. Para o carro, Akaashi. — Bokuto diz, e Akaashi o fez. Se o outro não tivesse tomado a iniciativa, ele mesmo teria parado.

Bokuto se aproximou do cachorro aos poucos, temendo assustá-lo ainda mais. O tempo todo conversando com ele.

— Ei, garotão, tá tudo bem — deu um passo, com cuidado. O cachorro, porte médio, com pelo dourado e marrom, se encolheu. Bokuto parou. — Tá tudo bem. O cara malvado ali não vai atropelar você.

Dentro do carro, Akaashi revirou os olhos. Você quase atropela uma pessoa e vira um cara mau, como entender essa sociedade?

Akaashi saiu do carro também, abrindo o porta mala. Sabia que deveria ter alguma coisa para comer na mochila de Bokuto. E como previsto, ele achou um sanduíche em sua bolsa, junto com suas joelheiras. Eles teriam uma conversa sobre isso mais tarde.

— Aqui — entregou o sanduíche ao outro. Bokuto franziu a testa para o lanche.

— Eu tava guardando isso pra mais tarde.

— Isso tá na sua bolsa há dias, eu lembro de ter preparado ele.

— Mas eu ia comer...

— Dá logo pro cachorro!

Bokuto puxou o sanduíche da mão de Akaashi, logo voltando sua atenção para o cachorro. Lentamente, ele estendeu o lanche na direção dele.

— Você tá com fome? Tem um sanduíche de mortadela delicioso bem aqui. Se você não comer eu vou, hein.

— Vai nada.

Shhh, Akaashi. Olha, ele tá se aproximando.

Bokuto deixou a mão parada, até mesmo prendeu a respiração. O animal se aproximou, ainda meio hesitante. Cheirou o lanche algumas vezes, antes de abrir a boca e puxa-lo da mão de Bokuto.

Bokuto se agachou, vendo o animal comer. Assim que ele terminou, o cachorro começou a abanar o rabo, ainda meio entre as pernas, chegando perto de Bokuto para fareja-lo. Bokuto começou a acariciar seu pelo. Havia conquistado sua confiança.

— Olha, Akaashi — exclamou ele, enquanto o cachorro farejava seu rosto o lambia. — Ele me ama!

— Não deixe ele lamber seu rosto! Não sabemos que tipo de doenças ele pode ter.

— Ah, relaxa — disse Bokuto, ele acariciou o pescoço do animal, tentando ver se havia alguma informação em sua coleira. — Não tem nada, só o nome. Nagi. É seu nome? Nagi! Ah, é uma garota!

Nagi se animou, o rabo já balançando sem hesitação. Ela estava totalmente apaixonado por Bokuto.

Akaashi estava temendo o que viria por ai...

Bokuto olhou para ele, abraçando o pescoço de Nagi.

— Não — disse Akaashi.

— Mas eu nem falei nada.

— Mas chegou a pensar. Levanta, vamos levar ela a um veterinário, e perguntar se alguém deu por falta de um cachorro.

— Então podemos ficar com ela?

— Vou pensar no seu caso.

Bokuto levantou os braços, soltando uma exclamação animada. Nagi se animou com ele.

No veterinário eles descobriram que Nagi estava a espera de filhotinhos, talvez por isso tenham a abandonado. Bokuto ao saber disso, começou a chorar descontroladamente enquanto abraçava a cadela. Akaashi não conseguiu dizer não depois disso.

Depois desse dia, eles voltaram para casa com mais um membro na família. Que logo mais se tornaria enorme, com cinco filhotinhos correndo pela casa.

Fim

Bom dia, meu amorOnde histórias criam vida. Descubra agora