A primeira vez que Bokuto viu uma das tatuagens de Akaashi, eles ainda estavam no colégio. Ou melhor, Akaashi estava. Bokuto tinha acabado de se formar e seu antigo time de voleibol havia preparado uma festa de despedida.
A festa havia acontecido na casa de Kohona, ele só queria uma desculpa para fazer uma festa, já que seus pais estavam fora naquela noite. Foi uma reunião simples, divertida. Até que, com o sangue de todos nadando em álcool, eles decidiram jogar poker stiper.
Bokuto estava confiante, ele sabia jogar poker. Só não esperava que Akaashi fosse tão ruim naquilo. Ele nem mesmo sabia que existia algo que Akaashi não conseguia fazer.
Ele tinha jogadas óbvias, e por conta do álcool, muitas vezes tinha crise de riso pelos motivos mais bobos e perdia a concentração.
Akaashi tinha perdido a jaqueta, a camiseta, os sapatos e as meias. Ele ainda teve uma colher de chá e o deixaram retirar o cinto, mesmo assim, cinco minutos depois ele perdeu as calças. Foi quando Bokuto viu, bem no final da sua cintura, na pelve óssea, do lado esquerdo.
Bokuto já tinha visto Akaashi nu vezes o suficiente para saber que aquilo não estava ali antes.
Os garotos na sala soltaram exclamações animadas, apontando. Akaashi piscou, então seu rosto ficou vermelho, ele olhou para baixo.
— Ah — ele deixou escapar, ainda meio aéreo, antes de começar a rir.
— Akaashi — Bokuto o chamou — Isso é uma tatuagem? — perguntou, encarando o desenho da pequena coruja. Era algo discreto, mas que conseguia se destacar bem na sua pele pálida.
— É sim — Akaashi riu mais um pouco, ele colocou o indicador sobre os lábios. — Mas não conta nada ao Bokuto-san, é uma surpresa.
Depois desse dia, Akaashi nunca mais bebeu.
Agora, anos depois, Akaashi continuou com suas tatuagens. Sempre modestas, pequenas e escondidas, ele tratava com um jogo de esconde-esconde pessoal. Por isso, toda vez que Akaashi fazia uma nova, Bokuto jogava seu joguinho.
Bokuto estava sentado sobre o corpo de Akaashi, este estava deitado sobre o colchão, vestindo apenas uma cueca. Os braços bem esticados. Bokuto estava concentrado, analisando bem o corpo do parceiro.
Ao todo, Akaashi tinha seis tatuagens até então. A primeira, a pequena coruja no osso do quadril. A segunda, em sua nuca: o número cinco, eternizando seu tempo como levantador da Fukurodani. Haviam também a lua crescente, atrás do seu joelho direito, em tons de amarelo, com as pontas da lua viradas para cima. Atrás do joelho esquerdo, estava desenhado em detalhes minúsculos e delicados o Magic Circles da Sakura. Ele era um grande fã de shoujos antigos. A xícara de café no pulso esquerdo, o martelo de Thor no tornozelo (a favorita dos dois).
Quando mais Bokuto procurava, mais difícil ficava de encontrar a bendita tatuagem. Então Bokuto notou o sorrisinho no rosto do outro e como ele estava evitando virar de costas.
— Isso é trapaça — disse, fazendo cócegas em sua cintura, conhecendo bem seus pontos fracos. Akaashi se curvou enquanto ria, então Bokuto pode ver, em seu cóccix, bem onde a coluna terminava. As palavras em inglês, letras minúsculas que ele precisou se aproximar para enxergar.
Bokuto arregalou os olhos ao ler a nova tatuagem. Ele falou em voz alta, sua tradução, as duas frases que ele conhecia tão bem.
— ''Não importa o que os outros digam, nós somos os protagonistas do mundo.''
Akaashi mordeu os lábios, virando o rosto para o lado. Por mais que ele amasse Bokuto e tinha noção de que poderia viver o resto da sua vida ao seu lado, ele jamais tatuaria seu nome, ou algo assim. Mesmo assim, ele queria marcar Bokuto em sua pele. Assim como Bokuto marcou seu coração.
Afinal, ele era o protagonista do seu mundo.
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Bom dia, meu amor
Fiksi PenggemarOnde Bokuto e Akaashi compartilham um cotidiano repleto de companheirismo e amor