A Volta do Parafuso [Terminada]

Choros e Faróis.

Aos poucos Sakura o trazia para sentar-se na sua cama. E assim ela o fez, a porta do quarto se fechou. Ambos se encaravam, ela esperava que ele falasse algo, em alguns instantes Sasuke percebeu os tons de verde dos olhos dela. Tinham rajados verde claros em meio a tonalidade verde esmeralda. Não achou que existissem olhos cor de esmeralda. Os cabelos dela estavam úmidos e o carinho que emanava dela o tempo todo o acolhia.

-Eu fui atrás dele... Ele sequer me deu atenção Sakura. -Disse Sasuke com uma expressão desgostosa. Sakura segurava uma de suas mãos na tentativa de passar conforto.

-Do seu irmão? Itachi? -Ela chegou ao óbvio vendo Sasuke assentir com a cabeça.

-Não posso deixar que as crianças voltem se estão sofrendo isso. Esta decidido elas vão ficar aqui. -Disse o rapaz encarando o chão. Mais uma lágrima solitária rolou e Sakura a limpou.

-Eu o empurrei no chão. Não quis ser um babaca. Sei que ele esta sofrendo mas... Não merecemos isso. Eu... Eu o agredi pela primeira vez Sakura! -Disse Sasuke por fim. Voltando a chorar silenciosamente em meio sua frustração. Sakura passou um braço por sua cintura o acolhendo enquanto ele se deixava repousar no ombro dela. Pela primeira vez na vida, Sasuke Uchiha se abria com alguém.

-Na-Não se culpe por nada, você agiu como conseguiu Sasuke, ainda é um ser humano. Se me permite uma humilde opinião, também acho que será melhor para as crianças. -Disse ela por fim lhe acariciando as costas. Se encararam profundamente corando simultaneamente ao se perceberem juntos.

-Vamos lidar com isso juntos. Vou estar aqui. -Ela assegurou logo soltando sua mão. Ficaram em silêncio alguns segundos. Sasuke se levantou logo limpando o rosto no suéter. Ao se perceber com ela, tomou um choque. Estava desabando anos de repressão em uma garota mais nova. Seu olhar sombrio era sempre cansado, e a vermelhidão em torno dos orbes o tornava uma sombria e atraente incógnita.

-Devem estar ansiosos pela maldita fita! Vou pegar os colchões. -Disse Sasuke por fim saindo a passos largos do quarto. Sakura sorriu amarelo, era como se em um segundo ele a repelisse como se fossem particulas de mesma carga se afastando. 

Naquela noite, ajeitaram os últimos travesseiros e então Sakura colocou a fita no aparelho. Sasuke apenas encarava a forma como ela lidava bem com as suas crianças. Ela se deitou entre os dois. Sasuke por fim resolveu se deitar na ponta direita com Shin. Haviam baldes de pipoca, cheiro de desinfetante no chão de madeira polida e cheiro de amaciante dos edredons que os cobriam. As luzes estavam apagadas, a luz da TV era tudo o que viam, deixava tudo aconchegante e as crianças extremamente empolgadas. A cada cena do filme seus olhos brilhavam. Tinham o que sempre quiseram, figuras paterna e materna ao seu lado. A cada cena, Sasuke ficava feliz ao ver a reação dos sobrinhos. Estavam tão felizes, se sentiam tão amados que o aconchego veio assim como o sono. Só agora Sasuke notou que Sakura dormia com os braços abertos, de um lado Shin a abraçava e do outro Imari.

Só agora o tio notara o quanto Sakura em pouco tempo havia despertado o amor dos pequenos. Ele sorriu minimamente para aquela cena. Sasuke voltou a encarar oa pulsos de Sakura, porque estavam sempre com aquelas pulsinheiras? Pareciam delicadas fitas de veludo vermelhas bem fechadas. Sasuke acariciou a parte superior da mão da moça, ela sequer se moveu. Ele afastou suas mãos dela em conflito interno, seus sentidos se voltavam para sua intuição.

 Não eram coisas modernas entre as mulheres... O que ela queria esconder? Sasuke acariciou novamente as mãos levemente geladas dela. Sasuke rodou o tecido em sua mão vendo o velcro da peça. Como se toda intuição que tinha sussurrasse em seu ouvido, ele puxou o mesmo vendo as cicatrizes de contenção que rondavam os pulsos de Sakura. Ele encarou aquilo preocupado. Sua pele era terrivelmente disforme naquela região dos pulsos, e mesmo não sendo médico... Sabia que cicatrizes em todo o pulso poderiam significar uma contenção. Fechou novamente a pulseira no pulso dela. Uma coisa seu sexto sentido dizia... Sakura havia sofrido muito. Sasuke acariciou os cabelos róseos vendo o semblante da moça. Ela apertou as crianças contra si, como se as protegesse dormindo quando ele a tocou nos cabelos. Tinha que saber mais sobre o passado dela. Não sabia se faria isto a abordando ou xeretando sua vida antes de sua estadia na casa Uchiha. Naquela noite Sasuke apenas fechou os olhos para escutar o barulho do vento terrível la fora. Ele permaneceu ao lado dos três.