03. - O grande final.

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Recuei, em choque, afastando-me dela. Não, eu estou louco. Ela não está aqui, está? Cadê o Richard? Peguei o meu celular e mandei mensagens adoidado para ele, encarando-a de soslaio. A mesma sentou-se aonde eu estava anteriormente, fitando-me com cautela. Ela esticou as mãos por cima do moletom e tamborilou os dedos sobre as pernas, impaciente.

— Vou chamar a polícia. — Concluí, em pânico. Se isso não é um sonho, só posso estar tendo uma alucinação, e se isso não for o caso, é melhor mesmo a polícia estar aqui.

— Não deveria fazer isso. — Disse, casualmente, me fazendo erguer os olhos do celular.

— Por que? — Hadley abaixou o olhar, contudo, não respondeu. — Hadley, por que?

Novamente, silêncio. Se ela vai começar a ignorar as minhas perguntas, eu acho que vou ter um ataque cardíaco.

— Fala comigo. Por onde você esteve? — A mesma abriu a boca, contudo, como se sentissem o cheiro, seus cachorros invadiram a cozinha, pulando em cima dela.

— Oi, amiguinhos. — Ela tomou Ox em mãos, balançando-o, enquanto Stellar latia aos seus pés. — Como você está grande, Stellar. O Justin cuidou bem de vocês, huh?

A campainha ressoa através da casa, e eu viro-me para trás, lembrando-me do Rick, e enquanto dou as costas para ir abrir a porta, me pergunto como a Hadley adentrou aqui sem a chave. Corri contra o hall, destrancando a porta e deixando-o entrar. O mesmo olhou-me de súbito, descabelado, de pijama e sem blusa de frio, ele deve só ter pulado da cama e calçado os tênis.

— Aonde ela está? — Apontei para a cozinha. — Por que você está todo molhado?

Dou de ombros.

— Caí no banheiro. — Ele balançou a cabeça, retirando o celular do bolso com as mãos tremendo.

— Você ligou para polícia? — Neguei.

— Ela disse para não fazer.

— Por que? — Dou novamente de ombros.

— Estou esperando que isso seja um sonho muito lúcido, Richard.

— Se é um sonho porque estou todo molhado, consciente, e na sua casa em plena madrugada? Além disso, Justin, não tem como estarmos tão certos assim. Ontem foi dia sete, certo? Hoje é segunda-feira. Sabe disso?

— Sei, mas não tenho certeza. — Repliquei, e ele negou com a cabeça. Esperava que fosse minha luz, contudo, eu só estou deixando-o mais confuso.

— Vamos, amostre-me. — Voltamos para a cozinha, e para minha grande certeza, ela continuava lá, brincando com os cachorros.

— Hadley, é você mesmo? — A mesma levantou o olhar, lentamente e concordou. — Certo. Que dia é hoje?

— Oito de agosto.

— Quem é o presidente dos Estados Unidos da América?

— Ainda o Donald Trump.

— Qual era o nome do seu gato? — Eu olho para Richard, o que ele está fazendo?

— Atlas?

— É uma pergunta?

— Desculpa, é uma afirmação. Era Atlas.

— Qual é minha comida preferida?

— Cachorro quente.

— Segunda preferida?

— Bolo de carne.

— Qual é a nome da música que é o toque da sua chamada? — Hadley ergueu uma sobrancelha, e eu cruzei os braços, confuso.

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