Black Sea 2

16. - Fim de jogo (parte 2).

SAN DIEGO, CALIFÓRNIA.

O sol recaía quente sobre suas cabeças suadas, e as respirações entrecortadas entraram em um ritmo uníssono. Os garotos respiraram com força, e limparam o suor da testa com a palma da mão, e enquanto descansavam a sombra de uma grossa árvore, observavam o céu azul com nuvens entre a fresta das árvores.

Henry e Truman são amigos, são amigos desde que eles conseguem lembrar. Os mesmos se sentaram, olhando através da propriedade vasta e verde, focando-se na mansão branca e larga que obtinha na frente. Dori e Lora andavam atrás da governanta que ia na frente. Os garotos começaram a se socar quando isso aconteceu, se enrolando no gramado.

Os Haighet sempre foram uma família muito rica, eles construíam vias ferroviárias por todo o país, aumentando sua fortuna cada vez mais, mas como pode imaginar, eles eram os patrões e alguém tinha que trabalhar para eles, e essas pessoas eram os Bieber.

Os Bieber trabalharam a vida toda para os Haighet, e isso passou para o seu bisavô Willard, depois ao seu avô, que passou para o seu pai, e depois a Henry, e assim sucessivamente. A família Bieber morava em uma casinha do fundo da grande propriedade Haighet, e Henry não sabia mais há quanto tempo, desde que ouvirá, sempre foi assim, os Bieber sempre eram os empregados. O mesmo contemplava as vezes a casa medieval branca com muitas árvores ao redor perguntando-se como seria morar ali, ter um quarto só seu, e ter um monte de empregados como Truman tinha, porém, essa não era sua realidade, embora Henry almejasse que fosse.

Mas por causa dos trabalhos nas ferrovias, o seu pai nunca ficava em casa, assim como seu avô, ambos sempre estavam com o pai de Truman, pois enquanto os Haighet vendiam, alguém tinha que fazer o serviço. Mas não foi porque Willard trabalhou a vida daquela maneira, que significava que ele não tinha outros propósitos.

Por morarem no mesmo terreno, Truman e Henry cresceram juntos; estudavam na mesma classe, e logo se tornaram bons amigos, embora vivessem em realidades diferentes. Com doze anos seu pai já o resignou para trabalhar nos trilhos, seu irmão mais velho era maquinista, ainda que não ganhasse muito bem, era melhor do que ficar o dia inteiro com graxa nas mãos. Henry queria mais, por mais que o seu pai vivesse lhe dizendo, que isso seria o máximo que ele teria da vida.

E então Henry foi crescendo, e as coisas não pareciam mudar para ele, enquanto Truman já estava sendo empurrado para os negócios da família, ainda que ele não tivesse muita coisa na cabeça além de bebidas e mulheres — Henry e ele viviam fugindo para o celeiro para se embebedar com os vinhos caros do seu avô —, Truman não tinha muita visão do futuro, afinal, ele já tem a vida ganha, mas seu pai não concordava com isso. Truman tinha dois irmãos mais velho, um foi para a guerra, e o segundo, como ele, adorava farrear por aí, o que causava em seu pai um grande desgosto, Truman tinha que ser excelente e isso não era mais do que uma opção, mas assim como ele, seu pai sabia que ele era um desgosto, e sentia que a cada dia mais que perdia tempo tentando explicar como aumentar o seu império mundialmente, era perca de tempo.

Henry por outro lado, acompanhava isso com pesar, Truman tinha tudo para ser grande, mas preferia perder o seu tempo irritando o seu pai, e caindo de bêbado por aí.

— Não entendo por que faz isso. — Henry suspirou, dizendo ao seu amigo enquanto andavam atrás do lago. Truman tem uma garrafa de vinho em mãos, e já está um pouco alterado.

— O porque, Enry? Porque é divertido. Meu pai fica meses viajando e planejando, o cara está sempre pensando, é desgastante.

— Seu pai é um grande homem, ele revolucionou o nome Haighet, sua família vai ficar para a história, Truman.