12. - A inevitável verdade.

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Por motivos óbvios, para a justiça, eu ter os meus documentos de volta era algo muito necessário, então assim que saí do hospital, na sexta-feira, foi a primeira coisa que fui fazer. Eu não vi, mas me contaram que meu quarto ficou destruído, e tudo que estava dentro dele também. Os bens materiais podem ser recuperados, as memórias, o tempo, a nostalgia, não.

Eu sabia, embora duvidasse, que não poderia pisar meus pés na mansão Bieber de novo, mas precisava tirar a prova, olhá-la uma última vez antes de dar as costas, e foi o que fiz. Pela primeira vez, os portões estavam trancados, a rua vazia, apenas o barulho do mar ressoando através do ambiente, é onze horas da manhã, não sei onde o Justin está, mas é provável que esteja na escola. Aaron não quer contato comigo, eu já entendi, mas não achei que seria tão doloroso não tê-lo em minha vida mais.

Fiquei fitando a mansão, lembrando-me do quão assustada estava quando pisei os meus pés aqui pela primeira vez — e agora isso parece ter sido em outra vida, tão, tão distante. Suspirei fundo, olhando através do quintal, lembrando-me do Jason, se ele estivesse aqui as coisas seriam tão diferentes, menos sombrias, mas se ele estivesse, eu não estaria, e então ele estaria em um lugar sombrio. Não era para tudo ter acontecido assim, porém aconteceu. Vejo o fim, não mais o começo, tampouco o meio, apenas o fim. Está na hora, ele sabe disso, sabe disso mais do que ninguém, e embora ele tenha derrubado muitos a minha volta, ainda não é o fim, não da minha esperança.

Eu dou as costas, saindo da mesma forma que cheguei; assustada, sozinha e à mercê da minha própria sorte.

— Hadley. — Ouvi sua voz chamando o meu nome, comigo já no meio-fio. Parei, olhando-a com uma caixa em mãos. Carmel tem um homem ao seu lado, e ele está com os meus cachorros.

Sem me movimentar, observei-a abrindo o portão e vindo até mim, estendendo-me a caixa.

— Aaron disse para ficar com isso. — Inclinei-me calmamente, olhando através da caixa, tem um álbum de fotos de quando eu era criança que Aaron me deu, um urso verde meio queimado, notas de dinheiro enrolada em velcro, um envelope, e uma pequena chave, uma chave bem minúscula. Eu queria jogar a caixa na cara dela, realmente gritar que não preciso de esmola, ou pena, no entanto, ela não é verdadeiramente a pessoa que merece isso.

Eu pego a caixa, sem dizer nada.

— O mesmo ficaria grato se você nunca mais pisasse os pés nessa propriedade novamente, ou ao menos viesse a essa rua. — Olhei sobre o meu ombro, para a casa de Dwight, e repliquei:

— Infelizmente...

— A rua é pública, sim, eu sei, mas leve em consideração este pedido. — Pedido? — Ele deu uma ordem também, disse para você ficar longe do Justin, porque vai ser melhor para vocês assim. Tente não tornar as coisas mais difíceis, principalmente para o Justin.

Travei minha mandíbula, consternada.

— E caso eu não faça?

— Ele terá que fazer tudo que está em seu alcance para que vocês não se vejam mais. Aqui é a casa do Justin e ele odiaria tirá-lo daqui, no entanto fará o que for preciso para que o Justin fique bem, inclusive, atingir as pessoas que você gosta. Rexford é o nome do garoto, não é? Tráfico realmente é uma pena pesada. — Sinto uma fisgada no estômago, um apertar na garganta e meus olhos queimam, mas me recuso a chorar.

— Tudo bem. — Anunciei, observando o outro empregado se aproximar.

— Aí tem dinheiro para que compre comida, e o cartão ajudará você a sobreviver, as informações sobre Easton Park já foram enviadas para seu novo endereço, e não se preocupe, ele ajeitou tudo para que você estivesse na escola na segunda-feira. Poderá continuar sua vida normalmente, sem nenhuma preocupação, ele não a deixou desamparada.

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