[maldição do amor]

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#Vmin90s

(n/a: Olá, quero que vocês tenham atenção no que eu vou falar agora. Nos anos 88/90, na Coreia, os jovens estavam buscando ter voz, haviam protestos estudantis, universitários buscando espaço no mercado de trabalho, e uma grande desigualdade social. MAS, o capítulo a seguir fala sobre algo um tanto mais sensível. Sou mulher cis e hetero, tive problemas com relacionamentos abusivos por um bom tempo e as únicas pessoas que me acolheram foram LGBTQ+. Aqui onde moro, são as pessoas que passaram por muita dor e sempre foram muito protetores comigo, me deram amor e me acolheram quando eu tive medo do mundo. Eu sofri tanto, criei uma fobia enorme de pessoas, e de homens héteros. Por ter sido acolhida por eles, eu sempre os defendo, e mesmo que não sinta suas dores, luto por eles da mesma forma que lutaram por mim. Dói muito escrever sobre os anos noventa quando o casal é homoafetivo. Jimin é um pequeno e forte jovem que tenta parecer birrento e menos fofo, ele acha que isso ajuda a negar sua natureza. Na Coreia, para eles, homossexualidade era algo raro e trazia doenças. Esse capítulo falaremos disso, do medo de amar alguém do mesmo sexo, pois todos dizem que é uma maldição. Sei que tenho muitos leitores LGBTQ+, por isso eu tento sempre tratar isso com cuidado. Sinto muito por vocês serem julgados apenas por amar, sabe? É absurdo, "o que tem de mal em gostar de alguém?" É uma das questões que Taehyung faz. E eu respondo, nada.)

🩸

O céu já estava escuro, as estrelas já brilham, a lua está escondida atrás de algumas nuvens e prédios. Está sendo observada pelo menor, que escorado em um poste, na frente do cinema, espera pacientemente. Como protesto por não querer estar ali, Jimin vestiu um moletom branco grosso e uma jardineira verde velha que quase não usa. Tênis já amarelado e cabelos sem gel, com as mãos na frente do corpo, vê as pessoas passando para comprar seu ingresso.

— Mocinho, já está tarde... - uma mulher, com roupas de escritório, cabelo preso e uma franja no rosto sorriu. — Está esperando alguém te buscar?

Ele ficou surpreso com a preocupação da moça. — Mais ou menos... pode me informar as horas?

A mulher sorriu e olhou seu relógio.

— São oito horas agora. Bem, se precisar de carona para ir para casa, posso levar você. - disse balançando a chave, mas Jimin sabe que ela só está oferecendo porque ele, ainda mais nessas roupas, aparenta ter quinze anos. Negou com a cabeça sorrindo. — Tudo bem, se cuide. Espere sua carona dentro do cinema, são tempos perigosos.

Que gentil, ele pensou. Mas Taehyung está atrasado quinze minutos. Leu o papel mais uma vez e viu que não está errado. Frustrado, começou a andar devagar pela calçada, na direção do ponto de ônibus. Taehyung parecia desesperado para vê-lo e agora desaparece? Tudo o que ronda esse homem é estranho.

Um farol começou a crescer a sua sombra e Jimin notou um carro se aproximar devagar. É o Chevrolet marrom e no banco do motorista a silhueta de Taehyung. Entendeu que deveria entrar, então deu a volta, abriu a porta e quase congelou quando viu.

O professor substituto, com uma mão no volante, uma calça jeans e uma blusa social branca, imundos. De terra e sangue. Seu rosto lindo está machucado por toda parte, o nariz e a boca com cortes. Jimin se sentou e colocou o cinto por reflexo. Taehyung começou a dirigir sem dizer nada, mas parecia ter chorado.

Confuso e assustado, Jimin desviou o olhar e começou a observar as próprias mãos. Não sabe para onde está sendo levado.

E não consegue perguntar.

Os dois pararam em um estacionamento grande, de uma lanchonete perto da orla. Não há muitos carros e a mesma parece quase vazia. Desligou o carro e tirou do bolso a carteira, contou as notas e respirou fundo com dificuldade. Sem dizer nada, saiu do carro e Jimin não sabia bem o que fazer além de observar. No banco que ficou vazio, Jimin notou sangue.

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