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Acendeu seu sétimo? Sétimo cigarro só naquela manhã. Ela estava exausta, frustrada e muito, muito triste.

Sabia que se não fizesse o que seu pai mandou Mark sofreria as consequências, não seria ela, seria Mark e Catherine não queria que ele se ferisse, ou pior, se sua família se ferisse.

Soltou a fumaça pelo nariz sentindo o mesmo arder, passou a mão livre pelos olhos cansados e respirou fundo.

Deixou o cigarro entre os lábios e levou a mão até o telefone. Discou o número dois e na primeira chamada foi atendida.

Do que precisa? — Ouviu a voz calma de Doyoung e sentiu vontade de sorrir.

— Mark está? — Questionou baixo desviando o olhar para o notebook.

Ouviu um suspiro do outro lado da linha e logo depois um "sim".

— Mande ele subir. — Antes de ouvir qualquer questionamento encerrou a ligação e deu uma última e longa tragada em seu cigarro.

Seu peito já doía, ela mal conseguia imaginar o que aconteceria, o que ela diria ou como Mark reagiria.

Iria machucar ele, magoar ele. Ela não queria isso mas era preciso, para o bem do mais novo ela teria que expulsar ele da sua vida.

Se desfez do cigarro quando ouviu o som do elevador chegar. Apertou os olhos com força levando ambas as mãos até a cabeça pressionando o local tentando fazer parar de doer.

Ouviu duas batidas na porta e logo ela foi aberta revelando o Lee com um sorriso fofo e olhos brilhantes.

Arrumou sua posição e respirou fundo mais uma vez vendo a expressão do rapaz mudar para uma preocupada.

— O que houve com o seu rosto? — Mark se aproximou ficando de frente para a loira.

Depois da briga no dia anterior saiu pelo estacionamento evitando ao máximo ser vista. Não queria falar com ninguém, não queria dar satisfação ou ser questionada se ela estava bem porque ela não estava.

— Isso não importa. — Ditou ainda de forma baixa, havia chorado tanto que mal tinha forças para falar.

— Precisa de mim? — Passou a mão no paletó com a intenção de tirar mas Cate negou com a cabeça fazendo o parar. — O que houve?

— Acabou Mark. — Estalou a língua, teria que entrar no papel. — Eu não preciso mais de você. — Virou o rosto em direção ao vaso de planta no seu lado esquerdo, não tinha coragem para encarar Mark nos olhos. — Eu me enjoei, não quero mais nada com você. — Se levantou com as mãos trêmulas. — Aliás, está demitido.

Mark ouviu tudo parado boquiaberto, ele não ousava fazer um mínimo ruído. Estava paralisado, desconcertado.

— O que disse? — Apertou os olhos tentando encontrar algum rastro de humor na feição da menor, nada.

Catherine engoliu o nó que se formava em sua garganta e sentou em sua mesa de frente para Mark.

— Não me faça repetir. — Cruzou os braços. — Eu não preciso mais de você, me enjoei e agora está demitido. — Viu os olhos brilhantes de antes mudarem para um tom escuro, seu sorriso estava de ponta cabeça e suas sobrancelhas estavam juntas.

— Mas eu achei que...— Parou no meio da frase ao ouvir o riso irônico da loira.

— O que? Que iríamos ficar juntos? — Negou com um sorriso largo, porém extremamente falso e forçado. — Você não serve para mim, eu sou muito cara Mark Lee. — Mark fechou as mãos em punhos negando com a cabeça.

— Você é uma pessoa horrível Catherine. — As lágrimas já escorriam pelas bochechas vermelhas – que não estavam vermelhas por causa de vergonha mas sim de raiva –. — Você é cruel, esnobe, obsessiva, preconceituosa e se acha melhor que todo mundo! — Cate fitou o chão enquanto ouvia cada palavra. — Você não se importa com os outros! É só dinheiro e coisas caras! — Mark secou o rosto tentando controlar a voz. — Você só me usou, só desfilou comigo mostrando o quanto inferior eu sou! Você só se sente bem assim. — Tossiu se engasgando com a própria saliva.

Catherine ouvia tudo atentamente enquanto algumas lágrimas rolavam pelo seu rosto, ela não ergueria o olhar, ela não o olharia.

— Eu não acredito que me entreguei a uma pessoa assim. — Fungou limpando o nariz com a manga do paletó. — Eu sou muito idiota...— Fitou o chão por um tempo. — Eu deveria ter ouvido o Donghyuck.  — Olhou uma última vez para a loira. — Você não é muito diferente do seu pai. — Deu as costas e saiu da sala batendo a porta atrás de si.

Catherine finalmente ergueu o olhar fitando a porta, queria correr atrás de Mark, queria que ele voltasse. Mas não podia, enfim estava feito, eles já não se pertenciam mais.

Era para o bem dele, tinha que colocar isso na cabeça.

BO$$;;;; // Mark Lee Onde histórias criam vida. Descubra agora