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Já fazia alguns dias desde que não aparecia na empresa. Ela não contatou ninguém, não respondeu as mensagens e muito menos as ligações.

Ela não queria saber, estava acabada, estava morta por dentro. Não tinha nenhuma força de vontade e sua única distração era a bebida e o cigarro.

Encheu – mais uma vez – o copo com uísque fitando sua cama vazia. Por um minuto viu o corpo nu de Mark deitado ali, se estava bêbada? Não sabia, a única coisa que tinha noção era de que ela sentia muito a falta do canadense.

Apertou os olhos com força tentando tirar ele de sua cabeça mas era inútil, ele estava por todo lugar, ela escutava a sua voz, sentia seu olhar doce sobre si.

Em toda a sua vida nunca se sentiu tão triste como estava agora, nem mesmo na morte de sua mãe que foi um dos momentos mais difíceis da sua vida.

O peso estava em si, além de ter o magoado disse que apenas havia o usado. E aquelas palavras? Aquelas palavras que ele disse sobre Catherine, ele estava certo, ela era igualzinha ao seu pai.

Bebeu um longo gole sentindo seu corpo corresponder a bebida gelada. Seus olhos ardiam, sua boca estava dormente, ela se sentia zonza e enjoada.

Ela não conseguia comer e muito menos dormir, o álcool era a única coisa que preenchia seu corpo agora.

Ouviu três batidas na porta e logo depois uma brecha de luz desenhar seu chão, era a luz do corredor e provavelmente a pessoa que estava ali era uma de suas empregadas a chamando para comer algo.

— Senhorita Park? — A mulher de cabelos grisalhos chamou a mais nova de modo baixo. — O senhor Kim está lá embaixo.

— Diga a ele que já estou descendo. — Ordenou vendo logo em seguida a brecha de luz sumir, a porta estava fechada mais uma vez.

Se levantou caminhando até o frigobar, pegou a garrafa de uísque pela metade e seu copo. Ainda estava de pijama e não se esforçaria em colocar uma roupa apresentável, muito menos arrumaria seus fios loiros e compridos que formavam até nós.

Quando saiu do cômodo foi pega pela luz amarela do corredor, esfregou os olhos com os braços – já que as mãos estavam ocupadas – e desceu as escadas.

Entrou na sala e avistou o moreno parado na frente da grande janela onde dava a visão do jardim mal cuidado. Suspirou deixando a garrafa na mesinha de centro e se sentando no sofá chamando a atenção de Doyoung.

— Cate! — Se virou e encarou a amiga, Catherine estava péssima, estava o próprio caos tanto por fora como por dentro.

— O que houve? — Procurou pelos cigarros. — Merda...— Reclamou baixinho revirando os olhos. — Daya! Traz os meus cigarros! — Inclinou a cabeça para trás chamando pela mesma mulher que havia a chamado.

— Como assim o que houve? Você não aparece a dias e me pergunta o que houve? — Doyoung cruzou os braços vendo a menor bufar.

— Eu fiquei doente. — Se encolheu no sofá e levou o copo até a boca tomando um gole.

— Por que não atendeu as minhas ligações? Ou me respondeu? — As feições da Park estavam diferentes, ela estava séria, seus olhos estavam fundos e vermelhos.

— Já disse que estava doente. — Olhou ao redor procurando a mais velha, céus porque estava demorando tanto?

— Cate, você demitiu o Mark, sumiu e agora está agindo feito uma criança! — Respirou fundo. — Deve estar bem doentinha mesmo. — Daya apareceu com o maço de cigarros e o isqueiro fazendo Catherine sorrir largo.

— Veio aqui para discutir? — Levou um até os lábios rachados e logo acendeu. 

— Não, tem outra coisa também. — Passou as mãos pelos fios negros e desarrumados. — Aconteceu de novo. — Olhou para Cate que estava mais interessada na fumaça do que em si. — O dinheiro...ele...

— Eu sei. — Bebeu outro gole vendo o maior franzir a testa. — Eu sei quem foi. — Doyoung ficou parado por um tempo encarando a mais velha. — Foi o meu pai.

— Como tirou essa conclusão? — Viu a menor soltar a fumaça pelo nariz enquanto fitava a garrafa esquecida em cima da mesinha.

— Ele me disse. — Doyoung fechou os olhos se virando novamente para a janela. — E eu andei pensando...— Bebeu outro longo gole. — Só uma pessoa, além de mim, tem acesso as contas da empresa. — Brincou com o gelo no copo. — Essa pessoa é você Dodo.

Doyoung abriu os olhos e respirou fundo, se virou para encarar a mais velha que já o observava. Seus olhos não diziam nada, ela apenas estava o encarando.

— Eu...— Abraçou o próprio corpo umedecendo os lábios. — Eu não tive escolha. — Cate juntou as sobrancelhas. — Ele me ligou uns meses atrás pedindo para que eu desviasse o dinheiro para a conta dele. — Coçou a cabeça de modo nervoso. — É claro que eu neguei, mas ele me ameaçou. Eu não levei muito a sério até a minha irmã dizer que alguns homens estavam seguindo ela. — Doyoung se sentou ao lado da loira sem a olhar nos olhos. — Quando ela ia trabalhar, quando ela voltava para casa...quando ela buscava a Yerim na escola.

Catherine largou o copo na mesa e passou a mão pelo rosto, ela iria explodir.

— Depois ele me ligou de novo e eu concordei desde que ele parasse de mandar aquelas pessoas. — Fitou por um minuto o rosto da menor. — Quando ele disse o quanto queria eu surtei mas daí...— Massageou os joelhos. — Eu me lembrei da minha sobrinha e da minha irmã, eu não podia permitir que algo acontecesse com elas Cate. — Olhou para a amiga. — Você me entende?

— Sim. — Doyoung respirou aliviado. — Ele fez a mesma coisa comigo. — Olhou para o maior. — Não se preocupe, eu vou tomar as devidas providências. — Deu uma última tragada antes de descartar a bituca. — Sinto muito por isso. — Pela primeira vez Doyoung havia recebido um abraço da loira.

BO$$;;;; // Mark Lee Onde histórias criam vida. Descubra agora