Prólogo

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Breu.

Era como se houvesse um grande véu sobre meus olhos, que não me permitiam enxergar absolutamente nada.

Calmaria.

Não podia-se ouvir som algum... Nem mesmo os meus próprios batimentos cardíacos.

"Será que eu morri?".

Forcei-me numa desesperada tentativa de descobrir o que acontecera, e que lugar era aquele onde me encontrava.

"Eu acho que me lembro...".

Subitamente fui tomada por uma enxurrada de lembranças, mas estagnei diante das mais recentes.

Vislumbrei-me diante de um jovem que jazia sobre um luxuoso sofá. Olhei ao redor, não parecia haver mais ninguém naquela gigantesca mansão. Aproximei-me dele, e tamanha foi minha aflição ao perceber que o seu coração não estava batendo.

"Ayato.".

Naquele momento ele chamou-me de panqueca pela primeira vez. O primeiro vampiro que conheci, tão impulsivo... As primeiras presas que perfuraram meu imaculado corpo.

Repentinamente, tudo mudou. Via-me agora diante de outro... Vampiro. Ele me entregava um punhal...

"Subaru... O punhal que sua mãe havia lhe confiado, e você entregou-o a mim.".

Um piscar de olhos e eu estava junto a Kanato, e ouvia-o resmungar a respeito de algo sobre eu não conhecê-lo... Havia café espalhado e...

Havia uma tensão pairando no ambiente, parecia que dois deles estavam competindo por algo numa disputa de dardos...

- A vadia é sua Shu. – Um deles disse enquanto se aproximava de mim.

"Lembro-me bem desse insolente dirigindo-se a mim como vadia... Laito. E aquele ali... Shu.".

Senti um leve rodopiar de meu corpo, em seguida estava sentada e um jovem oferecia-me uma xícara de chá. Tentei conter-me, mas foi em vão... Eu estava ali, mas não tinha controle sobre minhas ações. Sorvi o chá e desmaiei.

"Reiji.".

Sim, havia-me recordado daqueles seis irmãos, que por acaso também eram vampiros aos quais fui entregue, como uma espécie de oferenda. Ainda não podia acreditar que meu pai havia me condenado a um destino tão cruel quanto aquele, ser devorada por uma família de vampiros.

"No fim das contas, ele não era mesmo o meu pai...".

Senti um gosto amargo em meus lábios e um estranho formigamento percorrer toda a extensão de meu corpo, e em meio a murmúrios lembrei-me de algo mais.

- Ninguém mais vai poder me machucar. – Gritei, enquanto o punhal que Subaru havia me confiado, ia de encontro ao meu peito.

"Sim, eu morri. Mas...".

Enquanto eu estava inconsciente, os seis irmãos conversavam.

- Reiji, isso vai mesmo funcionar? – Ayato estava ansioso, parecia até mesmo preocupado.

- Eu acho que sim, mas não há como prever as consequências do ato impensado dela. – Reiji fitava o frasco – agora vazio – em suas mãos.

- Você acha que Cordélia poderá controlá-la novamente? – Shu soava hesitante.

- O cheiro dela está diferente, é como se agora ela fosse uma espécie de fusão das duas. – Laito aproximou-se, e pela primeira vez não se referia a mim como 'vadia'.

- Provavelmente, ao perfurar o coração da mamãe, o sangue das duas se mesclou. – Kanato apertava Ted - seu ursinho -, trazendo-o para mais junto de si.

- Essa não é mais a Yui que nós conhecemos. – Subaru limpava cuidadosamente o punhal com o qual sua mãe o havia presenteado na infância.

Certamente eu não era mais a mesma, no entanto ainda não havia tomado ciência disso. Eu ainda lutava para sair daquele estado de inércia... Mas não demorou muito e o véu foi se desfazendo, permitindo que vagarosamente meus olhos se entreabrissem.

Enfim,eu despertei.

Red Moon - Depois do Despertar (Versão sem Censura)Onde histórias criam vida. Descubra agora