SETE MESES DEPOIS
Ao acordar, o homem sequer sabia onde estava. Sua cabeça doía horrores e sua mente parecia ter sido totalmente apagada. Lembrava-se apenas de olhos bonitos, com um tom tão claro, que todos os seus sentidos ficavam perdidos apenas por lembrar-se.
Mas, boa parte de toda sua vida e memória não estava ali. Ele sabia que sim, já que suas memórias recentes não existiam, assim como boa parte das suas memórias antigas. Era como ter um rombo, ou como rasgar uma parte do livro na melhor parte, ou até mesmo parar uma cena na melhor parte.
O homem suspirou. Sentia-se dolorido, mas, seu corpo estava intacto. Com exceção de suas roupas que estavam completamente sujas de poeira, e pareciam terrivelmente novas.
De luxo, propriamente ditas.
Sentou-se no chão, encarando as paredes escuras. Estava no meio da rua, fazendo absolutamente nada. E dado ao céu, logo seria noite.
Com calma, ele se levantou, apoiando as mãos no joelho, enquanto respirava fundo.
Por quanto tempo não respirava? Por que seu coração e corpo pareciam bater fortemente e todo seu ser estranhar reações aparentemente tão comuns?
E ao puxar o ar, sentiu-se tonto.
Seus pulmões queimavam e seus batimentos cardíacos ficaram ainda mais fortes.
A sensação era estranha, mas, incrivelmente satisfatória. Dentro de todas as reações do seu corpo, parecia que a anos que seu ser não experimentava boa dose de todas aquelas sensações e novos ares. Principalmente os novos ares e os batimentos cardíacos.
Seus olhos castanhos encararam ao redor, procurando algo para que pudesse se encontrar. Quando encontrou firmeza total em suas pernas, andou calmamente. Apalpando os próprios bolsos, encontrou um celular e de lá puxou-o.
Sua memória não estava apagada, já que lembrava-se muito bem daquele telefone. E ao digitar a senha, deu de cara com seu papel de parede, este que lhe deixou muito surpreso.
Os olhos claros. Tão bonitos e intensos, que todo seu ser tornou a ficar tonto.
Era uma garota, de uma beleza tão esplêndida, que ele sentiu-se perdido e intimidado. Os olhos claros, em tons de roxo. As orelhinhas em cima da cabeça, em alerta, demonstrando total atenção e possível felicidade. Era uma híbrida.
O homem sorriu. Assim como sorriu ainda mais ao encarar o rabinho que estava enrolado por toda a perna da garota na foto. Ela estava perfeitamente posicionada para foto, entre os lençóis e sorridente.
Sorria para alguém. Mas, o homem sequer entendeu para quem ela estava sorrindo.
Paciente, entrou na galeria, vendo todas as fotos. Dela, suas, e fotos dela consigo. E muitas destas fotos, eles estavam beijando-se.
Seus olhos se arregalaram. Mas, ao puxar pela memória, não conseguia entender.
Quem seria essa garota bonita, que ao mesmo tempo que parecia tão desconhecida, todo seu corpo parecia reagir muito bem a si? Por que seu coração batia forte ao ver tantas fotos? Por que, em cada foto ele parecia tão feliz?
Logo em seguida, a dor de cabeça se fez presente. Mas, nada conseguiu fazer a não achar o primeiro número que encontrava na lista telefônica do celular.
E ao terceiro toque, o telefone atendeu.
— Alô? Jimin? — A voz do outro lado parecia surpresa.
— Eu preciso de ajuda. — A voz saiu fraca. Não sabia o que dizer e sequer sabia quem era do outro lado da linha. Mas, tinha ciência de que essa pessoa o conhecia. Então, provavelmente poderia o ajudar.
— Onde você está? — O homem olhou ao redor, e suspirou, não sabia onde estava.
— Não sei onde estou. Eu sinto que não conheço nada, eu não consigo me lembrar de absolutamente nada. — Respirou cada vez mais forte.
— Você consegue ver algum ponto que chame sua atenção? — A voz do outro lado parecia calma, e isso serviu para lhe deixar calmo.
— Uma loja de doces, bem grande. — O homem apenas respirou fundo, sentando-se em qualquer lugar que encontrou. Suas pernas estavam doendo, sentia-se muito cansado.
— Sei onde fica. Vou buscar você.
Apesar de sentir confiança vindo da voz alheia, sentiu-se nervoso. Deveria confiar? Não é porque encontrou o número em sua possível agenda telefônica que deveria confiar.
— Não sei se devo confiar em você. Eu ao menos te conheço. — Sua voz soou cansada, estava aos poucos rendendo-se ao cansaço.
— Dentro de todas as coisas que você já fez no mundo, uma delas foi confiar em mim. Acredite, existem duas pessoas que se podem confiar no mundo em que vivemos. — Novamente, a voz pareceu calma, mesmo que estivesse completamente séria. — Eu e você.
— Estou em um banco qualquer. Acho que você pode reconhecer meu rosto, mesmo que eu não saiba quem você é. — Suspirou novamente, sentia-se confuso. E logo desligou, encarando qualquer outro lugar, mas, seus olhos foram de encontro ao celular.
E encarando o papel de parede ali, ele ficou completamente perdido naqueles olhos.
Eram somente aqueles olhos.
Não lembrava de absolutamente nada. Sequer sabia que dia era aquele, nem mesmo suas memórias recentes ainda existiam. Se perguntava claramente o que havia deixado para trás, e principalmente, quais são os bens que Jimin tem?
Já que esse era seu nome.
Quem seria ele? O que ele era?
Passou as mãos trêmulas sobre os cabelos, sentindo-se estranho. Por que tudo parecia tão estranho?
Sua cabeça estava o puro caos e ele parecia não se lembrar de absolutamente ninguém, nem mesmo de si próprio.
O que diabos estava acontecendo consigo?
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Blood And Innocence
WampiryX [NÃO ACEITO ADAPTAÇÕES DESSA OBRA] X [EM ANDAMENTO] Park Jimin é um vampiro de muitos princípios e segredos. Princípios estes, que são quebrados em uma briga de grupos inimigos e que acarretam misteriosamente o seu desaparecimento. Contudo, a lei...