4 | A mais conhecida (Quinta-feira)

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Tudo o que Wayne é tem a ver com ser garota. Sua mãe sempre diz isso, mas ela não entende o porquê. Sua mãe também sempre a leva até a praia. Ela simplesmente odeia quando isso acontece, já que fica com areia até nas orelhas. Não entende como sua viagem favorita em família foi ir à Califórnia. Deve ser porque foi a primeira vez que visitou o exterior.

Hoje o dia está frio e Wayne usa um suéter cor de areia, sendo esse o motivo por ela ter passado a noite pensando em praia. Já que o tempo não tem a ver com isso, afinal, a ponta de seu nariz parece congelar. As pernas estão pretas pela meia calça e seu short de cintura alta é a última moda.

No primeiro momento ela quis ter uma aventura e seu sorriso coloriu a face. Até que ao pensar melhor decidiu ter só mais um dia.

Ela se lembrou do seu melhor amigo, que sempre a abraçava com os braços em volta de seu pescoço em dias de frio. O motivo é que ela sente calafrios demais na parte da nuca.

— Oi, Wanna — ele sentou ao seu lado.

Wayne não fazia ideia do motivo que trazia Ondy até ali. Ela nem sabia seu nome, diferente dele, que já a chamava pelo apelido.

Ele estava sem camisa de frio e os p ê los de seu braço estavam eriçados pelo contato com o vento gelado. Sem contar os seus lábios que mudaram de cor para um roxo apagado.

Ela desviou o olhar dos traços do rapaz e se concentrou na casa laranja do outro lado da rua.

Eles tinham saído mais cedo, mas Wayne não conseguiu ligar para os seus pais, então teria que ficar esperando por uma hora. A maioria dos alunos já tinha ido embora e ela começava a ter medo de ficar sozinha na escuridão.

— O que foi? — ela perguntou sem corresponder à sua saudação.

— Nada que eu realmente queira contar — ele ocultou.

— Está muito frio e todo mundo já foi embora. Mas você continua aqui.

— Tenho que esperar — ele não parecia querer que ela ficasse de especulações, então a menina estendeu a mão e segurou a dele. Voltando em seguida a mão para dentro do casaco. A dele estava gelada, mas a intenção de esquentá-la poderia dar certo.

Ele parecia quase não conseguir respirar por causa dos ventos gelados. Ela se permitiu aproximar dele, encostando-se a seu braço com o suéter quentinho.

— Pensei que ficaria calor com o passar das horas.

— Não precisa se preocupar — ela apertou a mão dele.

Ficaram quietos naquela posição por tempo indeterminado, até que suas mãos ficaram quentes e Ondy desejou que ela esquentasse a outra também.

— Eu não ligo se não tivermos muito o que dizer — falou ele.

Wayne sempre gostou do silêncio, pois a fazia extremamente bem.

Um vento forte e gelado bagunçou o cabelo dos dois, fazendo Ondy se arrepiar.

Ele deixou que seus olhos espiassem a garota ao lado, permanecendo assim para guardar um pouco de seus traços. Um pingo de água caiu na ponta do nariz dela e a chuva começou.

— Oh — eles riram um pouco.

Ondy levantou e ainda segurando a mão de Wanna, a guiou para a divisão entre a escola e uma casa vizinha. O lugar tinha um pequeno teto. Tiveram que ficar perto demais por causa do vento que trazia a garoa fina até eles.

— D eixe -me segurar suas duas mãos — Wayne pegou-as e as colocou no bolso da frente de seu suéter, junto com as dela.

Ele não se sentia de todo confortável em ficar tão próximo dela, mas não se importou em receber um pouco de seu calor.

— Como estão as coisas? — ela perguntou.

— Ainda ruins.

— Ela não te perdoou?

— Não a vejo mais — abaixou os olhos, encarando o tênis avermelhado de Wayne.

— Eu sinto muito — ela respondeu com pena.

— Não precisa. As coisas vão mudar alguma hora.

— Sobre o meu melhor amigo: eu também não o vejo há um bom tempo.

— Estamos com pouca sorte, não é? — deixou escapar uma risada fraca e sem humor. Ele realmente n ã o parecia feliz. Wanna tamb é m n ã o.

— Você ainda mais, já que está passando frio. — Também se permitiu esboçar um pequeno sorriso.

A luz de um farol piscou e Ondy rapidamente recolheu as mãos. Não poderia saber se o pai da menina brigaria com ela.

— Espero que a hora de esperar acabe — ela disse antes de correr até o carro para evitar a garoa fria.

Ele levanta o braço e acena hesitante.

— Já acabou — diz para si.

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