Wanna tinha pensado bem sobre Ondy. Tinha pensado em se abrir e deixar seu pulmão esvaziar. Dependeria do que ele pensaria.
A vida para Ondy não poderia significar muito. Tudo o que ele está sendo tem a ver com sua única amiga.
Wanna.
Eles estavam andando pelo caminho lamacento até o lago. Wanna tinha dito que o ensinaria a nadar depois da escola. Os dois inventaram desculpas de "vou dormir na casa de um amigo (a) para fazer os deveres".
— Eu tenho aprendido a nadar até hoje — Wanna avisou.
— Eu só sei flutuar — ele respondeu.
— Você quis dizer boiar.
— Espero não flutuar mais — insistiu Ondy.
— Eu tive um sonho engraçado domingo. — Ela começou, a sua voz estava confiante, mas as mãos tremiam um pouco quando tirou a camisa.
Ela tinha ido de biquíni por baixo, mas Ondy, como tinha descoberto a ideia dela já no final da aula, ficou um pouco tímido por não ter roupa de banho. Foi sorte ter trazido o calção da Educação Física.
Ela caiu na água s endo acompanhada por ele.
— Eu estava com meu melhor amigo — voltou a contar —, e ele ficava branco... e ia morrendo aos poucos.
Ondy analisou bem o rosto molhado de Wanna. Ela parecia estar nervosa.
— Tinha sido depois da nossa discussão, quando eu disse que o amava e por isso não iria dar nenhuma comida a ele. Eu disse "vá se ferrar e leve sua namorada junto".
Ela ficou quieta, vendo o rapaz assimilar suas palavras.
— Ele disse "e se eu decidir ir embora, Wanna baby?". Sua voz estava doce como sempre. Respondi "espero que o seu embora signifique a morte".
Ondy pôde sentir a dor que a voz de Wanna despejava.
— Suicídio. Essa foi a resposta dele.
Lágrimas ou gotas da água do lago desceram por suas bochechas magras.
Ondy estava agora fazendo o que dissera antes. Flutuando.
— Se afogou — sussurrou ela.
A voz parecia distante.
— A minha melhor amiga não existe. — A resposta dele foi essa.
Um ponto de interrogação apareceu no semblante dela.
— Ela era uma amiga imaginária. Não consiga vê-la mais. É como se minha imaginação estivesse limitada.
Os dois flutuaram para longe. Sentiram-se perdidos em seus próprios devaneios.
A noite está mais escura do que o habitual. A tristeza parece maior que a causa. A agonia de inexistência bate na porta de qualquer um. Só querem uma hora dizer "já chega, eu desisto".
Só querem uma hora esquecer aquilo que é árduo guardar.
Só querem amar um pouco e viver normalmente.
— Vai ficar tudo bem? — Wayne pergunta.
— Não irei me matar, doce de leite.
— Não sou fruto de sua imaginação — e finalizou: — E se for, espero que ela não se limite nunca mais.
Fim.
História dedicada a D.
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Os Melhores
Short StoryDois estudantes e seus melhores amigos. Esta será uma short story com um pouco mais de dez curtos capítulos. Baseada no CD I Love You da banda The Neighbourhood.