6 | Deixe pra lá (Segunda-feira)

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Sua família sempre morou nessa cidade pequena, onde os automóveis são velhos por tanto viajar. As coisas est ã o sempre distantes.

Wayne não sabia com o quê gastar o seu dinheiro, então sempre os ficava acumulando. Pela manhã ela tinha contado e descobriu ter duzentos reais. Ela pensou a aula toda em investir em algo, mas não fazia ideia. Escolheu a opção de continuar guardando. Nunca se sabe o que pode acontecer. Talvez ela precisasse do dinheiro mais tarde.

O passar dos dias estava lento pra ela. Já contava cinco. Cinco dias que as aulas tinham voltado e ela se sentia incomodada por estar sozinha, sem o seu melhor amigo. Ele sempre esteve tão perto dela ... M as tinha decidido deixá-la sem um argumento válido. A menina estava totalmente infeliz.

Às vezes, antes de dormir, ela se debatia de raiva na cama.

Ela se lembra de tudo o que ele disse naquele dia. No dia em que ele decidiu abandoná-la.

É tão estúpido como algumas decisões acabam com os outros. E por mais que ela quisesse se desculpar, a culpa tinha sido apenas dele!

Algumas pessoas tinham dito "deixe passar", mas Wayne não conseguia.

— Wayne doce de leite — Ondy sentou ao lado dela. Hoje o garoto estava com um moletom.

Ondy tinha procurado por ela no dia anterior, mas não a encontrando no lugar de sempre e na mesma hora, f oi embora.

— Qual o seu nome, garoto estúpido ? — Pediu com delicadeza forçada.

— Vejo que está de mau humor, estou certo? — Ele sorriu.

Ela não o tinha visto sorrir muitas vezes. Nem tinha reparado nisso.

— Está sim, doce de leite condensado — ironizou.

— Pode me contar o que houve? — pediu ele, tirando as mechas que caíram no rosto dela. Wanna n ã o gostou desse contato.

— Não. Você tentará consertar a situação e não quero isso — deu de ombros.

— Tudo bem, então.

Os dois encostaram-se ao grande caule da árvore, olhando a rua sem movimento.

— Acho que irei esquecer isso para sempre e sempre... — murmurou ela.

— Se for importante você pode cultivar isso. Talvez d ê bons frutos.

— Tem razão. Não posso esquecer meu melhor amigo.

— E eu não consigo esquecer a minha melhor amiga.

— Vamos deixar os dias passarem. Eu posso te ajudar e você me ajuda.

— Acho uma boa ideia.

Os dois não ouviam mais nada à sua volta. Só conseguiam pensar em como poderiam ajudar um ao outro. As duas situações eram delicadas.

Wanna não poderia fingir mais. Ela estava triste como nunca estivera.

Quando seu pai chegou para levá-la até sua casa quentinha, ela não se intimidou em dar tchau a Ondy.

Dizer tchau é desagradável.

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