Capítulo 29

8.1K 729 121
                                    

Valentina

Não sei quantas horas se passaram desde que Cibelle disparou três tiros no peito de Philipe. Só me lembro de ter passado muito mal e sagrado bastante. É bem provável que eu tenha desmaiado, o que me faz lembrar que estou grávida ou estava, não sei ao certo.

Nesse momento estou deitada  no chão frio com muita fome e sede, meu corpo treme involuntariamente não tenho forças pra me levantar, mas faço um esforço e consigo sentar tateando e rastejando no escuro tentando achar algo pra me escostar, logo encontro a parede e me encosto, sentindo meu corpo um pouco dolorido. Toco minha barriga pressionando levemente tentando sentir algo dentro de mim, mas não sinto nada. Deus queira que ele ainda esteja aqui.

Olho ao redor tentando achar um mínimo feixe de luz, mas é tão escuro, é impossível ver qualquer coisa, eu tenho tanto medo da escuridão, fecho os olhos e me encolho abraçando as pernas e apoiando a cabeça nos joelhos, começo a chorar, pedindo a Deus pra esse pesadelo acabar logo e eu voltar pra casa e cuidar do meu bebê.

Será que Max está me procurando? E se ele não tiver ido atrás de mim, porque não quer o bebê? Meu Deus se ele não for me procurar nunca vão me achar e eu vou morrer aqui. Alícia não sabe o que está acontecendo e pode imaginar que eu voltei pra casa. Quando sentirem minha falta vai ser tarde demais. Me desespero e choro copiosamente até não ter mais forças e lágrimas para chorar.

__ Socorro! __ grito mas minha voz sai fraca e trêmula. __ Alguém me ajuda! __ tento mais uma vez e não tenho nenhum retorno, eu estou no meio do nada é óbvio que não tem ninguém pra ajudar.
Sentindo-me derrotada, deixo o meu corpo cair deitado no chão, trêmulo de frio, mas não é isso o que me faz tremer e sim o medo do que pode acontecer, do que aquela doida pode fazer comigo, e não vai ter ninguém pra me ajudar.
Os minutos vão se passando e o dia demora pra amanhecer, eu só quero sair daqui, não aguento mais essa agonia.

                      ___&&___

Ouço passos a minha volta e abro os olhos lentamente nem percebi que tinha pegado no sono, Cibele está dando voltas com um celular na mão.

__ Acordou bela adormecida? __ pergunta com ironia. __ pensei que tinha morrido, não que isso fosse me deixar triste, mas ia acabar com a minha diversão.

__ Porque você tem tanto ódio de mim? __ questiono me sentando no chão. __ Eu nunca te fiz nada, eu não entendo essa implicância desde sempre.

__ Voce destruiu a minha vida a minha carreira... Como tem coragem de abrir a boca e dizer que não fez nada? __ diz enfurecida.

__ A minha atitude foi a que qualquer um em meu lugar tomaria. __ falo tomando coragem e me levantando. __ E você já implicava comigo desde que eu pisei os pés na empresa, mesmo sem nunca ter te falado um A.

__ Você queria tomar o meu cargo, e sempre dava ideias ao Heitor contrárias as minhas. O que custava você dizer que o meu trabalho estava ótimo e não precisava de mudança? __ fala chegando bem perto de mim. __ Ele sempre aceitava suas ideias, te achava criativa e inteligente, vivia falando de você para todos. Ele não me dava o reconhecimento que eu mereçia, sendo que eu estudei em uma faculdade renomada em quanto você fez um cursinho profissionalizante de merda. Você acha isso justo?

__ Eu só estava fazendo o meu trabalho...

__ Não! __ me interrompe. __ Seu trabalho era servir cafezinho, atender telefonemas e anotar recados, mas não você queria aparecer e se intrometia onde não era chamada e eu tinha que tomar alguma atitude ou qualquer dia ele te colocaria no meu lugar. __ ela fala com tanta mágoa e ressentimento. __ Então eu comecei falar mal de você para todos, falava que você era interesseira, falsa puxadora de tapete...

__ Nunca foi minha intenção tomar o seu lugar, isso é coisa da sua cabeça. __ falo tentando explicar.

__ Essa sempre foi sua intenção e Heitor te dava corda, ele te tratava diferente, eu cheguei a pensar que você tinha um caso com ele. __ que horror, como ele pode pensar isso de mim? __  E os homens ficavam falando o quanto você era linda, e você adorava ir trabalhar com roupas coladas e com decotes, tudo pra chamar atenção deles, você adora ser o centro das atenções e ter vários homens em cima de você.

__ Cibelle, você precisa conversar com um psicólogo sobre essa obseção que tem comigo, você vai se sentir melhor. __ sinto um tapa tão forte no meu rosto que tenho que me equilibrar na parede pra não cair.

__ EU NÃO SOU LOUCA! __ grita com a respiração ofegante e bufando de ódio. __ E NÃO SOU OBSECADA POR VOCÊ! __ fala e começa chorar  fico parada no canto não ouso abrir minha boca pois ela está parecendo a verdadeira louca e está armada. __ Eu só quero me vingar de você, porque você merece isso.  Sua descarada, vagabunda. Se você não trabalhasse  na empresa eu seria a rainha daquele lugar, e estaria namorando com Maxwell, mas você foi toda atirada se jogando em cima dele na primeira oportunidade, você não presta, não vale nada e por isso vai pagar por todo mal que me fez desde que cruzou o meu caminho. __ ela se aproxima mais um pouco com uma expressão fria no rosto, vou me afastando conforme ela se aproxima. __ Eu poderia te matar agora mesmo, mas eu quero que você sofra, sofra muito, eu fico feliz vendo você sofrendo e morrendo de medo. __ quando ela avança eu corro ou tento pelo menos pois não chego a da um passo ela me puxa pelos cabelos. __ Pensa que pode correr de mim? Eu vou te dá uma lição pra te ensinar como se trata uma puta, vadia igual a você. __ sou jogada no chão com força me arrasto de costa tentando me levantar, ela vem novamente me Dando chutes e tapas no rosto.

__ Pa-para... Para por favor. __ peço chorando, tentando me defender dos seus golpes mas é em vão, ela continua me batendo de todas as formas possíveis, parece descontrolada e eu sinto que estou perdendo a consciência, pois não tenho mais forças para me defender dos golpes apenas gemo a cada pontapé.

No último chute que desfere contra mim, sinto o ar faltar e uma dor tão profunda nas costelas, respiro fundo tentando encher os pulmões de ar mas não consigo, é como se algo estivesse impedido o ar de passar na minha garganta.

E como em um passe de mágica eu já não estou no chão agonizando de dor e sim em corredor muito grande e escuro com uma única luz no final. Corro desesperadamente ao encontro da luz mas parece que ela fica mais e mais distante, desisto de correr e  passo a caminhar. A luz some por um momento voltando a ficar tudo escuro. Quando volta eu vejo ele. Max. Ele  está tão lindo em um terno azul o mesmo do primeiro dia que eu o vi e fiquei encatada com sua beleza.

__ Max! __ chamo correndo em sua direção, mas ele não me ouve. __ Max me ajuda por favor! __ berro a todos pulmões. Como se a minha vida dependesse disso e com certeza ela depende. Meus olhos brilham de felicidade quando olha pra trás, mas ele não me ver e sai ficando cada vez mais longe de mim levando a luz com ele. __ Não vá, não me deixe aqui... __ entro em desespero. Eu clamo, me esgoelo e urro. Mas ele não para.

__/\/\/\/\/\___/\_/_________________________

Até o daqui a pouco...

Desejo IncontrolávelOnde histórias criam vida. Descubra agora