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CAPÍTULO 4
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MEU ANIVERSÁRIO

NÃO NOS ENCONTRAMOS NOVAMENTE EM 2012, mas sim, em 2013. Dia seis de novembro, no meu aniversário. Meu pai decidiu que faria a festa naquela chácara, ela era de um parente nosso. Que até hoje não sei muito bem, se é primo de terceiro grau, ou um tio perdido.

Estava fazendo dez anos, enquanto Jack já havia feito antes. Meus cabelos batiam no ombro, depois de um corte para o evento. Usava uma saia jeans, e blusa de calor. Devia estar uns trinta graus.

Como era meu aniversário, chegamos um dia antes. Na hora do almoço, enquanto os outros chegariam de noite. Eu mal podia esperar para vê-lo.

— Vocês não apareceram ano passado.— Disse uma voz, me virei vendo Richie pendurado no portão. Ele havia crescido um pouco, mas continuava do mesmo jeito.

— Uma família tinha alugado aqui. — Falei indo até o portão, e abrindo para o garoto entrar.

— Entendi, cadê o Grazer? — Perguntou olhando o quintal inteiro.

— Vai chegar de noite, provavelmente cansado. Amanhã você vem, vai ser meu aniversário. — Me sentei na mureta da área, balançando meus pés descalços na grama.

Depois disso, Tozier foi embora. Na verdade não tínhamos assunto, passei a tarde inteira deitada no sofá da sala. Com o ventilador ligado.
Então no fim da tarde, resolvi colocar o maiô e entrar na piscina. Estava gelada, mas me acostumei com o tempo.

Quando deu oito horas, começaram a chegar. Mas nada de Jack.

Recebi os presentes, só que guardei todos no quarto e tranquei. — As tias tinham uma mania chata, de querer abrir na minha frente. — Só abriria junto com o meu melhor amigo!

Só percebi que o garoto chegou quando ele pulou em cima de mim, na piscina. Resultado: um chute na cabeça.

— Ai... — Resmunguei quando mamãe encostou o gelo. Jack estava sentado na minha frente, triste por ter me machucado.

— Desculpa, não tinha visto você. — Falou baixo. Dei um sorriso, que logo se desfez quando senti uma pontada na cabeça.

Quando deu onze horas, fomos dormir. Mas antes, chamei Jack para abrir os presentes comigo. Entramos no meu quarto e fechamos a porta, eu vestia um pijama de ursinho, e o garoto apenas uma bermuda de moletom. Nossos cabelos estavam molhados, depois do banho.

— Abre primeiro o meu! — Ele falou me entregando uma caixa pequena, o embrulho era fofo. Não me lembro muito bem, mas na época me cativou demais.

Sorri animada, rasgando o papel. Quando vi a caixinha, tombei a cabeça curiosa. Abri a mesma, vendo uma pulseira delicada, banhada a ouro.

— Gostou...? — Levantei a cabeça, encarando Grazer.

— Eu amei! Obrigada, obrigada, obrigada! — Pulei em cima dele, abracei o garoto que tinha a mesma altura que eu. Caímos na cama, e ali ficamos abraçados. Como duas crianças inocentes.

Acabamos dormindo, e deixando os outros presentes de lado.

No dia seguinte abrimos eles, a maioria era roupa. O ruim de quando começa a deixar de ser uma criança, é que você só ganha roupa, chinelo e mais roupa.

Richie apareceu só um pouco, pois tinha compromisso. Mas mesmo assim, conseguimos aproveitar bastante.

Na hora do parabéns, comemos o bolo rapidamente. Só para voltar a nadar, pulamos na piscina após deixar os pratos na mesa. Apostamos corridas, quem pulava mais longe, e até rimos do meu dente que caiu enquanto nadava.

— Quem é a banguela agora? — Provocou, enquanto eu levava o dente até o lixo.

— Sua mãe. — Usei o termo que todos da escola usavam, fazendo Jack arregalar os olhos. Dei risada de sua expressão e sai correndo.

𝗢𝗖𝗘𝗔𝗡 | 𝗝𝗔𝗖𝗞 𝗚𝗥𝗔𝗭𝗘𝗥.Onde histórias criam vida. Descubra agora