onde você encontra o oceano, nos olhos do seu velho amigo.
ou
onde Jack e você crescem juntos, graças aos seus pais serem amigos. E por destino, unidos por uma chácara de feriados.
capa por: @angefly
E EM 2017, eu começava o ensino médio. Meu quarto já não era mais lilás, e sim branco e preto. Alguns pôsteres de Arctic Monkeys, Conan, The Neighborhood, Bloodwitch... Entre vários outros. Uma guitarra preta no canto do quarto, unhas coloridas. Calças customizadas. Blusas largas, e quatro pares de ALL star no canto.
— Calma mãe! — Gritei sentado em cima da mala, não queria fechar de jeito nenhum.
— O que é isso? — Ela perguntou ao entrar no quarto, então pulei do lugar. Vendo ela abrir a mala e tirar meu skate de dentro. — Já não falei que ele fica?
— Mas mãe... — Juntei as mãos, vendo ela me fuzilar com os olhos e sair do quarto com minha mala.
Peguei o skate e coloquei dentro da camisa masculina, vesti uma blusa de frio enorme. E sai do quarto, descendo as escadas em pulos. Entrei no carro e tirei ela, peguei o skate e ajeitei ele em baixo do banco da frente. Sorri convencida e deitei a cabeça na janela.
Era mais uma das nossas viagens até aquela chácara, naquela época eu havia esquecido um pouco de Jack. Achava que era coisa da infância, que só foi mais um amigo. Tá, talvez não. Porque não tenho amigos, mas vai quê?
Foram longas horas de viagem na minha cabeça, mas na verdade poucas. Sai do carro cambaleando de sono, com meu par de ALL star cano alto vinho, velho e sujo. Os olhos quase fechando, bati a porta com a mesma mão que segurava o celular. Ouvia "Locked Out Of Heaven".
Esfreguei os olhos, andando atrás dos meus pais. Eles entraram na chácara, dei oi para alguns conhecidos. Claro que havia pessoas que não fazia ideia de quem era, mas enfim né? Todos vamos morrer um dia. Entrega na mão de Deus.
Arrastei minha mala até o quarto que sempre ficávamos, até ver um celular na cama. Peguei ele com curiosidade, não era de ninguém da minha família.
— Ei, esse celular é meu. — Uma voz rouca falou, me assustando. Virei ainda com sono, vendo uma figura alta e masculina. Cabelos um pouco grandinhos, sem camisa.
— Hum? — Ajeitei a postura, vendo ele andar na minha direção e pegar o celular. — Te conheço?
— S/n? — Cerrei os olhos, vendo melhor seu rosto.
— Seu rosto não me é estranho? — Falei coçando a nuca, parecia um bêbado, mas era apenas cansaço.
— S/n, sou eu! Jack! — Abriu um sorriso, não pude deixar de notar seu bigodinho crescendo. E o cheiro ruim vindo de algumas regiões, é, a puberdade chega para todos.
Dei um sorriso torto, não por esquecer dele, e sim pelo cheiro. Grazer me abraçou forte, me levantando do chão. Arregalei meus olhos, sem ar.
— Calma, eu não vou sair correndo. — Sorri ao ouvir sua risada, então me deixou no chão novamente e colocou o celular no bolso.
— Bom, vou deixar você descansar. Richie está lá fora, esse menino só piorou sério. Precisa ver. — Jack disse saindo do quarto, soltei um riso fraco. Me jogando de braços abertos na cama.
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Só me lembro de acordar com um balde de água gelada, e alguns gelos entrando pela minha camisa. Sentei como um vulto na cama, escutando duas risadas que uma hora eram finas e na outra, grossas.
— Vocês parecem duas gazelas, que engoliram um bule. — Falei irritada, empurrando os dois e correndo para o banheiro. Tirei a camisa, vendo os gelos escorregarem para o chão. Meus lábios caíram, como se fosse chorar. O cabelo escovado, agora estava molhado.
— Epa Epa, essa visão a gente não tem todo dia! — Olhei para o espelho, vendo Richie com um sorriso irônico.
— Sai daí seu idiota. — Jack puxou ele e fechou a porta, tampando seus olhos com a mão.
Sorri brincalhona, peguei a camisa e passei ela pela minha barriga. Tremia de frio, abri a porta para ver se eles continuavam lá. Mas não, então sai e peguei uma toalha na mala.
Tomei um banho quente, e infelizmente tive que lavar o cabelo depois de horas escovando ele.
Sai da casa, de toalha nos cabelos. Um moletom lilás, e short de academia curto por baixo. Na mesa, Tozier piscava freneticamente para mim, mostrei o dedo do meio para ele que riu.
"Você tem doze chamadas perdidas de Amor"
— Namorado S/n? — Me virei, vendo Jack com um sorriso triste.
