A Escolha de Maçã

5. O dote?

Maçã

Acordei sobressaltada por um pesadelo de que estava sendo mordida por um Austin furioso na cerimônia de pacto e me sentei no sofá no qual estivera enrolada para me acostumar com a claridade da manhã entrando pelo cômodo rústico.

'' Está tudo bem. '' — respirei fundo e olhei na direção do leito no qual o sardento estava deitado de bruços numa boa exibição de suas costas e parte do traseiro desnudo, pois as cobertas tinham escorregado.

— Você fez a sua escolha. — sussurrei já mais calma e afastei a manta que cobria as minhas pernas antes de caminhar apressada na direção do banheiro.

E após fazer a minha higiene matinal, eu vesti um casaco por cima de meu pijama e desci a escadaria pela propriedade silenciosa até chegar a cozinha e dar de cara com a minha sogra fazendo o café da manhã.

— Desculpe. — falei assim que ela me notou.

— Tigres quando estão caçando deixam as consortes cansadas em seus retornos, mas vejo que ainda assim você é parecida comigo em conseguir acordar cedo mesmo tendo passado a noite com o meu filho num módulo pervertido. Quer chá? — riu indicando uma garrafa térmica azul royal.

'' Eu deveria ter ficado lá em cima. '' — lamentei indo me servir.

— Obrigada. Não consigo dormir muito quando estou num ambiente diferente. Seu filho ainda está apagado no quarto. — segurei uma caneca de cerâmica cheia do líquido fumegante tentando pensar num modo de sair discretamente.

— Filha?

— Sim?

— Eu tinha as minhas dúvidas sobre você e até mesmo achei que tivesse enrolado o meu filho quando chegou um dia antes a Rússia, mas depois de ontem. Sei que eram apenas paranoias de uma mãe preocupada com a cria sendo aceita. Você e ele foram feitos um para o outro e agora estou ciente de que não precisarei me preocupar com isso. Porque tenho uma boa nora. — confessou admitindo ter sido enganada pelo teatro que vira. O que era bom para o meu casamento falso, pois não teria uma sogra lunática em meu pé como algumas conhecidas já possuíam.

'' É fácil agir assim quando se casou com um homem por quem já estava apaixonada e não se importara com o que ele era quando descobriu que a união viera com um segredinho tenso de bônus. '' — achava aquilo uma hipocrisia, pois sabia da história dela que fora exatamente como a de minha mãe e de outras tantas consortes dos homens importantes nas famílias.

— Obrigada por confiar em mim. Estou feliz em ter passado no teste de entrar para uma família tão acolhedora como a Tarkovisky. — em partes não estava mentindo, pois gostava deles ainda que fossem completamente malucos.

— Dentro de alguns dias sairemos com a sua mãe para a prova dos vestidos e estou orgulhosa com a ideia de poder chamá-la oficialmente de filha. — citou a pá de terra que me enterraria e quase engoli em seco.

— Estou ansiosa para este momento. — não podia fazer nada além de sorrir e continuar mentindo porque tinha optado por estar ali ao invés de correr.

— Sua mãe e eu temos grandes planos. Poderemos falar de uma prévia enquanto me ajuda a preparar o café da manhã para o batalhão. — tagarelou e passei a executar as tarefas enquanto apenas sorria e concordava com as coisas das quais nem mesmo estava prestando a atenção, pois a minha mente estava bem longe.

A mesa do café já estava posta quando o restante do clã T descera e Austin era um deles.

'' Como sempre fazendo essa cara de lerdo alienado. '' — pensei o observando se sentar numa cadeira longe de mim, pois fora o último a surgir no cômodo e os lugares já estavam ocupados.