10. O Aviso?

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Mical


Estar de volta não estava me deixando apreensiva ou assustada. Não depois de ontem e das conversas com as garotas.


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Lembranças


— O Helmuth não irá se incomodar que estejamos sendo barulhentas? — perguntei sentada na poltrona do quarto de Tessa enquanto ela servia champanhe a Aneesa que acabara de chegar trazendo uma pizza.

— O Muth foi me representar numa reunião privada com a família Meretskov que normalmente as marcam fora do horário comercial para mais exigências paranoicas e supersticiosas. Não tenho paciência para aqueles tigres ciganos malucos. — Tess respondeu fazendo a Nee gargalhar ao se sentar na outra poltrona.

— Existem tigres ciganos? — fiquei surpresa, pois sabia que existiam apenas as descendentes irmãs e consortes Meriel dos chefes das duas casas azuis mais importantes daquele clã.

— São a segunda família importante de suplentes junto com os Malinovsky's no auxílio dos magistrados vermelhos. Um dos ancestrais deles teve uma consorte cigana e a partir disso todos os herdeiros desta casa foram criados como ciganos e dentro das tradições fiéis as raízes do grupo moldávio. E reza a lenda que a casa Welinsky nunca se meteu nos assuntos deles quanto as regras de consortes sequestradas, pois eles tinham o seu próprio sistema de atuações para isso. — explicou.

— O que com certeza também deveria incluir raptos e abusos, pois antes da reforma no clã vermelho apenas pouquíssimas famílias fingiam aceitar os acordos com as doutrinas dos Welinsky's insanos. — Tessa opinou.

— Eu sinto dor de cabeça quando penso que minhas ancestrais faziam parte disso. — lá estava eu pensando nas meninas.

— Nem você e tão pouco os filhos frutos desses abusos são os culpados pelos pecados daqueles malditos. Foi difícil para o meu marido entender isso, mas trabalhamos muito para que ele aceitasse que nem tudo está em nosso controle e que não podemos mudar o passado, mas sim transformar coisas infelizes em histórias de superações. — Aneesa comentou pensativa.

— Helmuth, Pavel e Helwin são homens que saíram do inferno, mas não perderam suas almas por passarem pelo fogo. — Tessa balançou a cabeça.

Era angustiante imaginar o quanto Helwin sofrera.

— Ele fez tanto por mim que se tivesse me dito, eu o teria compreendido ao invés de estar irritada com a sua falta de confiança em mim. — sabia que o perdoaria mesmo que ainda quisesse socá-lo.

— O Pav fez a mesma coisa comigo. Foram anos sendo tratada como uma irmãzinha mais nova e frágil que vivia ao redor dele. Eu fiquei uma fera quando descobri porque estivera apaixonada por ele toda a minha vida. — Aneesa disse sorridente ao citar o amigo do outro cabeçudo em um comportamento semelhante.

— O que fez para conseguir perdoá-lo?

— Eu pedi alguns dias longe dele para poder descansar o meu cérebro e ele quis relutar por teimosia, mas não o deixei vencer.

— Como conseguiu dobrar aquele juiz teimoso? — Tessa especulou.

— Uma brincadeirinha de tortura com o câmbio de marcha dele resolveu bem a minha petição e o senhor Pav foi muito condescendente em me dar espaço. Acreditem. Tigres viram massa de modelar quando tocados no lugarzinho certo e até hoje, eu tenho os meus truques. — respondeu me deixando confusa.

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