Luke ** MUKE (HIATUS)

20

Luke implorou pra que Michael chamasse Calum, o pobre anjo já não aguentava mais as vozes em sua cabeça, que retornavam no segundo em que Michael se afastava dele. Michael parecia seu escuto, o protegendo de todo o barulho e caos.

Calum chegou poucos minutos depois, fora o mais rápido que pode, se lembrava de como era quando seus sentimentos vinham a tona e na mesma hora suas barreiras desabavam, podia ouvir todo e qualquer pensamento, todos a sua volta, pensamentos felizes, tristes, o caos interno de cada um, alguns tão dolorosos que era capaz de lhe trazer uma angústia inigualável, já ouviu sobre anjos que surtaram ao não proteger sua mente das vozes.

- Michael eu preciso que fique longe. - Calum disse apreensivo caminhando até o quarto que Luke estava.

- Mas... - Michael tentou protestar com um olhar triste no rosto, mas fora interrompido pelo amigo.

- Eu não tenho tempo nem jeito de te explicar, mas se estiver por perto vai sentir toda a dor. - Michael não havia entendido, nem tentou na verdade, estava muito preocupado e confiava em Calum, então apenas se afastou o máximo que pode.

Um anjo não apenas sente os sentimentos de seu protegido, mas também compartilha das suas sensações com ele quando está sem o controle de todo o seu ser, quanto mais próximo, mais intenso.

- Luke. - Calum sentou na beira da cama, de frente para o anjo, segurando seu rosto entre suas mãos, as lágrimas escorriam sem parar, Luke tentava tirar as mãos de Calum de si, mas o moreno o segurava com firmeza. - Eu preciso que tente se concentrar ao máximo, preciso que olhe pra mim, nos meus olhos. - Calum disse com a voz baixa, o estimulando a se concentrar apenas em sua voz. - Você está indo bem, agora eu preciso que procure a minha voz. - Luke fechou seus olhos e segurou com força os braços de Calum, tendo a necessidade de se agarrar a algo, como se fosse se perder em meio a toda aquela dor e sofrimento.

- Eu estou aqui, sempre estive, eu preciso que se lembre. - a voz do moreno ecoava em sua cabeça, mais alta do que todas as outras. - Se lembra de quando me ensinou a controlar o que sinto? Eu já senti o que está sentindo. Preciso que se agarre a essa lembrança. - Luke se lembrava, se lembrava de um jovem anjo, chamado Calum, encolhido contra seu peito, berrando e se debatendo, completamente desesperado como se algo lhe rasgasse de dentro pra fora, se lembrou de fazer com ele exatamente o que o mesmo fazia consigo naquele momento, pedia pra que ele se concentrasse e o ouvisse. - Eu quero que sinta o meu toque. - Luke sentia as mãos ásperas de Calum em seu rosto, secando suas lágrimas na medida que a intensidade das mesmas ia diminuído.

As vozes cessaram, Luke apertou Calum em um abraço apertado em busca de qualquer sensação que fosse real. Calum prontamente retribui, afagando seu cabelo loiro.

- Como fez parar? - Luke perguntou, se sentindo exausto.

- Eu não fiz, apenas te guiei pra fora. Você pode ouvir o que quiser e quando quiser, mas precisa saber ter o controle. - Luke o encarou confuso.

- Eu não entendo. - murmurou.

- Tudo bem. Descanse, depois falamos sobre isso. - Luke assentiu, deitando na cama, se sentindo cada vez mais exausto, como se sua cabeça pesasse uma tonelada.

Calum suspirou também se sentindo exausto, isso é tudo o que tem a oferecer ao seu velho amigo, meras lembranças e nada mais.