DESTINY

XVII. O JOGO

Depois de dois dias internadas e um em observação, finalmente recebi alta e pude voltar para o conforto de minha casa, ao lado das pessoas que mais amo no mundo. Hoje já faz quase uma semana do sequestro, mas ainda há algumas lembranças que insistem em me assombrar, principalmente a preocupação e sensação de que algo pode acontecer conosco, inclusive com Eleven, a qualquer momento.

Apesar disso, até o princípio as coisas estão calmas. Sem telefonemas de pessoas com sotaques estranhos, sem pessoas suspeitas à surdina nos observando, tudo havia finalmente voltado aos eixos. Mas quer saber? A normalidade ultimamente andava me assustando. Exagero? Talvez. Precauções? Sempre.

Após a minha volta para casa, Jim gostaria de nos colocar a uma quase prisão domiciliar, nossas únicas paradas seriam a escola. É claro que nós protestamos ao máximo, mas tivemos de nos contentar com horários para toque de recolher e satisfações em dobro de onde íamos, com quem íamos e horário fixo (exatamente, f-i-x-o) para chegarmos em casa.

Steve foi praticamente o meu príncipe encantado; desde quando ele me encontrou no hospital e até agora, mesmo já estando de alta. As crianças passam em casa todos os dias para se certificarem de que estou bem, e tenho de confessar que isso faz meu coração se amolecer de carinho. O único que de certo modo evita me fazer uma visita em casa, é Billy, pois segundo ele, já basta de ter de aguentar a cara de Steve na escola, um segundo round, como ele diz, seria demais para a pouca paciência dele, mas apesar disso, sempre conversamos por telefone.

Nosso elo familiar cresceu mais do que eu pensei que poderia crescer, e estamos muito mais próximos agora. Apesar da minha experiência de sequestro não ter sido nada divertida ou interessante, a recompensa que ganhei é espetacular, e eu faria tudo novamente.

Hoje é o penúltimo sábado em meses letivos, ou seja... daqui duas semanas, encerraremos nosso ciclo na Hawkins Middle School. Nos formaremos e recomeçaremos a nossa vida em outro lugar... outra cidade, outra escola... aliás, faculdade. Não me inscrevi em nenhuma, acredite se quiser. Não me sinto preparada para sair de Hawkins novamente. Sinto que, no momento, meu lugar é aqui e estou em paz com a minha decisão, principalmente recebendo o apoio de papai.

Penúltimo sábado e último jogo da liga de basquete da escola. Steve e Billy estão escalados no time titular, e se eles vencerem esse campeonato, o troféu do ano será para a Middle School, ou seja, a pressão nos pobres coitados está gigante. Por um grande e maravilhoso milagre, papai permitiu a nossa ida ao jogo, toda a nossa turma de adolescentes (e crianças), estariam presentes.

Estávamos nos três, almoçando, quando a companhia toca e imediatamente caminho em direção à porta para atender.

- Ora, se não é o jogador mais lindo do planeta! – eu sorrio enquanto Steve corresponde meu sorriso e se aproxima para me beijar.

- O jogador com a namorada mais linda do planeta, eu diria. – nós entramos e eu fecho a porta. – Como você está?

- Perfeitamente bem e capaz de ir até o jogo e assistir meu namorado a ganhar o campeonato! – eu mantenho o sorriso – Já almoçou? – ele concorda com a cabeça.

- Sim, antes de sair de casa. Teremos um pré-treino antes do jogo, então só passei para lhe dizer oi. Estava com saudades – vejo-o ficar tímido e me aproximo enquanto entrelaço meus braços em seu pescoço.

- Também estava com saudades. – nós nos beijamos mais uma vez e ele relutantemente afasta nossos lábios.

- Tenho que ir – eu faço um biquinho em negação – não faça essa cara pra mim, sabe que não resisto.